Quem sou eu

quarta-feira, 18 de junho de 2025

A INSENSATA MORDAÇA

 

O SUPLÍCIO DE UM EXÍLIO


Uma crise se instalou.
Povo assustado!
Revolta estudantil.
Para mudar o país.


A força da caserna se apresentou.
Avistou-se um Castelo Branco nas nuvens negras.

Um caminho intolerante e obscuro.


Quebrou-se a caneta, destruiu-se o papel.
As amarras prenderam a boca.
Lenço forte, apertado!
Músculos oprimindo o pensamento.
A voz está muda.


O pranto desaba na face.
Molha o lenço e reforça as amarras.
Um suspiro sai das entranhas.
Um gemido preso pela dor.


Um Hino Nacional não cantado.
A vontade de gritar se faz presente.


O suplício da voz apaixonada.
Um pensamento patriótico acalenta o momento.

Uma viagem forçada para terras distantes.
“¡Abajo, abajo, abajo!”

A alma se purifica e acrescenta beleza.
O pranto foi embora.

O retorno foi consagrado,
ao berço esplêndido tão esperado.
Vem das profundezas da alma
uma palavra chamada Liberdade.

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terça-feira, 17 de junho de 2025

O RESGATE DA MEMÓRIA NA PRAÇA DA MATRIZ




JUNDIAÍ EM ÓLEO SOBRE TELA NA ÉPOCA
 DO BRASIL COLONIAL
AUTOR DESCONHECIDO

A tradicional Praça da Matriz, cujo nome oficial homenageia o governador Pedro de Toledo, abriga entre seus prédios uma majestosa e centenária igreja, hoje designada Catedral Diocesana da região. Nesse dia, o espaço irradiava alegria, repleto de visitantes entusiasmados pelo evento que ali acontecia: a 5ª edição do Arte na Praça.

Organizado por um grupo dedicado à valorização cultural, destacando-se as poetisas Valquíria Gesqui Malagoli, Renata Iacovino e Júlia Fernandes Heimann, o evento reunia amantes da arte e da literatura. E, entre os diversos momentos daquele encontro, estavam meus poemas estendidos em um varal literário, fazendo parte da programação Praça Viva, da qual tive a honra de participar.

Um agradável som vinha do palco montado diante da igreja, onde um conjunto musical deslumbrava o público com clássicos do sertanejo. A praça pulsava em criatividade: oficinas abertas permitiam que as pessoas moldassem esculturas em argila, inspiradas na arquitetura da catedral. Ver tanta gente interagindo com a cultura do município despertou em mim um profundo sentimento de pertencimento.

Sentado em um dos bancos, deixei-me levar pelas memórias daquele lugar tão marcante na minha juventude. A igreja sempre foi um ponto de encontro, onde eu assistia às missas dominicais e, logo após, participava da ciranda de jovens que seguia até a entrada do lendário Cine Ypiranga — hoje desaparecido. Ali, assistíamos a animações clássicas, como Tom e Jerry, e grandes produções cinematográficas em sessões concorridas.

Minha mente vagava. Recordei a icônica fonte luminosa no centro da praça, cuja beleza e magia encantavam visitantes. Com o tempo, tornou-se palco de comemorações espontâneas — formaturas, despedidas de soldados e até a celebração do título mundial de futebol de 1958. Entretanto, a euforia nem sempre terminava bem, pois a polícia frequentemente intervinha, conduzindo os mais exaltados ao famoso camburão “13”.

Os discursos dos políticos também marcaram épocas, muitos deles aparecendo apenas em busca de votos, esquecendo-se rapidamente das promessas feitas. E, claro, rememorei um dos momentos mais especiais da minha vida: meu casamento. Subir os degraus da igreja ao lado de minha esposa, Dijanira, foi um instante inesquecível que tornou aquele espaço ainda mais significativo para mim.

Por alguns instantes, fui completamente absorvido pelo passado. Entretanto, despertei quando minha esposa me mostrou meus poemas no varal literário. A emoção foi indescritível: era como receber o elogio de um pai ou professora. Ver um trabalho meu exposto publicamente, integrado a um evento tão belo, reacendeu em mim o amor pela escrita.

O encantamento daquele dia ainda se perpetua. Ao voltar para casa, fui surpreendido por uma notificação no meu notebook: um e-mail da poetisa Valquíria me enviava o certificado de participação no evento. Agora, providencio um quadro para exibi-lo em meu espaço literário, como uma lembrança viva desse momento memorável.

Que iniciativas como o Arte na Praça continuem florescendo, para que a cultura e os talentos da cidade sejam sempre celebrados e preservados.


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A FONTE DOS DESEJOS - FONTANA DI TREVI - ROMA - ITÁLIA


Fontana Seca, Emoção Transbordando:

Uma Romaria à Italiana

Roma é um daqueles lugares que se visita com os olhos, o coração — e o paladar. Em uma viagem marcada por descobertas deliciosas e surpresas inesperadas, um encontro inusitado com a Fontana di Trevi acabou se tornando o clímax de uma verdadeira romaria romana, recheada de charme, humor e muita história.

Uma noite encantadora e a promessa de um reencontro

Após um dia repleto de passeios pela magnífica Cidade Eterna, voltamos ao hotel e combinamos um jantar à italiana. O restaurante estava em clima de festa — um burburinho bom, contagiante, fazia da noite um espetáculo à parte.

Pedimos, como prima portata, uma massa envolta em aroma divino, que nos fez salivar antes mesmo do primeiro garfo. O sabor? Irretocável. Como só “aquela gente” sabe fazer. E para acompanhar, um vinho tinto piemontês, digno de louvores a Dionísio, o deus do vinho — que, aliás, parecia estar à mesa conosco.

Entre risadas e goles inspirados, fizemos planos: no dia seguinte, visitaríamos a Fontana di Trevi. Na viagem anterior, optamos por Nápoles, Pompeia e a Ilha de Capri — e a fonte ficou para depois.

Caminhos despretensiosos e a beleza dos encontros

Saímos como bons turistas: óculos escuros, mapa na mão, câmera pendurada no pescoço, e um italiano improvisado misturado ao inglês e ao português. O caos linguístico? Parte da diversão.

Pelas ruas, encontramos monumentos que tiravam o fôlego — entre eles, o majestoso Pantheon, cuja imponência parecia rir da passagem do tempo. Lá dentro, heróis italianos repousavam sob o olhar de mártires e deuses, enquanto fiéis rezavam com devoção tocante.

Saímos de alma leve e coração em transe: “Onde estamos?” — “Perto da Fontana, acho…” — “Ali, talvez?” — “Grazie!” E seguimos.

A Fontana estava... seca!

A movimentação aumentava. Vozes se misturavam em vários idiomas. Entramos na Via del Lavatore, por onde a tradição mandava passar. A fome apertava ao ver as cervejas nas mesas das calçadas — mas a ansiedade pela fonte falava mais alto.

E então… deparamos com ela. Mas algo estava errado. A Fontana estava seca! Dentro dela, homens limpavam o fundo e recolhiam moedas. Vozes indignadas ecoavam palavrões — em italiano, francês, inglês, espanhol. A decepção era global.

Rimos. Jogamos uma moeda argentina que estava misturada com os euros e brindamos à surpresa com uma boa cerveja ali por perto. Descobrimos, enfim, que toda segunda-feira é dia de manutenção e retirada das moedas. Cazzo! Pois é.

O retorno triunfal

No dia seguinte, tudo mudou. A Fontana di Trevi jorrava sua beleza em cascatas vibrantes. Os turistas se aglomeravam, as câmeras disparavam. Fizemos nossos pedidos — sempre pensando na família — e jogamos as moedas, agora em euros, como manda o ritual.



Ali, diante de Netuno e seu cortejo aquático, vimos Roma sorrir para nós. A Fontana enfim transbordava, mas nossa emoção já estava transbordando desde antes.

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segunda-feira, 16 de junho de 2025

A LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO


SOU GAÚCHO LÁ DOS CONFINS DA FRONTEIRA


As lendas do nosso Brasil são inúmeras e fascinantes, especialmente nas regiões mais afastadas do burburinho das grandes cidades. Vagueiam pelos rincões e pelas matas, onde vivem na voz dos contadores, que com imaginação fértil transportam mentes por céus, terras e mares, perpetuando saberes através da crendice popular.

Em uma viagem de férias ao Sul do Brasil, mais precisamente à charmosa cidade de Gramado, na Serra Gaúcha, vivi uma dessas experiências que parecem saídas de um livro — ou de um sonho. Naquela noite gelada, saímos de um concerto musical e, para aquecer a alma, decidimos tomar um chocolate quente. Fomos orientados por um local a caminhar até a famosa “Rua Coberta”.

Seguimos a pé. Logo percebemos a estrutura característica: telhas em arco formando uma cobertura sob a qual turistas se aconchegam em bistrôs e bares, embalados por apresentações culturais. Um grupo de jovens, trajando os trajes típicos da região, animava o ambiente com canções folclóricas. Ao lado, uma fogueira ardia lentamente, cercada por espetos com carnes suculentas — aroma inconfundível da paixão gaúcha pelo churrasco e pelo chimarrão.

Em um momento especial, o cantor — alegre e altivo, com botas altas e um cajado que mais parecia um bastão mágico — executou um sapateado vibrante sobre o tablado de madeira. Aplausos ressoaram. Depois, com sotaque carregado de chão e história, anunciou a próxima canção: “O Negrinho do Pastoreio”, uma lenda do sul que, segundo ele, jamais deveria ser esquecida.

A plateia, encantada, pediu que ele contasse mais. Com um brilho nos olhos, ele começou:

“Sou gaúcho lá dos confins da fronteira, terra de bugre bravo e de lenda forte…”

E contou. Contou que no tempo da escravidão, um senhor poderoso possuía uma tropa de cavalos que era seu orgulho e sustento. Seu filho — mimado, preguiçoso e cruel — não herdara o gosto pelo trabalho, mas herdara o capricho de judiar do mais fraco. E foi assim que o Negrinho do Pastoreio, esperto menino cativo, recebeu a ingrata tarefa de cuidar da tropa, liderada por um belo cavalo baio.

Certa vez, o filho do fazendeiro espantou os animais de propósito. O menino não conseguiu recuperá-los. Acusado e injustamente punido, foi levado às coxilhas à noite e, ao não reencontrar a tropa, foi brutalmente chicoteado e deixado nu sobre um formigueiro.

Três dias depois, o fazendeiro retornou e, para seu assombro, encontrou o menino ileso ao lado dos cavalos, protegido por Nossa Senhora. Nascia ali a lenda do Negrinho do Pastoreio — guardião dos animais e das coisas perdidas.

Naquele instante, a rua escureceu. As luzes apagaram-se. Levei a mão ao bolso e percebi a falta da minha carteira. Pedi uma vela ao garçom e a acendi, como manda a tradição. Senti então algo sob meu pé: a carteira! Teria sido milagre? Coincidência?

Foi quando um tropel de cavalo ecoou pela rua. Vimos surgir da escuridão o Negrinho montado em seu cavalo baio. As ferraduras faiscavam no asfalto. Ele parou diante de mim e disse:

“Pois é, senhor... encontrou sua carteira, né? Ouvi seu pedido. Vim mostrar minha força — para que continuem acreditando na lenda.”

“Obrigado”, respondi. “Mas... quem é você?”

“Faço parte do grupo de teatro que se apresentou na peça que vocês assistiram.”

E, montado em seu baio encantado, galopou rua afora, saudando os presentes e deixando para trás um rastro de emoção.

O churrasco foi servido. Peguei minha carteira — que estava no bolso, pronta para pagar a conta. Foi então que acordei.

Estava no hotel. Ao meu lado, sobre o criado-mudo, repousava um prospecto turístico: naquela noite, haveria uma peça teatral sobre lendas gaúchas, com passeio à Rua Coberta e chocolate quente.

Nossa cultura é feita desses mistérios. Os nomes variam, os sotaques mudam, mas as histórias sobrevivem, encantam e ensinam. São um tesouro que deve ser cultivado nas escolas, passado adiante — de geração em geração — para que não se percam no tempo.

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quarta-feira, 11 de junho de 2025

LÁGRIMAS E SONHOS: A JORNADA DOS EMIGRANTES ITALIANOS



O AROMA AMADEIRADO DO VINHO

A taça de vinho repousava sobre a mesa, enquanto a cadeira de balanço embalava meus devaneios. O aroma amadeirado do vinho se misturava à nostalgia que pairava no ar, enquanto Lágrimas Napolitanas tocava suavemente ao fundo. Cada acorde da canção parecia carregar o peso da saudade e da esperança dos que deixaram suas terras.

O porto de Nápoles foi palco de incontáveis despedidas. Ali, famílias se abraçavam uma última vez, trocando olhares repletos de incerteza e promessas sussurradas ao vento. Muitos embarcavam sem saber se voltariam a ver aqueles rostos familiares, enquanto a silhueta imponente do Vesúvio permanecia como guardião silencioso de suas memórias.

Minha mente vagava entre o passado e o presente, e por um instante, senti-me transportado ao cais, como se pudesse ouvir o murmúrio dos que partiram. Lembrei-me da minha própria passagem por ali, a caminho da Ilha de Capri. Naquela ocasião, fiquei ali, imóvel, imaginando as lágrimas que haviam se misturado à água do mar.

"Quantas nos custa lágrimas esta América..."
"A nós, Napolitanos!"

A dor da despedida não era apenas física, mas existencial. Meus avós paternos e maternos não eram napolitanos, mas vieram de Veneza e Treviso, enfrentando jornadas árduas com crianças ao colo e na barriga. Em meio ao medo e à incerteza, traziam consigo um único bem que não poderia ser confiscado: a esperança.

A Itália que deixavam ainda era fragmentada, composta por pequenos reinos governados por líderes guerreiros. Somente em 1860 veio a unificação política, e, com ela, novas possibilidades. Mas para muitos, a verdadeira oportunidade estava além-mar—nas terras férteis do Brasil, onde poderiam reconstruir suas vidas.

Seus esforços não foram em vão. A Itália tornou-se uma potência econômica, impulsionada pelo trabalho incansável daqueles que ficaram e dos que se espalharam pelo mundo. Meus antepassados, como tantos outros, contribuíram para esse legado, seja nas fábricas, nas plantações ou nas cidades que ajudaram a erguer.

Minha conexão com essa história nunca se apagou. Caminhei por Veneza com minha esposa, ambos emocionados ao pisar o solo dos nossos antepassados. Descobri, tempos depois, que um antigo castelo próximo à Praça de São Marcos pertenceu à família Vendramini—um legado que ainda aguarda minha visita, guardado pela história.

Cada viagem trouxe mais fragmentos desse passado, mas o tempo sempre foi implacável, impedindo-me de concluir algumas buscas. No entanto, esse vínculo nunca se rompeu, e por isso, escrevo.

Assim nasceu "A Última Visão de Um Caboclo", um livro que eternizará essas memórias, para que as vozes dos emigrantes jamais se percam no tempo.

💫

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segunda-feira, 9 de junho de 2025

MÃE TERRA E O SOL DA MEIA NOITE

Medo e Transformação

O meu poema que vem a seguir tem uma atmosfera poderosa, quase cinematográfica, onde o universo e a terra se entrelaçam em uma dança de criação, medo e transformação. Há uma melancolia envolvente e um ritmo que certamente carregará o leitor momentos grandiosos e impactantes.

 💞


Mãe Terra

O universo avança na escuridão sem fim,

cometas e planetas giram na eterna dança das galáxias.
A Via Láctea nasceu, cintilante,
e a Terra despertou azul, viva, pulsante.

Frutos do ventre cósmico,
sementes de vida e amor,
brotam em ciclos infinitos,
na eterna beleza da criação.

A madrugada é fria,
silenciosa, furtiva,
como a sombra que se impõe
na calada da noite.

Vozes roucas lamentam
os infortúnios da existência.
Momento mórbido,
súplicas e suspiros
dobrados ao vento
como açoite.

Explosão no céu—
um cometa mergulha na escuridão,
a visão se turva…
É o caminho do medo.

Coração dispara,
o frenesi das emoções se acende.
O sol da meia-noite rompe o véu,
a noite virou dia.

Passo trôpego na calçada,
ritmo desenfreado,
marcha alucinante,
rufar de tambores.

O mundo quase acabou.
O ontem já se foi.
O amanhã ainda não chegou.
Último capítulo de uma era,
escrito por mim.

👂

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MAIS UMA EXPERIÊNCIA EM MINHA VIDA PROFISSIONAL

 

O   CARCARÁ  ALADO

Trabalhando na área de recursos humanos de um grupo empresarial, mais especificamente na divisão de alimentos, fui designado para iniciar pesquisas destinadas a suprir uma fábrica recém-construída em Petrolina, Pernambuco.

Na época, nossa empresa se antecipou a outras que ainda estavam em fase de projeto para desenvolver o cultivo de tomates, visando a extração e fabricação de extrato, que seria enviado para a fábrica central em São Paulo. Como parte do planejamento, elaborei a introdução de um restaurante nas dependências da fábrica, a fim de oferecer alimentação adequada aos futuros trabalhadores—uma iniciativa inédita na região. Além disso, iniciei pesquisas para estabelecer convênios com farmácias e outros benefícios essenciais que seriam incorporados com o início das operações.

Minha estadia ocorreu em um hotel previamente pesquisado, onde também foram acomodados outros profissionais responsáveis pela montagem dos equipamentos para dar início às atividades da fábrica. Após semanas de trabalho intenso, retornei a São Paulo para apresentar à diretoria um relatório detalhado dos avanços realizados.

Uma viagem inesquecível

Minha viagem de retorno para São Paulo estava programada para cinco dias após a conclusão das pesquisas. Não querendo permanecer ocioso, explorei alternativas de voo e optei por uma conexão via Salvador, na Bahia, utilizando um pequeno avião modelo Bandeirante, de apenas nove lugares. A experiência foi desconcertante: o ruído ensurdecedor da aeronave impossibilitava conversas entre os poucos passageiros. Em certo momento, o avião começou a descer abruptamente, e, por um instante, temi o pior. Para minha surpresa, aterrissamos em uma estrada de terra, onde um homem esperava para entregar um malote ao copiloto, sem que o avião sequer parasse completamente. A aeronave realizou uma manobra brusca e decolou novamente, levando-me a um estado de tensão extrema. Após essa experiência, decidi nunca mais utilizar voos desse porte para viagens profissionais, optando sempre por aeronaves comerciais de grande porte saindo do Aeroporto de Petrolina.

Outro susto na volta


O PÁSSARO FERIDO

Após concluir a instalação de procedimentos de segurança em equipamentos recém-chegados, me preparei para retornar a São Paulo. No entanto, o avião da companhia aérea sofreu um atraso considerável e, ao chegar, apresentou movimentos incomuns durante a aterrissagem. Fomos então informados de que o voo havia sido cancelado devido a um vazamento de óleo. A companhia nos transferiu para hotéis, e fui hospedado em Juazeiro, na Bahia, após atravessar a ponte Getúlio Vargas, que divide os estados de Pernambuco e Bahia.

Mecânicos chegaram durante a noite para realizar os reparos necessários, e fomos comunicados na madrugada seguinte de que o avião estava pronto para decolar à tarde. De volta ao aeroporto, notei um ambiente incomum no saguão de embarque: algumas pessoas choravam, trajando roupas pretas, como se estivessem em um velório. Ao perguntar o motivo, fui informado de que havia um corpo a bordo, aguardando transporte desde o dia anterior. O voo se tornou ainda mais tenso, pois além da apreensão pelo problema mecânico, viajávamos com um falecido a bordo. Conversando com um passageiro ao meu lado, tentei descobrir quem era a pessoa, pois a presença de políticos no voo indicava que se tratava de alguém importante.

Após a aterrissagem em São Paulo, senti um enorme alívio por ter chegado em segurança. Essa experiência, apesar dos desafios, tornou-se mais um capítulo marcante da minha trajetória profissional.

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domingo, 8 de junho de 2025

OUTONO NO LESTE EUROPEU.


FOLHAS MORTAS

O outono chega como um sussurro do tempo, desfolhando os últimos resquícios do verão e preparando o mundo para o abraço frio do inverno. O ar se torna denso de nostalgia, e as folhas, amarelas como ouro envelhecido, tingem as paisagens com tonalidades crepusculares.

Da janela de um hotel, fui arrebatado por esse espetáculo, um privilégio raro que a natureza concede sem aviso. O vento carregava murmúrios antigos, histórias contadas pelo farfalhar das copas, enquanto a luz pálida do sol se espalhava como um véu dourado sobre a paisagem.

Com passos lentos e alma entregue, adentrei a alameda, onde plátanos imponentes desenhavam sombras alongadas sobre um chão coberto por seu próprio legado—folhas caídas, repousando como vestígios da estação que se despedia. O som do crepitar das folhas sob meus pés se misturava ao canto tristonho de um pássaro solitário, como um último adeus antes do silêncio do inverno.

Minha alma, embriagada pela beleza melancólica desse instante, encontrou refúgio entre árvores e folhas. A tarde límpida de outono sussurrava versos invisíveis, que se transformaram no poema abaixo.

Folhas Mortas

Agora repousam no solo,
Outrora verdes, vibrantes.
São páginas rasgadas do tempo,
Despedidas dançando ao vento.

O tempo foi cruel.
Como palavras esquecidas,
Amareladas entre as páginas,
Cansadas de esperar.

Antes, vigorantes,
Enfeitavam galhos e livros,
Paisagens delirantes,
Versos efervescentes.

Agora são memórias,
Colírio para os olhos,
O eco de uma estação
Que nunca volta igual.

💦

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Se hoje meus textos ressoam mais, se envolvem mais, se alcançam mais corações, é porque sigo me dedicando a aprimorar minha forma de contar histórias. E é essa jornada de aprendizado e aperfeiçoamento que desejo compartilhar com vocês!

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sexta-feira, 6 de junho de 2025

O EURO FALSO DE ROMA

Quando o Erro se Transforma em Euro

Roma amanhecia com uma luz dourada, e eu, ao lado da minha esposa, mal podia imaginar que nosso passeio seria marcado por uma reviravolta quase cômica. Ainda ressintindo o cansaço do voo noturno vindo de Tel-Aviv, nossa aventura na Cidade Eterna começava de maneira inesperada.

Em meio à correria matinal, chamamos um táxi para alcançarmos nosso grupo turístico, e o condutor, com seu inconfundível sotaque italiano, aliviava a tensão com histórias sobre Massa e a Ferrari. “Segunda-feira em Roma é assim mesmo”, afirmava com um sorriso despreocupado enquanto enfrentava o trânsito caótico. No término da corrida, paguei com uma nota de cem euros – um bilhete que, sem que soubéssemos, se transformaria na peça central dessa narrativa.

No ônibus turístico, já imerso em conversas e explicações em italiano e inglês, a atmosfera se harmonizava, até que o inesperado irrompeu. O mesmo taxista, agora em plena fúria, invadiu o veículo exibindo a nota como se ela guardasse um segredo sombrio:

"Brasiliano senza vergogna! Il denaro è falso!"

Num instante, todos os olhares se voltaram para nós. Entre constrangimento e incredulidade, desembolsei outras cédulas de menor valor para tentar apaziguar a situação, ainda que o taxista apontasse insistente para uma delegacia próxima, como se ali fosse imperiosa a justiça. E, ainda assim, o ônibus seguia firme em seu percurso, indiferente à confusão.

Segurando a nota acusada, uma dúvida inquietante pairou: será que todas as cédulas que guardávamos no cofre do hotel eram meras falsificações? A ideia de recorrer apenas ao cartão de crédito e aos caixas eletrônicos passou a ecoar em nossas mentes, enquanto o mistério se adensava na direção dos encantos do Vaticano.

Na segunda parada, ao nos aproximarmos do Vaticano, um ambulante vendia terços. Num gesto de fé e, talvez, busca por redenção, mostrei-lhe a nota em questão e perguntei:

"Este dinheiro é verdadeiro?"

Sem hesitar, o homem respondeu com convicção:

"Si, questo denaro è vero."

Por um breve momento, ao contemplar a grandiosidade da Praça de São Pedro com os seus santos altivos, pareceu que a própria Roma nos abençoava. Contudo, a dúvida permanecia até que, ainda sedentos por esclarecimentos, adentramos uma casa de câmbio. Lá, ao pedir a troca de outra nota de cem por duas de cinquenta, a atendente examinou a cédula, conectou-a a um aparelho e declarou:

"Si tratta di soldi veri; podem gastar tudo em Roma."

E naquele instante, a ironia se revelou de forma surpreendente: o que parecia ser um erro, a fonte de toda a nossa inquietação, era – de fato – o autêntico EURO. Assim, Roma nos ensinou que, por vezes, o imprevisto transforma incertezas em verdades inusitadas, conferindo à vida seu toque singular de magia e irreverência.

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quinta-feira, 5 de junho de 2025

O ARCO DA MEMÓRIA E A TRAVESSIA DO TEMPO


O  Tonella  e o  Saci Pererê

A manhã estava fria. Nuvens cinzentas pairavam no céu, carregadas de umidade, trazendo sobre minha casa uma garoa intermitente que acentuava o frio dos últimos dias. A água, tão escassa, agora escorria suavemente pelas ruas, alimentando a vegetação ressequida.

Pela vidraça, vi a rua deserta: portas fechadas, janelas trancadas, um silêncio que indicava o recolhimento das pessoas naquele domingo cinzento.

Não saí para comprar o tradicional jornal. Apanhei o da semana anterior e comecei a folheá-lo com mais atenção. Na página do obituário, um nome familiar saltou aos meus olhos: um homem que, há tempos, havia me encantado com uma bela lenda sobre o pássaro Uirapuru—símbolo de felicidade nos negócios e no amor.

Com aquele pensamento, coloquei lenha na lareira, acendi o fogo e me acomodei no sofá. As labaredas dançavam, soltando estalos, despertando memórias das histórias que meu avô, Tonella, costumava contar.

Foi então que percebi algo incomum: um fino rolo de fumaça, acumulado no alto da viga mestre, começou a formar um arco translúcido. Dentro dele, uma sombra tomou forma.

Meu coração acelerou. Aos poucos, a figura se definiu… Era Tonella, saindo das entranhas do tempo, trazendo seus inseparáveis apetrechos para enrolar seu cigarro de palha.

Ele pisou firme no chão e se acomodou na velha cadeira de balanço, onde, na infância, nos reuníamos ao seu redor para ouvir suas histórias.

Com a mente imersa na visão, lembrei do dia em que ele contou sobre o famoso Saci-Pererê. Ajustou-se na cadeira, pegou um punhado de fumo, enrolou-o na palha e acendeu. O cheiro se espalhou pelo ambiente, trazendo lembranças dos tempos em que ouvíamos seu relato, os olhos brilhando de encanto e medo.

— Olha, molecada, vou contar, mas não quero ninguém mijando nas calças!

— Não, “nonno”! Pode contar! Somos grandes!

De repente, outro estalo da lenha ecoou pela sala e, do arco enfumaçado, surgiu uma figura pequena e irrequieta: o próprio Saci! Pulando numa perna só, ele veio direto ao colo do Tonella.

— Seu moleque do inferno, de onde você saiu?

— “Vosmicê falô di eu, então vim qui pra mód’ocê num fala mintira!"

Tonella, conhecendo bem as artimanhas do Saci, advertiu:

— Nada de bagunça aqui! Só ouve!

— “Quá nada, véio lazarento! Gosto mermo é de vê ocê contá mentira! Agora, me dá um fumo pru meu cachimbo, pra sortá fumaça igual ocê!"

— Não! Já tem fumaça demais aqui!

Tonella arrancou-lhe o cachimbo, deu um puxão de orelha e o mandou ficar quieto.

Então, retomou a história:

— Molecada, o Saci gosta de aprontar! Esconde brinquedos, solta animais dos currais, derrama sal na cozinha e trança a crina dos cavalos! Não atravessa riachos. Dizem que pode ser capturado se preso num rosário de mato bento ou numa peneira. E, se alguém lhe tirar o capuz, pode conseguir um desejo!

Tonella olhou para o arco de fumaça e, de lá, surgiu meu pai, Vico. Ele estendeu a mão para o avô e ambos sumiram no túnel do tempo. O Saci, rápido como sempre, correu, pegou seu cachimbo do bolso do Tonella e desapareceu.

O som da campainha me trouxe de volta à realidade. Pela janela, vi minha família chegando: meu filho Alexandre, o neto Augusto, minha filha Erika e o marido, junto com o Lucas.

Antes que se acomodassem no tapete, olhei para o canto da sala. A cadeira de Tonella ainda balançava sozinha.

Sem hesitar, tomei o assento.

Era minha vez de contar histórias.

✍️ 

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quarta-feira, 4 de junho de 2025

O MENINO DA VIDRAÇA

Seu Pensamento vagava...

Mostro aqui, um mini-conto, carregando  um mistério sutil e que dá destaque à visão perturbadora de Mr. Anthony. O título provoca curiosidade e sugere a dualidade entre realidade e ilusão na mente do protagonista.

A sala de estar mergulhava em uma penumbra suave, iluminada apenas por um tímido feixe de luz que se infiltrava pela fresta da janela daquela imensa casa onde Mr. Anthony viveu seus últimos dias.

Era 22 de setembro de 2007. Sobre sua escrivaninha, uma agenda ostentava essa data como um lembrete do tempo que escapava. Seu pensamento vagava pelas paredes da memória, onde o passado se fazia presente em uma espetacular sucessão de nostalgias.

Nervoso, ele tentava ordenar o emaranhado de pensamentos furtivos que o assaltavam—arrependimentos, impulsos reprimidos e decisões nunca tomadas. Sonhos da juventude que a vida, por caminhos incertos, havia lhe arrancado sem piedade.

Mas agora já era tarde. O tempo lhe escapava, e suas ideias inquietantes o consumiam. Pegou a caneta e começou a escrever o que lhe veio à mente: uma relação de suas posses em forma de testamento. O fato de não ter herdeiros o atormentava.

Foi então que um ruído inesperado interrompeu sua concentração—uma pedra estilhaçava a vidraça. Lentamente, ele se levantou e abriu a cortina. Do lado de fora, um menino lhe acenava alegremente. Por um momento, Anthony permaneceu imóvel, observando-o com um olhar aturdido, até que, como num passe de mágica, o garoto desapareceu em meio às frondosas árvores que rodeavam o casarão.

Seria uma visão de sua mente perturbada? O desejo inconsciente de ter um filho para quem pudesse deixar sua herança?

Na mansão, um casal de empregados cuidava dos jardins e das tarefas domésticas, zelando pelo lar que agora se tornava um mausoléu de lembranças.

Anthony voltou para sua escrivaninha e fez sua última anotação às 17 horas. No dia seguinte, foi encontrado sem vida pela esposa do jardineiro, que há tempos se dedicava a atender seus últimos caprichos.

Com as mãos trêmulas, a mulher olhou para a agenda aberta sobre a mesa e viu anotações que não conseguia compreender. Estavam escritas em inglês, em caligrafia quase indecifrável. Apesar disso, uma revelação se destacava: deixava todos os seus pertences para aquele menino que acreditava ser seu filho.

Atônita, a mulher correu para chamar o marido. Ao encontrá-lo, exclamou:

— José, ele morreu! Deixou tudo escrito sobre a mesa!

O jardineiro, que entendia o idioma, leu atentamente o testamento até se deparar com a parte que os deixou perplexos: Anthony deixava seus bens para o filho do casal. Mas como poderia? Eles nunca tiveram filhos.

💢

Acredito que a escrita é uma arte em constante evolução, refinada pelo hábito, pela observação e, principalmente, pelo desejo de transmitir emoções e ideias de forma mais autêntica. O retorno de vocês, leitores, me motiva a buscar sempre o melhor.

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