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quinta-feira, 17 de abril de 2025

PANORAMA VISTO DA VARANDA


NÃO ESPERE UMA OCASIÃO ESPECIAL.

Hoje, há edifícios que tocam o céu e estradas que se estendem sem fim,
mas os temperamentos se tornaram pequenos e os pontos de vista, estreitos.

Gastamos mais, desfrutamos menos.
Construímos casas maiores, mas nossas famílias diminuíram.
Multiplicamos compromissos e reduzimos o tempo para o que realmente importa.
Temos mais remédios, mas menos saúde; mais conhecimento, mas menos sabedoria.

A tecnologia nos conecta, mas será que nos aproximamos?
A liberdade se amplia, mas os corações se sentem aprisionados.
Os supermercados estão cheios, mas as refeições são apressadas e sem alma.

Estamos na era das casas impecáveis, mas dos lares despedaçados.
Dos armários abarrotados, mas dos sorrisos escassos.

Por isso, não espere uma ocasião especial.
Cada dia que você vive é especial.

Sente-se na varanda e admire a paisagem, mesmo que o céu esteja nublado.
Deixe o vento bagunçar seus cabelos e o sol aquecer sua pele.
Abrace mais. Ria alto. Permita-se saborear o presente.

Não guarde seu melhor perfume—use-o quando tiver vontade.
Não adie aquela ligação, aquele café, aquela viagem.
Escreva aquela carta que nunca enviou.

Diga aos seus amigos, aos seus familiares, o quanto os ama.
Porque a vida não se mede em anos, mas em momentos.

E cada instante é único—e pode ser o último.

Clique no link - ( será remetido ao site  viagens mundo afora) 

domingo, 6 de abril de 2025

O ENCONTRO E AS MEMÓRIAS

 

O Encontro e as Memórias

A noitinha entrava pela janela como uma visitante discreta, anunciando o fim do dia. Os últimos raios de sol despediam-se lentamente, levando consigo um brilho suave que ainda percorria minha mente. Naquele instante, pensamentos inesperados começaram a surgir, trazendo consigo reflexões que há muito eu não fazia.

Foi então que um som repentino da campainha interrompeu minha divagação. Olhei pela janela e enxerguei uma figura encapotada, protegida contra o frio que já começava a tomar conta da noite. Havia algo familiar na postura daquela pessoa, e minha curiosidade cresceu. Decidi ir até o portão.

Ao encarar o visitante, demorei alguns segundos para reconhecer sua figura, agora marcada pelos anos. Mas, ao ouvir sua voz, as lembranças inundaram minha mente. Era o Chicão! Um misto de surpresa e nostalgia tomou conta de mim. Afinal, depois de tantos anos, ele havia reaparecido. O que o teria trazido até aqui? Não éramos mais os jovens de outrora, e o tempo havia feito seu trabalho, mas o brilho de nossas memórias ainda estava intacto.

Com poucas palavras, Chicão iniciou um mergulho no passado.

— Lembra dos tempos do ginásio? Formávamos o grupo "Os OITO". Ah, como éramos inseparáveis! Passávamos tardes na lanchonete do Seu DADA, dividindo um refrigerante e um misto-quente, porque nossas mesadas mal davam para mais que isso.

Suas palavras trouxeram à tona as noites que passávamos no centro da cidade, rindo, sonhando e planejando o futuro. A última vez que estivemos juntos naquele lugar foi para celebrar o fim dos estudos. Fizemos um pacto, recordou ele: nos reencontraríamos 50 anos depois, para abrir aquele envelope guardado dentro do lustre da lanchonete. Lá haviam registrado suas previsões para o futuro – expectativas que agora se tornaram um mistério esquecido pelo tempo.

— Investigando, descobri que apenas nós dois sobrevivemos — disse Chicão, sua voz carregada de melancolia. — Foi difícil localizar você, mas aqui estamos. E, agora, precisamos cumprir nosso pacto.

Concordei. No dia seguinte, partimos rumo à cidade que nos viu crescer. Ao chegarmos, porém, encontramos um cenário transformado. A lanchonete havia sido substituída por uma casa lotérica. O Seu DADA, segundo o novo proprietário, havia levado algumas relíquias consigo ao sair da cidade.

Não desanimamos. Depois de algum esforço, encontramos o idoso, que se lembrou vagamente do envelope.

— Está na minha gaveta — disse ele, com um olhar curioso. — Achei que alguém viria buscá-lo um dia.

Chicão, com mãos trêmulas, abriu o envelope. Mas o papel, amarelado e desgastado pelo tempo, não guardava mais as palavras que havíamos escrito. Não havia nada além de manchas e traços apagados.

Diante do papel vazio, o silêncio nos envolveu. As palavras se perderam, mas as memórias permaneceram. Chicão e eu começamos a refletir sobre o significado daquela busca.

O passado, por mais distante que esteja, não é apenas um arquivo de momentos vividos. É também um convite à introspecção. Revisitar memórias não é apenas reviver o que foi, mas entender o impacto que esses episódios tiveram em nós, moldando quem somos hoje.

E, ao mesmo tempo, fica a pergunta: vale a pena tentar capturar o passado, ou é mais sábio seguir em frente, deixando que ele viva no coração e nas lições que nos ensinou? Talvez, afinal, o real valor do pacto que fizemos não estivesse no conteúdo do envelope, mas no reencontro e na jornada que ele proporcionou.


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Toninho Vendramini Slides - Sergrasan



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