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terça-feira, 21 de maio de 2019

O TREM DO AMOR EM BANHARÃO E JAÚ


Hoje à tardinha, recebi a notícia do falecimento de meu primo Francisco Clóvis Martins, conhecido por toda família, pelo apelido “Nego”. Nesse momento, veio à minha mente, uma história contada por ele, em uma ocasião no velório de um parente. Era do tempo que namorava sua esposa Hilda, que residia lá no Banharão, distante da cidade de Jaú, uns oito quilômetros.

Para tanto, sempre fazia uma viagem de trem de sua cidade, para namorar lá no Banharão.

Foto da antiga Estação Banharão.

 Hoje não mais existe, demolida em 1986. 


Na estação de sua cidade, verificou que o trem de costume não podia partir porque estava quebrado, então, na ânsia de não faltar ao compromisso, perguntou se havia outro. Foi informado que sim, mas cujo destino era cidade de Jaú, (cidade que me viu nascer), e não pararia em Banharão.

Pensou com seus botões e tomou a decisão de ir, e depois, se viraria para chegar em Banharão sabe se lá como, mesmo sabendo que encontraria enormes dificuldades de voltar e não havia naquela época, outros meios de transporte. Pensou de imediato na preocupação da amada que estaria esperando-o na estação. Entrou em pânico e ficou em imensa agonia.

O querido "Nego" e sua esposa Hilda 
 em foto recente

A composição chegaria no Vilarejo, nos próximos minutos, sem pensar muito, saiu em desabalada corrida pelos corredores dos vagões, chegou até o condutor e contou o seu drama. O maquinista ficou com uma imensa pena, falou que pararia na estação, mas era para não contar nada a ninguém, sob pena de ser dispensado da companhia.

A composição então parou e só ele desceu e logo foi questionado pelo guarda-trem, dizendo:

- Como é que você conseguir descer aqui? Não é parada obrigatória, não está na programação, o que você fez? Então o Nego com a maior cara de pau, falou:

- Sou o presidente. O guarda deu um boa noite e falou:
- Vá com paz meu irmão.

É o que desejo ao meu caro primo,
já com imensa saudade do tocador de pandeiro em nossas animadas festas.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CINQUE TERRE




Ao findar, em Roma, uma viagem pelo Leste Europeu, partimos para Gênova, a fim de conhecermos, viajando de trem, algumas cidades da Riviera di Levante e também as famosas vilas medievais denominadas de Cinque Terre.
Ficamos baseados em um hotel próximo à estação ferroviária de Brignole para facilitar nossas locomoções. Dali, partíamos, em dias alternados, da estação Gênova Brignole, através da linha La Spezia. Levávamos uma hora e meia até o primeiro vilarejo, Monterosso al Mare; as demais distam- se uma da outra uns dez minutos.
Os lugares avistados durante a viagem foram magníficos. Não cansávamos de olhar as encostas, onde ficam os famosos vinhedos, cujas uvas dão um sabor especial aos vinhos, que saboreamos em todas as refeições, nos típicos restaurantes. O Bianco Sciacchetrà é uma preciosidade que acompanhou os pratos à base de frutos do mar, típicos da cozinha Ligure, o doce de limão e o melhor pesto genovês, servidos em mesa ao ar livre e sob uma tenda amplamente confortável, proporcionando, naquelas manhãs ensolaradas, uma visão espetacular do panorama.
As vilas ainda estão intactas, transformando-se em lugares pitorescos. É um cenário que levou um milênio para se construir e sua origem se perde no tempo: eram, inicialmente, cinco castelos fortificados, próximos entre si, em torno dos quais surgiram cinco aldeias, assentadas em minúsculas baías ou encravadas no alto de rochedos.
Todas são formadas por antigos predinhos coloridos e guardam preciosidades de sua história, sobretudo nas igrejas e castelos, tornando-as, nos últimos anos, um dos mais atraentes destinos turísticos italianos. Uma das atrações interessante é a ‘estrada do amor’ (Via dell’Amore) que tem sua história ligada à ferrovia Gênova – La Spezia. Era usada no início de 1900 para depositar o material utilizado na construção da galeria ferroviária entre Riomaggiore e Manarola.
O melhor modo de visitar Cinque Terre, após Monterosso al Mare, é a pé, percorrendo assim, o chamado “Sentido Azzurro” (cerca de cinco horas), conhecendo todos os vilarejos. Mas essa empreitada é para os jovens que vêm com apetrechos apropriados e calçados especiais, etc. Para nós, bastou percorrer quinze minutos e já nos sentamos no primeiro banco do caminho e ali ficamos apreciando a paisagem até o sol afundar-se no horizonte, fazendo com que o mar ficasse dourado.
 Fizemos, em outros dias, através do trem, a ligação com outras vilas, para não nos apressarmos na volta e ficarem sem conhecer lugares imperdíveis.
Monterosso al Mare: Dentre as aldeias é a que dispõe de melhor infraestrutura turística, com a vantagem de ter uma praia de verdade e um porto, ambos pequeninos. Nas suas ruazinhas, as casas são, às vezes, ligadas entre si por passagens nos andares superiores, com ares românticos das medievais vielas. Para conhecer melhor suas encostas, entramos em um micro-ônibus, dirigido por uma mulher que nos dava informações sobre o trajeto na montanha e pudemos apreciar uma colheita de azeitonas muito interessante: as pessoas colocavam uma manta sobre o chão e um moleque chacoalhava as árvores para que caíssem e fossem coletadas.
Vernazza: Fica em um vale estreito, por onde corre um rio do mesmo nome, num ponto bem abrigado, protegido por um castelo no alto de um promontório. De sua torre se tem uma excelente vista da região. É o principal porto dos vilarejos. Com seu labirinto de pequenas ruas, escadarias e passagens cobertas, foi, para nós, a mais graciosa. Ali, pudemos entrar em uma igreja gótica para agradecer por mais essa viagem. É a mais popular e quase tão bela quanto Portofino. Possui um ar majestoso e árvores cuidadosamente colocadas, que se alinham na beirada da praça do cais. Ao passar de um local para outro através de um túnel, ouvimos ecos de uma bela canção que vinha não sei de onde. Ao contemplar o final do túnel, enxergamos um pianista que tocava canções lindas em troca de alguns euros que as pessoas depositavam em seu chapéu colocado no chão.
Corniglia: Está a 100 metros acima do mar, é a mais antiga e tranquila das vilas e tem vistas espetaculares. É a única que não possui um ancoradouro; fica encravada no alto de um rochedo, no meio de vinhedos. Do alto, escuta-se o som abafado dos trens passando pelos túneis. Aproveitando a vista exuberante, paramos para almoçar ali.
Manarola: Este vilarejo fica sobre uma falésia à beira-mar e é acessível, a pé, a partir de Riomaggiore pela via dell’Amore. Está repleta de vinhedos em terraços, sobre as colinas acima da aldeia, de onde avistávamos os barcos de pesca que, após retornarem do alto mar, paravam nas ruas estreitas, uma vez que não tem ancoradouro natural e nem edificado pelo homem.
Riomaggiore: É um minúsculo povoado no fundo de uma baía apertada entre rochedos, com uma rua principal subindo a encosta. O melhor jeito de chegar ao povoado é por mar, mas há um acesso por terra a partir de La Spezia. De lá, há o caminho “via dell’Amore” até Manarola, que pode ser percorrido em aproximadamente meia hora, passando pelos rochedos perto do mar. Uma aventura que não nos propusemos a fazer.
Após concluirmos todas as vilas de Cinque Terre, ficamos imaginando que um dos desafios das autoridades é com o declínio de residentes, pois conta com uma população antiga que, aos poucos, está desaparecendo e, os jovens não têm apego à terra, buscando novas oportunidades em outras fronteiras, sendo necessário, nas épocas turísticas, importar mão de obra temporária de outras localidades. Penso que, com o correr do tempo, existe o perigo de se perderem as tradições culturais, como ir à missa diária em uma das igrejas góticas, de que já falamos. Foi bonito ver todas as janelas com uma rosa desenhada, indicando um símbolo de prosperidade. Uma das culturas desse agrupamento de vilas é falar sobre vinhos e também degustá-los, o que fizemos nos terraços naturais cultivados, após uma pequena lição de um fabricante sobre o cultivo da uva.

Após concluirmos as visitas em todas as vilas de Cinque Terre, programamos mais dois lugares famosíssimos, sempre efetuando o percurso de ida e volta de trem.

Santa Margherita Ligure: É bastante glamorosa, diferente das pequenas vilas sossegadas de Cinque Terra.
Faz parte da região da província de Gênova, com cerca de 10.000 habitantes. Possui uma atmosfera animada, o que comprovamos em um dos bares onde tomamos um belo cappuccino e também em um restaurante onde fizemos uma pausa para um almoço, no ‘ristorante Antonio’. Possui lugarejos tranquilos exibindo uma estupenda praça com monumentos típicos aos descobrimentos. Sua orla é maravilhosa, mostrando magnificas casas de veraneio em suas encostas. Serve, para os turistas, como uma base para alcançar Portofino.
Após um breve descanso partimos para Portofino. Há apenas uma estrada que fica na ponta sul do triângulo. A viagem entre as duas cidades foi feita de ônibus e levou cerca de quinze minutos.
O PROMONTÓRIO PORTOFINO  
Esse pedaço de costa com apenas 530 habitantes compõe um triângulo que divide o Golfo Paradiso e o Tigullio. Na década de 1950, foi o lugar preferido das estrelas do cinema e as vilas onde permaneciam ainda têm um charme sofisticado, trazido pelo pessoal de Gênova que vem fazer turismo e contemplar o lindíssimo mar e sua posição geográfica. Após um breve reconhecimento do local, fomos caminhando até o pequeno cais onde está a maioria dos restaurantes. Sentamo-nos em um banco perto da igreja e, virados para o Golfo Paradiso, observamos o vai e vem de alguns poucos turistas que se aventuravam a comprar produtos nas lojas.
Caminhamos mais um pouco e, no final do cais, voltamos nossas vistas para o Mosteiro de San Fruttuoso; é o resquício mais antigo do império beneditino que administrava as igrejas do triângulo e ficou encravado na costa. O local só é acessível de barco ou a pé.
Voltamos já no período da tarde, de ônibus, pela mesma estrada, rumo a Santa Margherita. De lá, apreciamos mais uma vez a orla, enquanto aguardávamos o trem que nos levou para Gênova onde estávamos sediados, terminando assim, esses belos passeios pela Riviera Ligure, quase todo montanhoso, caindo abruptamente sobre o mar.




segunda-feira, 23 de maio de 2011

A LOCOMOTIVA DO TEMPO


A LOCOMOTIVA DO TEMPO



Como em um passe de mágica, desprendeu-se de seu passado. Toda imponente e barulhenta surgiu na curva do tempo, o som aturdido e abafado espantando algumas aves que permaneciam na beira da estrada, e para impressionar ainda mais, soltou um apito estridente anunciando a chegada na estação da recordação.

Tudo isso vinha acompanhado de uma fumaça um pouco enegrecida que saia pela chaminé como se fosse um imenso rolo, resultado do esforço descomunal de seu corpo que se apresentava como uma fornalha incandescente, produzindo vapor para alavancar as rodas e movimentar aqueles vagões pelas cidades e sertões em busca do relacionamento entre as pessoas e o progresso produtivo que transportava.

O maquinista e o seu ajudante com o tradicional uniforme sujo de graxa e óleo observavam os manômetros e outros medidores de pressão, que ficavam espalhados sobre a caldeira e, através do buraco de entrada do combustível, o ajudante ia jogando pequenas toras de lenha na fornalha, para saciar a sede e a fome da imensa maquina obcecada na produção do vapor.


Tudo isso remete ao meu tempo de menino, quando na estação de trem da velha Banharão,(hoje não existe mais), tive a oportunidade de ver uma composição capitaneada por uma Maria-Fumaça, ainda operando naquela época, transportando gado naqueles vagões fedorentos, mais bonito de se ver.

Esse passado jamais se apagará de minha memória, eram as férias que passávamos na fazenda de café do meu avô Giuseppe, situada na cidade de Jaú, onde nasci. Essa época, não muito distante, foi extremamente nostálgica para mim, fez-me divagar e caminhar um pouco pelas estradas de ferro.

 Esse tipo de transporte, trouxe muitos acontecimentos importantes da nossa historia, ajudando a colocar o nosso glorioso Estado de São Paulo, como um dos pioneiros dessa imensa nação.

Assim sendo, durante muitos anos, São Paulo foi forte por causa do café, e chegou onde está porque as ferrovias foram projetadas e baseadas nesse produto, onde até hoje, o Brasil é um dos grandes produtores.

Não poderia deixar de mencionar também o transporte de outros materiais e de passageiros, importantíssimo como fator de colonização e oportunidade para que as pessoas pudessem viajar de um ponto a outro, trazendo novos horizontes, de forma a aumentar suas oportunidades de melhoria de vida, baseadas nos interesses dos barões do café.

Após o declínio dessa cultura, a modernização das ferrovias ficou para trás e, aliada ao custo de manutenção, deu lugar a indústria automobilística que levou a degradação muito rápida, o que é uma pena.

Hoje o Brasil está “montado sobre quatro rodas”, e as estradas de ferro foram totalmente extintas e encontram-se sucateadas em galpões e algumas peças nos museus especializados, como em Jundiaí, na antiga Companhia Paulista.

Para não esquecer esse passado, recordo-me da antiga estação de Jundiaí, de onde partíamos para aquelas férias maravilhosas, e ficávamos “arranchados” no casarão dos meus avôs maternos Giuseppe e Domingas, na velha Banharão, distrito da cidade de Jaú, (oh! quantas saudades).

Para escrever essa crônica, estive na estação de Jundiaí, em busca de uma foto para ilustrar a matéria e o que encontrei, foi apenas uma locomotiva da antiga Sorocabana que não me entusiasmou. O que eu vi foi muita desolação, sendo hoje utilizada apenas para um trem de subúrbio que faz a cidade de Jundiaí até arrabaldes de São Paulo.

Para enaltecer esse passado glorioso, busquei nos arquivos do museu ferroviário, alguma citação sobre a história da Cia Paulista e a estação de Jundiaí e, pude anotar algumas que transcrevo aqui:

A linha - tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho, até Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro, em 1876 e depois continuou com a aquisição da E.F. Rio-Clarense, em 1892. Prosseguiu com sua linha, depois de expandi-la para a bitola larga, até São Carlos em 1922 e Rincão em 1928.

Com a compra da seção leste da São Paulo-Goiaz em 1927, expandiu a bitola larga por suas linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Colômbia, e cruzando-o de volta até Bebedouro em 1929, chegando finalmente, no Rio Grande em 1930, onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar a linha, e tudo se acabou...

Os últimos trens trafegaram pela linha até março de 2001, apenas no trecho Campinas-Araraquara.

Com relação à estação, foi inaugurada em 1898, aproveitando um prédio já existente no local, que ficava no final dos terrenos das oficinas da ferrovia, hoje ao lado de um dos viadutos (Ponte São João). 


Para lembrar ainda mais esse período, recordo-me agora de dois passeios efetuados através de um comboio, carreados por Maria-Fumaça, que são denominados turísticos, encantando os passageiros até nos dias de hoje, esbanjando muita categoria. O Primeiro foi partindo da estação de Anhumas até Jaguariúna, que nos tempos antigos era o caminho percorrido pelos Bandeirantes, tropeiros e boiadeiros, rumo a Goiás e Mato Grosso.

Para não fugir a regra, esse ramal ferroviário, floresceu com os engenhos de cana açúcar e, depois, das enormes plantações de café.

Foi um dia maravilhoso, com muitos componentes da família e amigos dirigindo-se em um microônibus para a estação, onde o mano Luizinho nos aguardava com a Geralda, para iniciarmos a maravilhosa viagem naquele comboio até a cidade de Jaguariúna, culminando com um almoço espetacular no chamado “Bar da praia.”

Pude ver e sentir com emoção, a velha Maria-Fumaça expelindo fogo e brasas pela chaminé que caiam sobre os vagões que acompanhavam a paisagem em uma marcha lenta, mas muito elegante, enquanto ao meu lado um guia da viagem ia contando fatos daquela época.

O pensamento naquele momento foi transportado para a fundação da cidade, onde por de trás de tudo havia sempre um coronel, no caso em questão foi o Amâncio Bueno (primo de Campos Salles, que foi presidente da Republica), que cedeu o terreno para construir a estação em suas terras, atualmente Fazenda Serrinha.

Outro passeio não menos espetacular, foi com minha esposa Dijanira La pelas bandas do Rio Grande do Sul, mais precisamente no trecho que vai de Bento Gonçalves a Carlos Barbosa, passando por Garibaldi.

Esse trecho foi recuperado, incluindo toda a composição em especial a velha Maria Fumaça, que estava abandonada como uma sucata ferroviária; faz o trajeto referenciado, de 23 km, com uma velocidade de 30 km, em uma hora e trinta minutos.

O passeio é todo animado por músicos e artistas, teve muita degustação de vinho e champagne (na parada em Garibaldi), alem de corais Italianos.

Muitos turistas fazem essa viagem. A Maria Fumaça da Serra Gaúcha é o maior sucesso ferroviário de um país que não anda mais nos trilhos!     

OS MESTRES DA SABEDORIA E COMPAIXÃO

Mahatma Gandhi foi um reconhecido ativista indiano que lutou durante as décadas de 1920 a 1940 pelo fim do regime colonial inglês e pela ind...