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segunda-feira, 14 de julho de 2025

ENTRE FIOS E MEMÓRIAS

Há lembranças que não apenas resistem ao tempo, mas o transcendem — guardadas em cantos esquecidos, costuradas por afetos e reencontradas entre quinquilharias e silêncios. Neste texto, convido você a embarcar numa viagem por memórias que repousam no banco traseiro de um antigo Ford Bigode, sob o cuidado de um embornal que carrega histórias, sons e imagens de uma época que moldou tantas vidas. É uma celebração daquilo que é imutável, mesmo quando o tempo insiste em passar.


Ao assistir a um noticiário televisivo que conclamava o público a prestigiar a inauguração de um museu de carros antigos, minha mente começou a divagar por caminhos ainda não explorados. Entrei numa máquina do tempo, guiado pelas trilhas da memória, entre cenários que misturavam, por acaso, uma obra divina com personagens de ficção e realidade. Pensei no que é eterno — e na inevitável passagem do tempo.

Na antiga garagem da família, onde repousavam itens em desuso, encontrei uma verdadeira relíquia: o imponente e valente Ford Bigode que pertencera ao meu avô Tonella. Ali, entre quinquilharias amontoadas, ele descansava sob um encerado ornamentado por teias de aranha. Retirei a cobertura e, ao observar seu interior com atenção, recordei um dia da infância em que, sob a repreensão dos meus pais, escondi no banco traseiro pequenas relíquias tão características dos meninos daquela época. Perguntei-me, com inquietude, se ainda estariam lá.

Aproximei-me da junção entre o banco de couro e o encosto. Com cautela, enfiei a mão, apalpando o espaço até sentir aquele tesouro guardado — ainda lá, protegido pelo querido embornal.

Explorando seu interior, ouvi o farfalhar dos papéis. Trouxe-os à luz do tempo e, com a alegria de menino, contemplei aquelas preciosidades. No primeiro pacote, amarrado com barbante, havia figurinhas de jogadores de futebol. O destaque era Baltazar, herói corintiano do Campeonato Paulista do IV Centenário, cuja figurinha carimbada era um verdadeiro luxo, raríssima. No segundo pacote, imagens de artistas de cinema: primeiro, Frank Sinatra, o “olhos azuis” da célebre canção My Way. Depois, Marilyn Monroe, a musa encantadora que habitava os sonhos inenarráveis da juventude daquela era.

Enquanto limpava o embornal, lembrei-me com ternura de sua origem: havia sido costurado pelas mãos hábeis de minha mãe, feito de retalhos mágicos, pois ela era uma costureira excepcional.

Foram lembranças de um tempo que não volta mais. E assim, entre fios e memórias, vamos tecendo as cores da nossa vida.

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

A LEMBRANÇA DE UM AMIGO

A  LEMBRANÇA  DE  UM AMIGO

Páginas Amareladas

Remexendo os guardados do tempo,
encontrei um livro que dormia em silêncio,
seus versos respirando na poeira dos anos.

Na contracapa, uma caligrafia antiga,
uma dedicatória como um sussurro preso ao papel:

"À Dijanira, para que, junto com a sensibilidade do meu amigo Vendramini, possa caminhar pela estrada da minha poesia."

Afonso Celso Calicchio, outubro de 1982.

Ele, poeta e crítico, navegava mares de letras,
trilhava caminhos na Rádio Bandeirantes,
falava de escritores como quem desenha constelações.

E na política, um estrategista de sonhos,
tecendo destinos no Palácio dos Bandeirantes,
até que nossas vidas se cruzaram.

Eu trabalhava na área de Recursos Humanos
de uma grande empresa do setor alimentício,
quando um dos donos decidiu lançar sua candidatura, na área política.

Fui convocado para ajudá-lo,
mergulhando, sem perceber, em um novo universo,
o intricado jogo das alianças e dos interesses políticos.

Onze meses de estrada,

onde fiz de tudo um pouco:
santinhos impressos, camisas distribuídas,
discursos ensaiados e promessas guardadas no vento.
Ao final, o Empresário, ficou à margem—um suplente,
um nome na sombra do poder.

E eu voltei ao meu posto,
mais experiente, mais calejado,
com lições que só o tempo ensina.

Mas hoje, ao tocar estas páginas amareladas,
não é a política que me emociona,
não são as estratégias, os encontros, as campanhas.

É a poesia.

Pois foi por ela que encontrei minha esposa,
por versos perdidos que nos enamoramos,
pelas palavras que seguimos lado a lado,
criando filhos, saudando netos,
escrevendo nossa própria história.

Hoje espalho minhas crônicas pelo mundo,
na esperança de que alguém, em algum lugar,
remexa seus guardados e encontre nelas
um pedaço da sua própria memória.

E ao querido Calicchio, onde quer que esteja,
envio este abraço feito de palavras,
de saudade, de gratidão, de poesia.

Antonio Vendramini Neto

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