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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

UM CONTO ABORDANDO O FINAL DO REINADO DO PAPA JOÃO PAULO II

UM CONTO ABORDANDO O FINAL DO REINADO DE JOÃO PAULO II


Essa narração não é bem a trajetória real dos acontecimentos... Na minha visão de escritor, a imaginação campeia solta em busca de um bom motivo para escrever uma crônica ou um conto, mas o fato da morte desse grande estadista foi verdadeiro. Estou falando do Papa João Paulo II, nascido Karol Jozef Wojtyla.

O seu longo reinado estava chegando ao fim. Sua morte se aproximava rapidamente. Aquele homem, já considerado pela humanidade como um santo, necessitava contar o segredo que guardou por tanto tempo. O povo, reunido em orações na monumental praça rodeada por  estátuas de santos, aguardava, em silêncio, o momento final.

Ele já enxergava a alma em levitação, querendo deixar o corpo terreno. Sua luta neste mundo foi produto de uma jornada de muita compreensão e perseverança entre os homens do povo e os Chefes de Estado com quem se reuniu inúmeras vezes, na busca incansável pela paz entre os seres humanos providos de bons pensamentos.

Sentia uma emoção incontrolável em razão da doença e do avanço da idade, mas tinha que revelar o que guardou por muito tempo. Imaginou como seriam os esforços de seu confessor para realizar a difícil tarefa da revelação, em razão de um mundo atormentado onde as religiões andam de olhos vendados, ignorando as vidas perdidas em guerras políticas e insanas dos fanáticos.

Em sua cabeceira encontravam-se seus assessores diretos, alguns em fervorosas orações, outros já providenciando o protocolo para os dias que se seguiriam ao seu funeral. Ele estava ali, inerte, e sem forças nos intramuros de seu reduto religioso.

Na porta de seus aposentos estavam seus soldados, com uniformes bufantes e coloridos desenhados por Michelangelo, com a arma medieval, a alabarda, uma espécie de lança com uma placa de metal em forma de meia-lua na ponta. São os tradicionais guardas suíços que fazem a proteção pessoal do Sumo Pontífice, no imenso palácio, há mais de quinhentos anos.

Na parede da minha memória sobrou uma lembrança e, em forma de “momentos do passado”, voltei a esse local, onde, com a minha esposa, assistimos a uma missa campal, com ele presidindo os sacerdotes nos procedimentos religiosos, embaixo de chuva e, mesmo assim, os fiéis permaneciam naquele solo sagrado. 

Ao fundo, enxergávamos a Basílica, erguida no mesmo local onde Simão Pedro, o primeiro Papa, havia sido crucificado no ano 67 d.C.. Foi daí que a Cidade do Vaticano começou a surgir, em 313, com a conversão do Imperador Romano Constantino ao cristianismo.

Foi a primeira grande aliança política da Igreja, que, a um só tempo, livrou-se das perseguições e pôde construir a Basílica de São Pedro com ajuda oficial.

A história da instituição religiosa, uma invejável trajetória de sobrevivência e expansão ao longo dos séculos, seguiu a lógica de qualquer país ou governo em busca do poder.
Nas vezes em que lá estive, consegui arrebanhar muitas informações, por ser um assunto de que gosto muito. Soube que, com apenas mil habitantes fixos, esse pequeno grande país, que é a cidade do Vaticano, realiza o milagre de falar em nome de mais de um bilhão de católicos, rebanho formado por uma em cada cinco pessoas da população mundial.

Chefiado pelo Papa, soberano com poderes absolutos, o Vaticano é uma inusitada monarquia em que o trono não é transmitido por herança, mas disputado no voto, em eleições quase sempre dramáticas, das quais os Cardeais, e só eles, participam na dupla condição de eleitores e candidatos.

Esse é o foco desse conto, com personagens reais e fatos imaginários, que abordarei daqui em diante. O enriquecimento do assunto se fez presente nas visitas internas que fizemos aos museus e outras dependências, culminando na Capela Sistina, que, além de ser um local de peregrinação, é onde se conhece um novo Papa, após os funerais do antecessor. Assim, vislumbrei um dia escrever sobre o assunto em forma de ficção, obra da fértil imaginação de quem começa a escrever.

Antes de seu suspiro final, João Paulo II mexe a cabeça para o lado esquerdo de sua cama onde, sobre um móvel centenário, havia uma antiga bíblia. Olhando firmemente, fez um sinal com os olhos ao assessor direto, o cardeal Joseph Ratzinger.

Este, sabendo e conhecendo todos os seus gestos transmitidos ao longo do secretariado, entendeu o recado e se aproximou com delicadeza e suavidade.

Apontou para a bíblia que continha um crucifixo separando algumas anotações feitas dias antes. Conversaram em voz praticamente inaudível, aos sussurros e lágrimas; ninguém se aproximou, compreendendo o colóquio religioso daquelas duas criaturas que se entenderam perfeitamente durante os longos anos de cumprimento do dever em nome de Jesus Cristo e Deus nosso Senhor.

Criou-se e instalou-se ali, O Peso de Um Segredo e o Limiar de Uma Nova Era.

Quase sem forças para andar tamanha era a carga que lhe pesava sobre os ombros, sentiu um baque profundo, empalideceu, suas pernas tremeram, sua voz recolheu-se em estado de profunda emoção e não conseguiu proferir uma só palavra aos demais presentes. Viu seu mentor partir, ajoelhou-se em grande respeito e recolheu-se em meditação na capela Sistina, fitando o painel do Juízo Final, de Michelangelo.

Olhando aquela magnífica obra de arte no teto da capela, bailou, em sua mente, a disposição que lhe pesou quando da revelação de João Paulo II, entregando-lhe a missão e a dificuldade que teria que desempenhar para a realização.

Imaginou que se fosse eleito Papa, deveria se espelhar no “drama” que viveu Miguelangelo com o Papa Julius II, transformando aquela empreitada em “agonia e êxtase” e pôde retratar, em um grande afresco, as pinturas na abóboda da capela.

Com esse pensamento, continuou em meditação, pediu ajuda celestial aos céus e desenvolveu um plano que começou arquitetar mentalmente. Não tinha muito tempo, pois, logo em seguida, vieram ao seu encalço, os representantes da sucessão, informando-lhe que, a partir daquele momento, se tornaria o “camerlengo’, figura que toma as rédeas da igreja até a eleição de um novo papa”. 

Essa condição foi uma das revelações; João Paulo já havia recomendado aos agentes da sucessão quem seria o camerlengo, fato que o ajudaria a se desincumbir da missão, pois ele seria o condutor da sucessão que aconteceria, na capela sistina, nos próximos dias após as solenidades do funeral.

La fora, na praça, o povo entoava canções de louvores ao seu belo reinado de vinte e seis anos; ao término, ecoavam as palavras na língua italiana, “Santo Súbito”.

Passadas todas as emoções do sepultamento, os cardeais de todo o mundo, que vieram para o funeral, começaram a se reunir na capela, sob a direção de Ratzinger, seus assistentes e a cúpula sucessória composta de cardeais com menos de oitenta anos.

Após vários dias de reuniões pela manhã, tarde e noite, o povo reunido na praça viu, finalmente, a fumaça branca sair pela chaminé da Capela. Antes, o que se viu durante dias foi a fumaça preta, informando que ainda não havia nenhuma decisão, mas, na manhã do quinto dia, saiu o veredicto; o representante da sucessão informou, da janela dos aposentos papal, a frase esperada por todo o mundo, uma vez que o evento estava sendo transmitido ao vivo por todos os meios de comunicação: “Habemus Papam!”.

O Cardeal Ratzinger tornou-se Bento XVI. Após alguns minutos, Sua Santidade chegou à janela, debruçou sobre a imensa toalha vermelha que forrava o local, aproximou-se dos microfones e disse: “Espero não me atrapalhar com a língua italiana, pois a emoção de conduzir esse enorme rebanho é muita”. Vou trabalhar como o meu antecessor, o querido João Paulo II.

Recolheu-se para seus aposentos e pediu, em baixa voz, ao seu camareiro que chamasse o Papa Ângelus Nero I. Como? Alguns dos seus íntimos assessores estranharam o fato. Mas o certo é que, na Capela Sistina, foram eleitos dois papas, dentro de muito mistério e segredo.

Começava a ser cumprida, pelas mãos da igreja católica e do novo Papa, a revelação do segredo informado ao então cardeal Ratzinger, por João Paulo II.

Como poderia ser a Igreja católica conduzida por dois Papas? O que se discutiu e foi acertado durante aqueles dias de reuniões e conferências dentro da capela foi o seguinte:

- O papa Bento XVI deveria e foi eleito o novo Papa, uma vez que era o sucessor natural de João Paulo II.

- O papa Ângelus Nero I (anjo negro), depois de conversar longamente com Bento XVI, despojou-se de suas vestes sacerdotais, travestiu-se de homem comum do povo e, já falando uma linguagem universal, saiu pelos subterrâneos do Vaticano, tomando rumo ignorado, com a missão de evangelizar os povos de todo o mundo para uma única religião.

Após anos de peregrinação pelo mundo, voltou ao Vaticano e ficou sendo o assessor direto de Bento XVI, sendo que, após a sua morte, será conduzido pelas mãos de representantes de todos os governos ao centro de um poder único, como Nações Amigas e Unidas, estabelecendo, finalmente, a paz no mundo.

E assim, o último Papa católico e o primeiro da raça negra transformar-se-ão em arautos da paz mundial, como símbolo de esperança de um mundo melhor.

Em seu discurso, falará daquela janela para o mundo em um único idioma; “Povos de todas as raças, hoje começa uma nova era: é o ano “I”; sem um Papa para conduzi-los, o mundo falará um único idioma e haverá somente uma religião para os povos de boa vontade”.



quinta-feira, 9 de junho de 2016

FANTASMAS DA ABADIA


sábado, 5 de dezembro de 2015

FALA-MOÇO

FALA-MOÇO

Amanheceu um banco vazio naquela praça de muito movimento defronte à Catedral da cidade, mostrando aos personagens daquela época, uma ausência de uma figura floclórica que fazia do trabalho de engraxate o seu meio de vida. Destacava-se dos demais por ser o mais velho e da raça negra. Tinha um “bordão” que os outros não ousavam imitar. Era sua característica; sentado no banco tendo à frente a caixa de ferramentas de trabalho, jogava no ar sua frase famosa quando passava alguém trajado de terno e com bonitos sapatos de couro. Apontava com o dedo indicador da mão direita para os sapatos e dizia: FALA MOÇO! Era o seu modo de oferecer os seus serviços aos que topavam perder alguns minutos para lustrar os sapatos, sim, porque naquela época ainda se usavam, hoje caiu de moda, na praça só passam pessoas que ostentam belos tênis e para eles não existem graxa.

Foi com essa modificação dos novos tempos, que os engraxates sumiram da praça e perderam lugar para os “marreteiros” que vendem suas bugigangas sem nenhum alarde, ficam silenciosos esperando o freguês parar e começar a bisbilhotar suas mercadorias de segunda, terceira e até de quinta categoria.

O FALA MOÇO não existe mais, ficou um banco vazio na praça, não ouviremos mais suas gargalhadas e os sambas-de-breque do Germano Matias (antigo cantor) que imitava enquanto engraxava, fazendo um “batuque” com o pano no calçado do freguês. Quando terminava o serviço, levantava e fazia um rodopio agradecendo uma gorjeta que era oferecida pela sua simpatia e o belo “lustro”

Testemunha dos anos, de lá do banco quando não tinha “serviço” ficava com o olhar disperso parecendo atravessar as paredes da memória e do tempo, buscava coisas que não podia enxergar. Ia além delas. Atravessava ruas, cidades e oceanos, até tornar-se um menino de alguma cidade, pois sempre agradecia ao Prefeito, por permitir que trabalhasse vindo de outro lugar.

Com a passar do tempo, veio a bebida em sua vida e tudo se transformou, tornou-se um velho ranzinza e começou a mexer com as mocinhas que passavam em frente a sua caixa de panos e graxas. Assobiava fazendo gracejos, pois estava com umas pingas na cabeça, falava alguns palavrões, ferindo a suscetibilidade das meninas, o que causou sua retirada do local, através de um movimento dos motoristas de carros-de-praça (assim se chamava os taxistas de outrora).

Enveredou-se para as ruas adjacentes trafegando pelos bares pedindo bebida e dizia que não tinha dinheiro para pagar. O dono para se ver livre do incomodo, dava uma dose e pedia para sumir do local.

Soube depois de algum tempo que morreu em uma noite de muito frio, na porta de um bar. Não deixou parentes, ou filhos; somente um banco vazio no canto da praça.

Hoje, no final da tarde, por ali transitarão apressados pedestres, caminhando pela praça com uma sinfonia de pardais alegrando o entardecer. Lá do alto os sinos da catedral badalarão solenemente, convocando os fiéis para o culto religioso. Quem sabe alguma alma generosa solicitará uma prece para o infeliz engraxate. 

Foi-se o tempo, passou pela cidade um personagem daqueles tempos, o FALA-MOÇO, engraxate da praça da matriz. Equilibrou-se no fio do tempo, nos lembrando que a vida é feita de encontros e instantes...

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sino Peregrino



Escuto bem lá no fundo do vale um som que ecoa sobre o pico de uma montanha verdejante. Sua relva fina e macia abriga meu corpo nas alturas, cansado pelas andanças, uma vez que percorreu na mente lugares antes nunca caminhados.

O volume do som vem em minha direção lentamente, coloco minha cabeça entre as mãos,     conchego às orelhas e procuro verificar a direção. Percebo, então, que chega com uma sonoridade mais estridente e consigo enxergar nos caminhos tortuosos em forma de trilhas, um caprino.

Observando o seu caminhar, vejo que em seu rastro seguem outros da espécie montanhesa, aqueles que parecem ficar grudados nas inclinações das montanhas. Conforme mais se aproximavam, o som tornava-se mais alto. Observei que o da frente era de um macho líder, pois carregava uma sineta envolta no pescoço.
 
Tinha orelhas caídas, cavanhaque saliente e olhos dominadores, com os quais indicava as direções para as fêmeas que estavam mais próximas. Aquelas que ousassem ultrapassá-lo recebiam coices e mordidas: ele era o soberano.

Muito lá atrás, apareceu a figura do condutor daquele rebanho homogêneo. Era um garoto ainda, acompanhava-o um cão pastor que acomodava sempre próximas ao caprino líder, as suas fêmeas, todas em estado de lactação, o produto fabricado por aquele menino e seus pais, elaborando um queijo de ótima qualidade, vendido no vilarejo.

Indaguei o porquê aquele reprodutor tinha um sino ao redor de seu pescoço. O menino falou que era para ele saber aonde o rebanho se encontrava, para não perder a proximidade, uma vez que havia outros para olhar. Refleti sobre aquela situação, tentando entender o significado do som de um sino...

Já ouvi em diversas situações: O repicar triste no dia da morte do Papa João Paulo II, o anúncio alegre do recreio da minha escola de infância, o da algazarra do último dia do ano na cidade onde moro.
 
A reflexão que faço agora é que eles sempre dobram ou dobraram nas mais variadas situações. O segredo dos tipos de sons está no manuseio, que sempre é entregue a uma pessoa mais experimentada.
 
O badalador da catedral de São Pedro, certamente conhece muitos “toques”; já o servente da escola de antigamente anunciava a entrada, o recreio e o término, sempre com o mesmo trinar, o da Igreja matriz local, extravasava suas emoções no último dia do ano, em toques alucinados, e por aí afora.
 
Analisando o som provocado por este objeto, imaginei que, ao ver as folhas mortas caindo dos galhos das arvores, deveriam provocar também um som, como o da catedral ou uma igreja, quando acolhe para as últimas homenagens, um ser humano, que partiu para lugares por nós desconhecidos.

Mas não, é o inicio do outono, partiram os gorjeios dos pássaros que criaram seus filhotes, as formigas já se recolheram aos seus ninhos, após abastecerem com folhas verdes, garantindo o inverno futuro.

O que restou de som para nós nesse inicio de nova estação? Quem sabe, algum sino possa trinar um som diferente com suaves badaladas, que possamos nos deitar na relva molhada da manhã e banhar nossos pensamentos com imagens de muito sol e alegria.

E assim, de uma forma virtual, começo a escutar o som das folhas amareladas do final de estação, caindo no solo e, varridas pelo vento, se acomodarão em alguma cavidade do solo, iniciando a fecundação das sementes que germinarão em uma nova geração de arvores. 
 
Daí, sim, será ouvido um grande sino badalando de forma retumbante, anunciando o nascimento de novas vidas, resplandecendo e revigorando o nosso mundo, cheios de sons mágicos dessa nossa mãe natureza, que por ganância de alguns, vem sendo tão mal tratada nos últimos tempos.
 

A CIÊNCIA ADIVINHATÓRIA

Desde os tempos imemoriais, tem o homem procurado antever os efeitos de origem física, biológica e de inúmeras outras, surpreendendo as leis...