Depois de uma imersiva visita panorâmica pela vibrante cidade de Madri, fomos conquistados por seus bairros repletos de vida e monumentos emblemáticos. Passamos pela Plaza de España, admirando sua grandiosidade, seguimos pela espetacular Gran Vía, uma verdadeira vitrine de arquitetura imponente, e nos perdemos nas belezas da Praça Cibeles, com sua fonte majestosa dedicada à deusa grega da fertilidade. O Paseo Del Prado nos levou à porta do famoso museu, onde a arte se entrelaça com a história. Logo, nossa rota nos conduziu à monumental Estação Ferroviária Atocha, com sua arquitetura magnífica e um jardim tropical que contrasta com o passado sombrio. Foi aqui, onde em 2004, a cidade foi abalada por um terrível ataque terrorista, que encontramos um memorial tocante em homenagem às vítimas daquele trágico dia.
Esta estação, além de ser um ponto de chegada e partida, também serviu como nosso guia para o próximo destino: o Centro Nacional de Arte Rainha Sofia. O lugar estava no radar de todos desde o início da nossa jornada, especialmente por ser o lar de uma das obras mais emblemáticas do artista cubista espanhol Pablo Picasso.
Ao falarmos de Picasso, é impossível não pensar imediatamente no seu painel mundialmente famoso: GUERNICA. Ele é, sem dúvida, o coração pulsante do museu e a principal razão pela qual milhões de visitantes de todos os cantos do mundo se deslocam até lá. A foto que ilustra esse relato foi retirado da internet, já que no local, a fotografia é estritamente proibida e as câmeras são cuidadosamente vigiadas.
Ao chegar ao museu, fomos informados de que o ingresso custava 30 euros, mas por sorte, a entrada se tornava gratuita a partir das 19h. Como faltava apenas meia hora para a isenção, decidimos ficar nas proximidades, observando a movimentação suave, porém apressada, de outros turistas que, como nós, se apressavam para aproveitar a concessão.
Subimos pelo elevador e, ao adentrar o espaço, a sensação de estar no epicentro da arte contemporânea nos envolveu imediatamente. Caminhamos pelos corredores, imersos nas obras de Picasso, até que, de repente, uma multidão se formou à nossa frente, diante de uma imponente parede. Estávamos frente a frente com Guernica.
A cena era pura intensidade. O silêncio absoluto, respeitado por todos, e a vigilância rigorosa dos seguranças tornaram o momento ainda mais impactante. Guernica, pintada em 1937, é mais do que uma obra de arte – é um grito visual contra a brutalidade da guerra, uma representação angustiante do bombardeio que devastou a cidade durante a Guerra Civil Espanhola.
Com suas linhas arrojadas e cores sombrias, Picasso capturou em tela o horror, o desespero e a destruição. A obra, que foi originalmente exibida no Pavilhão Internacional de Paris, no contexto da República Espanhola, exala o sofrimento de um povo e a dor das vidas perdidas. O pintor, em parceria com outros artistas como Miró e Dalí, foi uma voz ativa contra a violência e a desumanização, e Guernica se tornou um símbolo universal de resistência.
Ao deixar o museu, a visão da estação de Atocha, agora lindamente renovada e iluminada, me fez refletir sobre o poder das imagens. Assim como Picasso usou sua arte para protestar contra a guerra e o sofrimento, percebi a mesma revolta e o mesmo grito de resistência nas ruas de Madri, onde o povo espanhol, marcado pela tragédia do terrorismo, ainda encontra força para seguir em frente, com dignidade e coragem.
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