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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

A LENDA DO GATO FRAJOLA E O TIME INVENCÍVEL DA RUA ZACARIAS DE GÓES





 O Time dos Imbatíveis

Nosso primo Tecão, um verdadeiro mascate das ruas, vendedor de tudo — até poções para os amores mais ardentes — foi quem armou o confronto. E que confronto! Nosso time estava invicto há mais de 25 jogos. A cidade inteira queria nos ver cair, só para estampar a manchete: “O dia em que os invencíveis tombaram”.
Mas não seria fácil. Como dizia o locutor esportivo Cassiano: “Esse time é diferente. Jogadores de primeira linha. E ainda tem aquele tal de Sardonicus, o sorriso amarelo estampado no peito do Frajola — símbolo do esquadrão”. A torcida delirava com a mística: seria o Frajola o tal Sardonicus?

 A Chegada Triunfal

Chegamos em nossa Kombi, pilotada pelo incansável Serjão, nosso protetor e motorista oficial. O elenco estava completo: um goleiro míope, uma defesa que assustava até a própria sombra, e eu — o zagueiro que limpava jogadas com a rispidez de um trator em campo arado.
Mas o terror dos goleiros era ele: Arnaldo, o Abeia. Peladeiro das candongas, artilheiro das mocinhas, ídolo das arquibancadas. Só que naquele dia, Abeia estava ausente. Uma noite de excessos no Bar do Guaru o deixou em apuros intestinais.

🔥 O Retorno do Rei

O jogo começou e logo sofremos um gol. Mas eis que surge Abeia, tênis debaixo do braço, meia em um pé e nada no outro. Entrou correndo, como quem sabe que o destino o esperava. Driblou, enganou, fez que fez — e fez! Golaço! A plateia explodiu. “Pelé que nada! Abeia é o nosso rei!”
Logo depois, um pênalti contra nós. O adversário chutou no canto cego do nosso goleiro Loro. Mas Loro, com a intuição dos deuses, defendeu! Fim do primeiro tempo: Loro e Abeia, a dupla dinâmica, foram carregados nos braços da torcida.

 O Estouro da Lenda

No segundo tempo, uma bola estranha veio em minha direção. A câmara de ar escapava dos gomos. Ninguém ousava chutá-la. Eu vim da defesa, meti uma bicuda e... BOOM! A bola explodiu no ar como um rojão e foi parar no telhado de uma casa vizinha. A confusão foi tanta que a polícia apareceu. O jogo foi encerrado ali, no auge da tensão.
Serjão, como um zagueiro das antigas, impediu a entrada de curiosos. Um torcedor adversário tentou forçar passagem — Serjão aplicou um rabo de arraia digno dos tempos do Banharão de Jaú. A área estava limpa.

 O Legado Imortal

Na segunda-feira, os programas esportivos só falavam disso. Viramos lenda. E até hoje, quando os remanescentes se reúnem, as histórias ganham vida. O Sardonicus sorri em nossas memórias. O Frajola ainda estampa nossas camisetas imaginárias. E Abeia? Continua sendo o terror dos goleiros — mesmo que só nos nossos corações.

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

O CAIXEIRO VIAJANTE E O SARGENTO




DEPOIS DO JANTAR COMEÇOU ARRUMAR A MALA

Valdemar era um paulistano da gema, homem educado e bem vivido. Sempre impecável, trajava ternos alinhados, mantinha a barba e o cabelo aparados, unhas cortadas e sapatos engraxados com brilho de espelho. Como caixeiro-viajante, sabia que a primeira impressão fazia toda a diferença, e, antes de visitar clientes, aplicava uma loção discreta, garantindo que sua presença fosse memorável.

Tinha o dom da persuasão e uma clientela fiel espalhada pelo interior do estado e pelo sul de Minas Gerais. Seu talento para vender produtos vinha não apenas de sua eloquência, mas da forma elegante como conquistava seus fregueses.

Na manhã de segunda-feira, enquanto se preparava para sair, disse à esposa, Alzira, que o ouvia com um sorriso no rosto:

— Hoje à noite viajo para o sul de Minas. Volto na quinta-feira. Prepare um bom jantar, porque vou sentir falta da sua comida.

Chegou apressado para jantar por volta das oito da noite, querendo se acomodar rapidamente para assistir ao jogo de seu amado Corinthians, onde Ronaldo Fenômeno prometera marcar dois gols. Entre garfadas e goles de suco, Valdemar antecipava sua torcida.

Depois do jantar, começou a arrumar a mala. Entre uma peça de roupa e outra, dividia sua atenção com o jogo. Sempre que parecia monótono, corria para o quarto pegar mais roupas, garantindo que não perderia nenhuma jogada importante. Foi então que Ronaldo marcou o primeiro gol, e Valdemar veio correndo para a sala, lamentando:

— Maldição! Perdi o gol! Será que vão repetir a jogada?

Na repetição, vibrou e provocou Alzira:

— Não é que o gordo está cumprindo a promessa? Só falta mais um!

Em meio à empolgação, lembrou-se de pegar um par de sapatos sobressalentes. Abriu a sapateira e, no momento em que segurava o calçado, ouviu o locutor gritar animado:

— Gol de Ronaldo!

Valdemar correu para a sala, pulando como um garoto, abraçou Alzira e, no meio da empolgação, jogou-lhe um tapa brincalhão.

Foi então que, ao tentar guardar os sapatos, percebeu que estavam sujos. Queria trocá-los, mas o jogo estava tão emocionante que desistiu. Decidiu limpá-los depois e os deixou perto da cortina, junto à parede.

— Vou embora. Beijo, amor! Vou ouvir o resto do jogo no rádio do carro.

Saiu apressado, enquanto Alzira, já sonolenta, foi para o quarto. Mas, no meio da madrugada, foi despertada por vozes estranhas.

Sentiu o coração acelerar. Seria um ladrão?

Foi na ponta dos pés até a sala, onde o som persistia. “Valdemar foi embora e não desligou a TV”, pensou aliviada. Mas, quando se aproximou, viu, sob a cortina, os sapatos que ele esquecera. O sangue gelou.

“Aquilo não é só um sapato… tem alguém atrás da cortina!”

O medo tomou conta. Com mãos trêmulas, discou o número da polícia e pediu urgência. Quinze minutos depois, bateram à porta.

Era o sargento Nepomuceno, um homem corpulento e de expressão rígida.

— O bandido ainda está aqui? — perguntou, sacando o revólver.

— Sim! Veja ali, atrás da cortina!

Com precisão, Nepomuceno avançou na ponta dos pés. Em um movimento rápido, puxou a cortina, pronto para dar voz de prisão…

E encontrou o quê? Nada. Apenas o par de sapatos.

Alzira ainda tremia, mas logo caiu na risada, percebendo o equívoco. O sargento relaxou, mas seus olhos passaram a percorrer lentamente o corpo da mulher, observando cada detalhe com uma intensidade desconfortável.

Ele prolongou a conversa, pedindo café, elogiando a casa, desviando o olhar para a peça de roupa íntima que contrastava com o tecido preto da capa rendada.

— Sabe, dona Alzira, sustos assim fazem a gente precisar de um bom café. E se tiver algo doce, melhor ainda.

Ela percebeu a indiscrição e rapidamente encerrou a conversa, sem atender ao pedido. Mas o sargento não se deu por vencido e continuou ali, como se esperasse que a situação lhe oferecesse uma chance maior.

— Esse tipo de situação deixa a pessoa nervosa… Bom mesmo seria um copo d’água para acalmar.

Ainda hesitante, Alzira virou-se para pegar a água, mas com a sensação incômoda de que os olhos do sargento a seguiam como uma sombra. Quando voltou, ele sorriu com um jeito que parecia ultrapassar o limite da mera gentileza.

— Ah, dona Alzira, como tem gente descuidada por aí, não é? Melhor manter as portas bem trancadas.

Ela agradeceu e pediu que ele se retirasse, tentando esconder o desconforto que tomava conta dela. Sem alternativa, Nepomuceno saiu, mas Alzira sabia que não seria a última vez que o veria.

Passado mais um dia, escutou batidas na porta da sala. Ficou temerosa e verificou se estava vestida adequadamente antes de perguntar:

— Quem é?

— É o sargento Nepomuceno; vim trazer os sapatos do seu marido, posso entrar?

Seu coração disparou. Ele havia levado os sapatos intencionalmente?

— Pode deixar aí fora, depois eu pego.

— Mas eu limpei e engraxei, ficaram brilhando! Abra a porta para ver.

Agora ela sabia que ele estava apenas buscando mais uma desculpa para entrar.

Rapidamente, pegou o telefone e ligou para a delegacia, denunciando o sargento e sua insistência. Mas, quando voltou para verificar, não havia mais resposta.

Girou a chave, abriu a porta com cuidado…

Os sapatos estavam na soleira...

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🔅Acredito que a escrita é uma arte em constante evolução, refinada pelo hábito, pela observação e, principalmente, pelo desejo de transmitir emoções e ideias de forma mais autêntica. 

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segunda-feira, 21 de abril de 2025

CHICÃO, O ETERNO BOLEIRO E SUAS PÉROLAS INESQUECÍVEIS

                           A GORDUCHINHA BEIJOU A REDE...


Chicão foi aquele tipo de jogador genuíno, o "boleiro raiz", que conquistava a torcida mais pelo carisma do que pelo talento. Atuou em um dos grandes clubes de São Paulo, mas, como acontece com todos os atletas, o tempo lhe cobrou o preço. Sua técnica já não era a mesma e, no final da carreira, encontrou espaço em um clube menor do interior, ainda na divisão principal. Mas isso não diminuiu seu brilho—pelo contrário, tornou-se ídolo local.

Jogando como volante, era peça fundamental na organização das jogadas, distribuindo a bola pelo meio de campo. A torcida adorava seu estilo aguerrido e, especialmente aos domingos, as moças suspiravam com sua presença em campo. O carinho da torcida era tão grande que ele recebia flores antes dos jogos, gesto que retribuía com simpatia e elegância. Sempre atento aos fãs, fazia questão de dar atenção especial às crianças que o abordavam pedindo um cumprimento ou um afago.

Mesmo com dificuldades na expressão verbal, sua espontaneidade compensava qualquer problema com as palavras. Nas entrevistas, ele arrancava risadas, e foi justamente essa autenticidade que o ajudou a construir sua aura lendária.

De boleiro a político—ou quase

A fama extrapolou os limites do futebol e Chicão decidiu se aventurar na política. Sua popularidade garantiu uma enorme quantidade de votos, tornando-se vereador da cidade. No entanto, sua vocação para a política era bem menor do que sua paixão pelo futebol. Faltava a muitas reuniões porque preferia estar nos gramados, e sem projetos concretos, sua carreira política teve vida curta.

Mas foi nos microfones que seu carisma se revelou ainda mais. Suas entrevistas geraram momentos icônicos, como quando um repórter pediu que ele saudasse o público e ele respondeu com toda simplicidade:
"Boa noite, microfone!"

Ou quando, lesionado e impossibilitado de jogar, gritou palavras de incentivo ao seu substituto no alambrado e garantiu:
"Comigo ou sem-migo, o time vai ganhar!"

A cidade inteira repetia suas frases como bordões! E quando sua equipe jogou em Belém do Pará, soltou outra pérola histórica:
"É uma satisfação muito grande jogar aqui nesta terra onde nasceu Jesus Cristo!"

Da bola ao microfone—e a confusão que virou lenda

Após o fim da carreira, o clube tentou ajudá-lo conseguindo um emprego em uma rádio esportiva, onde começou como assistente de repórter. Seu entusiasmo era enorme, e ele gostava de estar próximo ao campo, vivendo intensamente cada jogo. Mas seu jeito irreverente também gerou episódios memoráveis.

Certa vez, substituindo um repórter que teve uma emergência intestinal durante uma transmissão, foi chamado para descrever uma jogada e soltou sem pensar:
"Nosso lateral tem pé de bosta, se fosse eu teria feito o gol."

O coordenador correu para alertá-lo, pedindo para ter cuidado com as palavras. Mas Chicão era Chicão—e sua espontaneidade era incontrolável. Durante uma tempestade que interrompeu um jogo, ouviu o locutor dizer:
"Chove torrencialmente pelos quatro cantos do gramado."

E completou sem hesitar:
"Inclusive no meio!"

Mas foi seu último erro no microfone que selou seu destino. Ao ser chamado para ajustar o som da transmissão, sem perceber que estava no ar, disparou:
"Aqui embaixo é uma merda só! É choque para tudo quanto é lado, até meu rabo tá pegando fogo!"

O presidente da rádio, furioso, dispensou Chicão e toda a equipe envolvida naquele desastre de transmissão. Com o tempo, os patrocinadores abandonaram a emissora, e as frases do Chicão viraram folclore na cidade, sendo contadas e recontadas como verdadeiras pérolas do futebol.

Curiosidades sobre Chicão

  • Seus bordões eram citados até na capital, ganhando espaço em colunas esportivas de jornais.

  • Mesmo sem grandes habilidades políticas, seu carisma conquistava os eleitores, que ainda lembram dele com carinho.

  • Após sua saída da rádio, ninguém soube seu paradeiro, tornando sua história uma verdadeira lenda urbana.

A trajetória de Chicão é uma mistura de paixão pelo futebol, espontaneidade e humor involuntário. Um personagem marcante, que deixou sua marca no esporte e na cultura popular de sua cidade!

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