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domingo, 20 de julho de 2025

O TREM QUE FICOU NA SAUDADE, EM: BANHARÃO E JAÚ-SP.


Hoje, os trilhos estão cobertos de mato

Às vezes, o tempo não nos permite reviver os lugares que amamos, mas nos concede o privilégio de guardar memórias como relíquias. Escrevo para preservar uma delas — a de um primo que, mesmo tendo partido, permanece presente nos gestos, nas histórias e nas lembranças de uma geração que viu o trem passar... e parar por amor.

Este texto é uma homenagem àquele que viveu intensamente cada chegada e partida. Um retrato vivo do Banharão — um bairro que hoje é apenas topografia, mas outrora pulsava como estação de encontro, sonhos e pandeiro. Que essa história sirva de afago à sua família, e ao Brasil que silenciou suas ferrovias, mas não suas lembranças.

A História

Era fim de tarde, céu tingido em tons laranja queimado. O trem da cidade onde residia e que levaria o jovem ao Banharão estava quebrado. O compromisso, no entanto, não era negociável: a amada o aguardava na estação de tijolos e madeira, de olhar ansioso e coração acelerado lá no Banharão.

Perguntou ao chefe da estação se havia outro trem. O homem, de boné gasto e olhos de quem já vira muitos amores passarem por ali, respondeu:

— Há, sim. Mas ele não para no Banharão. Vai direto pra Jaú.

O jovem olhou para os trilhos como quem procura resposta em linhas paralelas.

— Então vou. Depois me viro.

O chefe hesitou, depois soltou um suspiro longo:

— Boa sorte, rapaz. Que São Bento guie seus passos.

Durante a viagem, cada rangido dos trilhos soava como um lembrete da distância. Ao se aproximar do vilarejo do Banharão, correu pelos vagões como quem carrega pressa e esperança. Encontrou o maquinista na cabine dos controles.

— Senhor! Preciso que pare na estação do Banharão. Minha noiva está lá, esperando. Não há outro meio de chegar. É só por hoje.

O maquinista olhou o rapaz com olhos de compaixão.  Um aceno breve. O trem, então, freou diante da estação. Só ele desceu.

— Ei! — gritou o guarda da estação, espantado — Como conseguiu descer aqui? Não é parada programada.

O jovem ergueu a cabeça, sorriu com ironia e respondeu:

— Sou o presidente.

O guarda soltou uma risada cansada e acolhedora.

— Vá com paz, meu irmão.

 Agora, em silêncio, presto minha homenagem: 

Banharão é mais do que um ponto no mapa — é o lugar onde nasci. E toda vez que falo sobre ele, é como se voltasse aos trilhos da minha própria origem. Talvez por isso essa história mexa tanto comigo: ela não é só do Nego, é também um pouco minha.

Hoje, os trilhos estão cobertos de mato, a estação virou memória... mas quem teve o privilégio de viver aquele tempo sabe: algumas histórias não precisam de cimento para permanecerem erguidas. Meu primo — o Nego — não era apenas alguém que pegava o trem. Ele era o próprio apito da locomotiva, o som do pandeiro nas festas, a gargalhada que ecoava nos corredores da vida.

Ele se foi, sim. Mas segue entre nós, sempre que alguém se apaixona com coragem, enfrenta obstáculos por amor, ou faz do impossível um motivo pra sorrir.

Eu desejo a ele — como o guarda lhe disse naquela noite — que vá com paz, meu irmão. E que o Banharão o receba lá em cima, como estação que acolhe quem chega depois de longa viagem.

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

A LEMBRANÇA DE UM AMIGO

A  LEMBRANÇA  DE  UM AMIGO

Páginas Amareladas

Remexendo os guardados do tempo,
encontrei um livro que dormia em silêncio,
seus versos respirando na poeira dos anos.

Na contracapa, uma caligrafia antiga,
uma dedicatória como um sussurro preso ao papel:

"À Dijanira, para que, junto com a sensibilidade do meu amigo Vendramini, possa caminhar pela estrada da minha poesia."

Afonso Celso Calicchio, outubro de 1982.

Ele, poeta e crítico, navegava mares de letras,
trilhava caminhos na Rádio Bandeirantes,
falava de escritores como quem desenha constelações.

E na política, um estrategista de sonhos,
tecendo destinos no Palácio dos Bandeirantes,
até que nossas vidas se cruzaram.

Eu trabalhava na área de Recursos Humanos
de uma grande empresa do setor alimentício,
quando um dos donos decidiu lançar sua candidatura, na área política.

Fui convocado para ajudá-lo,
mergulhando, sem perceber, em um novo universo,
o intricado jogo das alianças e dos interesses políticos.

Onze meses de estrada,

onde fiz de tudo um pouco:
santinhos impressos, camisas distribuídas,
discursos ensaiados e promessas guardadas no vento.
Ao final, o Empresário, ficou à margem—um suplente,
um nome na sombra do poder.

E eu voltei ao meu posto,
mais experiente, mais calejado,
com lições que só o tempo ensina.

Mas hoje, ao tocar estas páginas amareladas,
não é a política que me emociona,
não são as estratégias, os encontros, as campanhas.

É a poesia.

Pois foi por ela que encontrei minha esposa,
por versos perdidos que nos enamoramos,
pelas palavras que seguimos lado a lado,
criando filhos, saudando netos,
escrevendo nossa própria história.

Hoje espalho minhas crônicas pelo mundo,
na esperança de que alguém, em algum lugar,
remexa seus guardados e encontre nelas
um pedaço da sua própria memória.

E ao querido Calicchio, onde quer que esteja,
envio este abraço feito de palavras,
de saudade, de gratidão, de poesia.

Antonio Vendramini Neto

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terça-feira, 22 de junho de 2021

SABER VIVER



Tudo chega a tempo àqueles que sabem viver. 

Viver significa engrenar no ritmo do amor que pulsa em teu ser, deixando-te levar pelas águas mansas que tudo banha com sua compreensão, fidelidade e quietude. 

O teu dia de hoje muito te trouxe... Talvez hoje, talvez amanhã, perceberás quanto aprendeste com ele. 

A cada dia aprendes algo que contigo fica, consciente ou não, a iluminar teus passos rumo a tua verdade, a tua evolução espiritual. 

Dá oportunidade para que este dia te traga o que precisas aprender, o que provar e sentir, 
para que estejas no lugar certo e na hora exata quando a ti chegar à brisa que te revelará frente a ti mesmo. 
Viver significa crescer, construir! 

Cada passo, cada palavra, cada ato produz um efeito. 



Aprende a dar amor, alegria, compreensão, e teus dias espelharão a tua fronte doce e risonha, trazendo-te o que necessitas para estar tranquilo e fluindo no mais profundo amor.

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