Remexendo os guardados do tempo,
encontrei um livro que dormia em silêncio,
seus versos respirando na poeira dos anos.
Na contracapa, uma caligrafia antiga,
uma dedicatória como um sussurro preso ao papel:
"À Dijanira, para que, junto com a sensibilidade do meu amigo
Vendramini, possa caminhar pela estrada da minha poesia."
Afonso Celso Calicchio, outubro de 1982.
Ele, poeta e crítico, navegava mares de letras,
trilhava caminhos na Rádio Bandeirantes,
falava de escritores como quem desenha constelações.
E na política, um estrategista de sonhos,
tecendo destinos no Palácio dos Bandeirantes,
até que nossas vidas se cruzaram.
Eu trabalhava na área de Recursos Humanos
de uma grande empresa do setor alimentício,
quando um dos donos decidiu lançar sua candidatura, na área política.
Fui convocado para ajudá-lo,
mergulhando, sem perceber, em um novo universo,
o intricado jogo das alianças e dos interesses políticos.
Onze meses de estrada,
onde fiz de tudo um pouco:
santinhos impressos, camisas distribuídas,
discursos ensaiados e promessas guardadas no vento.
Ao final, o Empresário, ficou à margem—um suplente,
um nome na sombra do poder.
E eu voltei ao meu posto,
mais experiente, mais calejado,
com lições que só o tempo ensina.
Mas hoje, ao tocar estas páginas amareladas,
não é a política que me emociona,
não são as estratégias, os encontros, as campanhas.
É a poesia.
Pois foi por ela que encontrei minha esposa,
por versos perdidos que nos enamoramos,
pelas palavras que seguimos lado a lado,
criando filhos, saudando netos,
escrevendo nossa própria história.
Hoje espalho minhas crônicas pelo mundo,
na esperança de que alguém, em algum lugar,
remexa seus guardados e encontre nelas
um pedaço da sua própria memória.
E ao amigo Calicchio, onde quer que esteja,
envio este abraço feito de palavras,
de saudade, de gratidão e amizade.

Antonio Vendramini Neto
👀
"Não há pressa em quem aprendeu a
ouvir o tempo.”
“A
crônica é meu modo de conversar com o mundo sem levantar a voz.”
“Olhar
o cotidiano é meu ofício; transformá-lo em palavra, minha arte.”
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