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quarta-feira, 16 de abril de 2025

A BROMÉLIA DO JARDIM



DEPOIS DE MUITO OBSERVAR, ENCONTREI SUA MORADA


Embora não seja a estação das flores, hoje, no jardim, deparei-me com um resplandecente exemplar de bromélia, exibindo uma beleza arrebatadora. Para mim, parecia um milagre, pois essa espécie desafiava o ciclo comum da natureza ao florescer fora de época.

Curioso, fui pesquisar e descobri que a bromélia floresce apenas uma vez na vida. Após esse espetáculo, inicia-se um novo ciclo: a planta, em um gesto de continuidade, gera brotos laterais que tomam seu lugar.

O tempo para atingir a maturidade e florescer varia conforme a espécie e as condições ambientais. A floração segue um padrão sazonal, mas pode ser afetada por fatores como luminosidade e temperatura. Curiosamente, uma brusca mudança no ambiente pode acelerar o processo, levando uma planta adulta a florescer inesperadamente.

Isso acontece porque, ao sentir-se ameaçada, a bromélia ativa seu instinto de preservação e desencadeia a floração, garantindo sementes e brotos para perpetuar sua existência. Algumas espécies produzem inflorescências exuberantes e duradouras, persistindo por meses; outras são breves, encantando por poucos dias.

Apesar de serem vistas por muitos como parasitas, as bromélias apenas se apoiam em outras plantas para captar melhor a luz e a ventilação. Ao me aproximar para examiná-la mais de perto, notei que sua estrutura abriga também outra forma de vida: insetos em uma atividade frenética, retirando pólen de seu interior. Esse movimento incessante sugeria um elo vital com uma colmeia nas proximidades.

Felizmente, não eram marimbondos, conhecidos por sua ferroada dolorosa. Tratava-se de abelhas dóceis, ocupadas em sua missão de coletar alimento para a colmeia. Pequenos seres que, sem agressividade, produziam mel caseiro para sustentar suas crias, abrigadas nos alvéolos.

Os humanos, por sua vez, interferem nesse ciclo. Os apicultores instalam dispositivos artificiais para forçar uma produção maior, comercializando o mel e seus derivados.

Instigado pela descoberta, resolvi procurar a colmeia. Depois de muito observar, encontrei sua morada: um bloco de concreto próximo ao canil.

Que ali permaneçam, livres, dentro dos princípios da natureza. Já adverti meu caseiro, o “bicho-homem”, para que não interfira no processo e permita que os filhotes cresçam sem perturbação.


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sexta-feira, 4 de abril de 2025

SOLAR DO BARÃO


O Solar do Barão

Ao revisitar meus arquivos de crônicas antigas escritas para veículos de comunicação, deparei-me com anotações sobre um texto intitulado O Solar do Barão. Para minha surpresa, constatei que ele nunca foi publicado, embora não recorde o motivo. Corria o ano de 2012, mais precisamente o mês de outubro, quando o Museu completava seu sesquicentenário. A data foi marcada por uma exposição de fotos aberta ao público.

Adentrando ao casarão, fui recebido por um cicerone, que gentilmente me forneceu informações preciosas. Anotei tudo em um bloco e guardei as anotações em uma gaveta da minha escrivaninha. Ao revisá-las anos depois, percebi que a palavra Solar estava em destaque, motivando-me a pesquisar sobre seu significado.

O termo Solar, descobri, refere-se a uma casa de família nobre ou uma residência antiga de grande luxo e conforto, de acordo com a época. Esses solares podiam ser habitados por nobres ou famílias da elite tradicional, como a de Antonio de Queiroz Telles, o Barão de Jundiaí. Pertencente ao "ciclo do café", o casarão foi doado pela família à Associação das Irmãs de São Vicente de Paula, que o alugou à Prefeitura Municipal de Jundiaí. Assim, tornou-se o museu local.

Quando jovem, frequentando a Praça Governador Pedro de Toledo, que dava acesso ao antigo Cine Ipiranga, costumava passar em frente àquela construção imponente. Admirava sua arquitetura e imaginava os tempos de glória, quando o Barão recebia figuras famosas, como o imperador D. Pedro II. Apesar de descrito por alguns como bonachão e despreocupado com a governabilidade, acredito, após ler sua biografia, que ele foi um ilustre brasileiro, impulsionando o progresso necessário para o desenvolvimento do país na época.

Mas voltando ao casarão, lembro-me de vê-lo em avançado estado de ruínas, com o telhado destruído e sinais evidentes de deterioração. Historiadores e influentes da sociedade uniram forças com a Prefeitura para salvar o patrimônio, culminando em sua reforma e reinauguração em 1965.

O padre Antonio Maria Stafuzza foi o fundador do museu, atualmente administrado pela Secretaria Municipal de Cultura. Professores, colaboradores e historiadores lideram o trabalho de preservação e organização de exposições nas diversas salas do casarão, que também empresta seu nome à rua onde está localizado.

Após a visita às salas do casarão, explorei o jardim nos fundos. Lá, um pátio tranquilo exibe vestígios de um muro construído em taipa, um tipo de técnica arquitetônica que ainda hoje impressiona arquitetos e engenheiros. Arborizado e silencioso, o local oferece um refúgio no movimentado centro da cidade. Um convite ao descanso e à contemplação, onde o pensamento se solta e busca inspirações de um passado distante.

Salve os idealizadores e mantenedores deste patrimônio, que entregaram à cidade essa construção revitalizada, onde a cultura poética flui harmoniosamente.


A INSENSATA MORDAÇA

  O SUPLÍCIO DE UM EXÍLIO Uma crise se instalou. Povo assustado! Revolta estudantil. Para mudar o país. A força da caserna se apresentou. Av...