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terça-feira, 15 de março de 2011

ESTAÇÃO BANHARÃO, LEMBRANÇAS DE UMA ÉPOCA


LEMBRANÇAS DE UMA ÉPOCA QUE O PROGRESSO DESTRUIU

A foto que emoldura essa crônica é de 1986, mostrando a estação ferroviária de Banharão, localizada no município de Jaú SP.
Foi inaugurada em 15/11/1941 e permaneceu sob administração da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, até 1971, ano em que foi encampada pela Ferrovia Paulista S.A.
Hoje não existe mais, foi demolida em 1986, quando já estava abandonada e depredada, a FEPASA, através de um relatório, recomendou à sua demolição e retirada do material, iniciando desta forma, o triste fim das ferrovias no Brasil.
Atualmente, no local, só sobraram duas placas amarelas, alguns ladrilhos no chão e mato cobrindo a plataforma, uma escadaria ainda perfeita e bem feita, encostada num barranco; e lá em cima, uma caixa d’água metálica e mais alguns ladrilhos onde deve ter sido um banheiro. Ao lado da estação, ruínas de uma igreja, que ruiu ou foi demolida, mas ainda pode se ver muitas partes de mármore e granito, mostrando um sinal de êxodo rural.
O panorama atual não lembra nem um pouquinho, do que era esse lugarejo, nos idos dos anos novecentos e cinqüenta, época em que eu voltava para a fazenda dos meus avôs, para passar as férias e rever aquele recanto maravilhoso. Ah! Meu Deus!!! Quantas saudades, tempo ingênuo, que passou por nossa memória, que estavam sempre voltados para os alegres passeios nas casas de outras fazendas de plantio de café, pertencentes às pessoas que vieram da Itália, como colonizadores.
As viagens para esses lugares eram capitaneadas pelos meus primos, alguns deles já falecidos, que preparavam as charretes para os patriarcas, puxadas por elegantes cavalos e outros que iam sobre o lombo de outros animais.
Éramos recebidos com muita alegria, e quem anunciava a chegada da família na porta da casa, era meu avô materno, o Signore, Giuseppe Gasparotto, que tinha o apelido Italiano de, “Beppo”. As conversas rolavam na língua pátria e como vivíamos nesse meio, aprendemos o linguajar da região do Veneto, encravada no velho continente.
Enquanto era servido o café, acompanhado de muito leite, pães e broas feito em casa, espiga de milho e ovos cozidos, muitas frutas e mel do pomar, que eram sorvidos com grandes tragos de vinho caseiro, onde a molecada aproveitava e alguns tinham que ser carregados para as charretes.
As conversas giravam sobre o plantio e a colheita do café, mola-mestra de sobrevivência das famílias que moravam em casas próximas que se chamavam de “colônias”, onde estavam os filhos vindos da Itália e outros nascidos por aqui, alguns moravam no mesmo casarão dos pais (nonnos), formando uma balburdia de imensurável alegria.
Mas o que me motivou a escrever esse texto foi à visão fotográfica da encantadora (na época), estação ferroviária. Quando lá estava, sempre saia pela manhã, levado por um cavalo preparado pelo “Capitão da Roça”, o nonno Beppo, com o propósito de observar o movimento da estação e depois ir até o sitio do meu tio Joaquim, filho mais velho do meu avô paterno, o “Tonella”, não muito distante, (para curtir o lugar que me viu nascer).
Antes de chegar, tinha que haver uma parada obrigatória no pátio de armazenamento da colheita do café de toda a região, ao lado da estação.
Relembro agora, uma conversa que tive, através da janela da estação, perguntando ao Chefe, como funcionava “aquela máquina que emitia alguns sons”. Ele disse:
- Meu filho, isso aí é um telégrafo, a gente pode “conversar” com o Chefe da outra estação, informando se os trens estão no horário e se não há outros problemas etc.
Aquilo me fascinava, ficava curioso, até que um dia ele chamou-me bem pertinho do telegrafista e mostrou como era, dizendo que no momento do embarque das sacas de café nos vagões, o movimento era muito intenso, para controlar o tráfego dos trens de carga e de passageiros que circulava pela estação.
Foi quando começou a contar historias dos carroceiros que traziam as sacas de café das fazendas, para o beneficiamento (retirar a casca) através da única maquina que existia na região, sendo depois colocadas no grande galpão, aguardando melhor preço, (reunião dos proprietários), para depois em uma grande composição ferroviária, serem levadas até o porto de Santos para exportação.
- Em um dado momento, bateu com a mão no meu ombro e disse: - Olha! Toninho, o mais famoso era o seu avô Tonella, ele trazia o seu café e, era também contratado, por outros, para trazer a mercadoria até o beneficiamento.
 Continuava dizendo:
- Isso aqui era um fervor de gente, na estação, no engenho de beneficiamento, no armazém; eu ficava com muito serviço, até a comida me traziam, a filha descia aquela escadaria, onde tem a casa que eu moro.
- Você não sabe disso, disse o Chefe, mas o caboclo Italiano era muito conhecido, de longe as pessoas já sabiam quando estava chegando, com sua famosa tropa.
Nesse momento, agora aqui à noite em meu escritório, transportei-me através de outra dimensão, entrando no túnel do tempo, reportando-me àquela época:
Escutei ao longe, na estrada poeirenta, um imenso alarido; era uma mistura de voz humana e tropeado de mulas, enxerguei então, algumas pessoas que estavam no armazém, saindo em disparada, para ver aquela sinfonia, pois sabiam pelos aboios, de quem se tratava, O velho vinha sentado no varal da carroça, conduzindo a tropa com seus famosos aboios:
- Costa briosa!!! (era para as mulas ponteiras virarem à esquerda).
- Hip, Hip, Hip Ruana!!! (era para virarem a a direita).
Eram as oito mulas que puxavam a imensa carroça de quatro rodas, contendo sacas de café para serem beneficiados em uma máquina de fabricação estrangeira, que era de propriedade dos meus tios, Atílio e Ninno Bagaiollo, que ficava de fronte ao armazém, bem próximo à estação. Depois de terminado o serviço, ele ia para do outro lado da linha férrea, até a Igrejinha de Santo Antonio, construída por iniciativa de seu primo, que se chamava Ângelo, agradecer os serviços realizados.
O fim de minha visão foi no recanto religioso, onde mirava com orgulho, uma inscrição em uma das paredes, o povo agradecendo a iniciativa da família Vendramini, à construção da obra, que também nos dias de hoje, virou um amontoado de tijolos, constituindo uma ruína, denunciando que por ali existiu um bairro promissor.
A visão ficou turva, um trem de passageiro parou na estação Banharão, embarquei menino e me tornei gente grande, constituí família e moro aqui em Jundiaí, onde o meu pensamento ficou carregado de emoções com essas lembranças, do tempo em que ainda havia esse meio de transporte, que o progresso destruiu e só restou em nossa memória.


terça-feira, 1 de março de 2011

O Encontro de Poetas




O ENCONTRO DOS POETAS
Oswaldo Antonio Begiato e Antonio Vendramini Neto

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Poema idealizado em um dos bancos da praça.

Praça da Matriz
Senhora de uma paisagem de outrora
Personagens soltos
Visão perdida no tempo
Velhos bancos de cimento

Emudecidos e enegrecidos
Inertes como sentinelas
Gelados pelo frio da manhã
Na espreita de algum pensador
Distraído na imensidão do dia

Fantasias acontecidas
Lembranças perdidas
No tempo e na memória
Na historia de muitas vidas

A praça está viva!!!
Apresenta-se a alma do poeta
Oswaldo Antonio Begiato
Sem espalhafato declina a sua verve
Amigo do peito com muito respeito

Poema realizado no momento do encontro na praça Matriz de Jundiaí

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A CIÊNCIA ADIVINHATÓRIA

Desde os tempos imemoriais, tem o homem procurado antever os efeitos de origem física, biológica e de inúmeras outras, surpreendendo as leis...