Quem sou eu

Mostrando postagens com marcador escola. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escola. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

UMA DESPEDIDA SOB O LUAR E A TEMPESTADE

UM RELÂMPAGO RASGOU O CÉU

UMA HOMENAGEM AO MEU AVÔ ITALIANO - O TONELLA.

"O texto fala, o negrito nas palavras convida — clique e descubra."

Era uma noite escaldante de verão. A lua cheia lançava sua luz prateada sobre a janela aberta daquele ranchinho, já castigado pelo tempo. O vento começou a soprar forte, anunciando a chegada de uma tempestade, e os estalos da madeira misturavam-se ao som dos trovões distantes.

No interior do quarto simples, sobre um colchão de palha sem nenhuma coberta, repousava um velho caboclo. O rangido da janela contra a parede de taipa ecoava pelo espaço, fazendo o reboco se desprender e se espalhar pelo chão de terra batida. Cada ruído despertava memórias de um tempo que parecia tão distante, mas que ainda ardia em seu peito.

Um relâmpago rasgou o céu e, por um breve instante, iluminou seu rosto marcado pelo tempo. As rugas contavam histórias de luta, de dias árduos sob o sol, de noites frias nas campinas. A idade pesava sobre seu corpo, suas pernas já não tinham o vigor de antes, mas sua mente permanecia lúcida, vagando entre lembranças que se recusavam a partir.

Mergulhado no passado, ele revivia os dias de vaqueiro—tempos que hoje são apenas poeira levada pelo vento. Seus olhos, marejados de saudade, fitavam o nada enquanto resgatava imagens de companheiros que compartilharam sua jornada, de laços forjados na dureza da lida. Gostava daquela vida. Amava sentir a brisa da manhã e o calor do gado selvagem em movimento, sua viola sempre a postos para entoar versos que nasciam do coração.

No canto do quarto, sob os pés de um cachorro magro—seu último companheiro de solidão—jaziam as cordas emudecidas da velha viola. O tempo parecia se curvar diante de suas recordações quando, de repente, um som do lado de fora o fez despertar: o trotar de um cavalo. Não era um simples ruído; era um chamado.

Uma força misteriosa começou a elevá-lo. Seu corpo frágil desprendia-se da cama como se fosse guiado por algo invisível. Uma sonolência inebriante o tomou, mas, ao mesmo tempo, sentiu uma leveza inexplicável. Flutuou até a porta, e com um esforço suave, conseguiu abri-la.

O que viu do lado de fora o deixou sem fôlego. A tempestade havia se dissipado, dando lugar a um dia radiante. O céu azul, pontuado por nuvens brancas, estendia-se infinitamente. Ali, entre as brisas que dançavam, ele avistou a alma de um velho companheiro: seu cavalo Pingo. O corcel, outrora destemido, havia sido ceifado por uma chifrada em plena perseguição a um boi. Agora, surgia diante dele transformado, altivo, alado, exalando bafos que se transformavam em flocos de neve no ar.

Pingo relinchou e, com um movimento de cabeça, convidou-o a montar. O velho caboclo não hesitou. Ao se aproximar do magnífico animal, sentiu seu corpo rejuvenescer, transformando-se novamente em um menino. Com a mesma alegria de outrora, saltou para o dorso do cavalo e, juntos, partiram rumo ao passado.

Voaram sobre paisagens familiares, sobre aquelas boiadas que tantas vezes conduziu. Em um rasante, viu as terras onde bravamente percorreu sob o sol abrasador, sob chuvas torrenciais, sob ventos impiedosos. Estava novamente inteiro, radiante.

Em meio à euforia, pediu a Pingo que pousasse diante de sua antiga escola, sob a sombra da velha paineira. Desceu do cavalo, recostou-se contra o tronco frondoso e, com um último suspiro, fechou os olhos para sempre.

👐

Se quiser apoiar, clique em postar um comentário no final (após minha caricatura de criador de conteúdo digital) e nos anúncios (se desejar).

É simples, mas ajuda muito.

 Toninho Vendramini

Às vezes, basta um clique para abrir novas histórias, que ajudam a manter este espaço vivo.

📌 Acesse meus espaços de cultura e amizade:

 🔗 YouTube 🔗 Slides e conteúdos 🔗 Blog Vendramini Letras


sábado, 6 de setembro de 2025

O BARQUINHO DOS SEGREDOS



Uma travessia silenciosa entre o amor, o tempo e a descoberta
Naquela tarde de luz dourada, a menina-moça não estava ali — não de corpo inteiro. Seu olhar repousava sobre a lousa, mas sua alma navegava por mares invisíveis. Fingia ouvir a voz do professor, mas cada palavra era abafada pelo som de seu próprio coração, que batia em compassos descompassados.

O mestre, atento, percebeu. Mas não a chamou de volta. Havia algo sagrado naquele silêncio. Ele sabia — ou talvez intuísse — que certos devaneios são como cristais: belos, frágeis, e não devem ser tocados.
Ela, então, mergulhou a mão na mochila e retirou seu caderninho de segredos. Era mais que um objeto — era um cofre de emoções, um espelho onde se via sem máscaras. Escreveu com pressa, como quem teme que o sentimento escape antes de ser capturado. Cada palavra era uma pétala arrancada do coração.

O que escreveu? Ninguém saberia. Eram confissões que só o tempo poderia decifrar. Um amor calado, talvez proibido, talvez puro demais para ser dito em voz alta. Um amor que crescia como flor em terreno secreto.

No intervalo, ela caminhou até o lago da escola — seu refúgio. Sentou-se no banco de cimento, onde tantas vezes sonhara acordada. Rasgou a página com cuidado, como quem separa um pedaço da alma. Dobrou-a em forma de barquinho, colorido e frágil, e o colocou na água. O papel hesitou. Ela assoprou com força, como quem deseja que o mundo leve embora o que não pode carregar sozinha.

Mas o vento, caprichoso, levou o barquinho para longe. Ele voou, pousou numa poça. E o medo a invadiu: e se alguém lesse? E se descobrissem?

O servente da escola, que por ali passava, recolheu o barquinho. Achou-o bonito. Levou-o para casa, sem saber que carregava um segredo. Ofertou à neta, que o abriu com curiosidade infantil.
E ali, entre dobras e palavras, descobriu que a menina amava o professor — seu pai. Naquele instante, a menina que lia compreendeu que havia ganhado uma irmã. Uma irmã apaixonada por seu pai. Uma irmã que talvez nunca soubesse que havia sido descoberta.











O barquinho não era só papel. Era sentimento dobrado, era coragem disfarçada. Navegou por águas calmas, voou com o vento, e pousou onde precisava pousar. Porque às vezes, o amor encontra caminhos que nem o coração conhece.


Obrigado por embarcar em mais uma história.

Chegamos aos 100 mil acessos — e cada um deles é um sorriso na bagagem.

Se quiser apoiar, clique nos anúncios. É simples, mas ajuda muito.

— Toninho Vendramini


📌 Acesse meus espaços de cultura e amizade:

 🔗 YouTube 🔗 Slides e conteúdos 🔗 Blog Vendramini Letras

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

ESCRITOR, UMA EXPERIÊNCIA APAIXONANTE

Dançando com as Letras

Palavras que Me
 Habitam

Desde criança, as palavras exercem sobre mim um fascínio que nunca se dissipou. Lembro-me das tardes silenciosas em que me perdia entre livros antigos, imaginando histórias que ainda não haviam sido escritas. A literatura, para mim, sempre foi um refúgio — um universo paralelo onde podia criar mundos, dar voz às emoções e transformar experiências em narrativas.

Foi desse encantamento que nasceu meu desejo de escrever.

No início, eram apenas anotações soltas, pensamentos guardados em cadernos que, com o tempo, se transformaram em pequenas histórias. E então percebi: escrever não era apenas um passatempo — era uma parte essencial de quem eu sou.

Esse amor pelas palavras me proporcionou momentos inesquecíveis. Um deles ocorreu quando fui convidado, por meio de um projeto que conectava escritores e estudantes, a visitar uma escola para falar sobre meu livro Vozes no Silêncio da Noite.

Era uma manhã serena. Ao entrar na sala de aula, senti-me envolvido por uma energia especial — uma mistura de expectativa e nostalgia. Os rostos jovens diante de mim carregavam aquela curiosidade genuína de quem está prestes a descobrir um novo mundo.

Enquanto discutíamos um dos contos, pedi que os alunos lessem trechos e tentassem interpretar seus significados. Era uma troca viva, cheia de olhares atentos e frases que revelavam o despertar do encantamento literário. Foi então que um deles me lançou uma pergunta inesperada:

— Como o senhor se tornou escritor?


Por um instante, silenciei.

“Enquanto o mundo corre, eu caminho — e escrevo o que tropeça.”

A pergunta era simples, mas provocou em mim uma reflexão profunda. Nunca havia realmente parado para pensar na dimensão dessa jornada. Ali, diante daquelas mentes sedentas por inspiração, compreendi com mais clareza o sentido da minha vocação.

Ser escritor não é apenas colocar palavras no papel. É sentir profundamente, reviver experiências, dar forma ao invisível e permitir que outros enxerguem o mundo através de novas perspectivas.

Expliquei a eles que cada autor carrega histórias que se entrelaçam com a própria vida. Alguns se inspiram em romances, outros em contos, outros ainda nas pequenas coisas do cotidiano. No fundo, o escritor é um artesão — alguém que molda emoções em palavras.

A conversa fluiu como um rio tranquilo. E ao final, compartilhei um pensamento que sempre me acompanha:

Nascemos com o dom de escrever, independentemente de nossa origem. Podemos ser empresários, moradores de rua, professores ou estudantes — o talento reside na vontade de transformar sentimentos em palavras.

Com esforço, leitura e entrega, cada escritor constrói seu próprio universo. Dá vida a personagens, a paisagens e a vozes que atravessam o tempo e tocam outras almas.

Ainda guardo na memória o brilho nos olhos daqueles alunos. Saí da escola naquele dia com mais do que a satisfação de ter falado sobre literatura. Levei comigo o prazer de, talvez, ter despertado o sonho de futuros escritores.

Meu Poema

La Perra Gorda

(Uma cena singela, capturada com olhos contemplativos)

Aproximou-se, de forma suave, na varanda.
Veio ao meu encontro com passos lentos.

Cansada, sentou-se ao meu lado.
Seduziu-me com um olhar!

Acompanhei o seu caminhar...
Notei que seu corpo estava diferente.

Caminhou até sua casinha,
bem debaixo da janela da cozinha.

Lá dentro, guardava um segredo:
três perritos!

Negrito, Pedrito e Marquito.



Às vezes, basta um clique para abrir novas histórias — inclusive nos anúncios, que ajudam a manter este espaço vivo.
Explore mais nos links abaixo e contribua com cultura e amizade:


 Acesse meus espaços de cultura e amizade:

 🔗 YouTube 🔗 Slides e conteúdos 🔗 Blog Vendramini Letras

 Falta pouco! Já ultrapassamos as 99 mil visualizações — veja o número total à direita, ao lado das fotos dos meus seguidores.
 Cada clique nos anúncios nos aproxima dos 100 mil. Obrigado por cada apoio, cada interação… vocês são incríveis! 

ILHÉUS: ENTRE CACAU E MISTÉRIOS

VOCÊ VAI VER DETALHES DOS BORDEIS DOS CORONÉIS. ´   estátua de Jorge Amado Nossa jornada nos levou a Ilhéus , a cidade que respira caca...

POSTAGENS MAIS VISITADAS