O CARCARÁ ALADO
Trabalhando na área de recursos humanos de um
grupo empresarial, mais especificamente na divisão de alimentos, fui designado
para iniciar pesquisas destinadas a suprir uma fábrica recém-construída em
Petrolina, Pernambuco.
Na época, nossa empresa se antecipou a outras que
ainda estavam em fase de projeto para desenvolver o cultivo de tomates, visando
a extração e fabricação de extrato, que seria enviado para a fábrica central em
São Paulo. Como parte do planejamento, elaborei a introdução de um restaurante
nas dependências da fábrica, a fim de oferecer alimentação adequada aos futuros
trabalhadores—uma iniciativa inédita na região. Além disso, iniciei pesquisas
para estabelecer convênios com farmácias e outros benefícios essenciais que
seriam incorporados com o início das operações.
Minha estadia ocorreu em um hotel previamente
pesquisado, onde também foram acomodados outros profissionais responsáveis pela
montagem dos equipamentos para dar início às atividades da fábrica. Após
semanas de trabalho intenso, retornei a São Paulo para apresentar à diretoria
um relatório detalhado dos avanços realizados.
Uma viagem inesquecível
Minha viagem de retorno para São Paulo estava
programada para cinco dias após a conclusão das pesquisas. Não querendo
permanecer ocioso, explorei alternativas de voo e optei por uma conexão via
Salvador, na Bahia, utilizando um pequeno avião modelo Bandeirante, de apenas
nove lugares. A experiência foi desconcertante: o ruído ensurdecedor da
aeronave impossibilitava conversas entre os poucos passageiros. Em certo
momento, o avião começou a descer abruptamente, e, por um instante, temi o
pior. Para minha surpresa, aterrissamos em uma estrada de terra, onde um homem
esperava para entregar um malote ao copiloto, sem que o avião sequer parasse
completamente. A aeronave realizou uma manobra brusca e decolou novamente,
levando-me a um estado de tensão extrema. Após essa experiência, decidi nunca
mais utilizar voos desse porte para viagens profissionais, optando sempre por
aeronaves comerciais de grande porte saindo do Aeroporto de Petrolina.
Outro
susto na volta
O PÁSSARO FERIDO
Após concluir a instalação de procedimentos de
segurança em equipamentos recém-chegados, me preparei para retornar a São
Paulo. No entanto, o avião da companhia aérea sofreu um atraso considerável e,
ao chegar, apresentou movimentos incomuns durante a aterrissagem. Fomos então
informados de que o voo havia sido cancelado devido a um vazamento de óleo. A
companhia nos transferiu para hotéis, e fui hospedado em Juazeiro, na Bahia,
após atravessar a ponte Getúlio Vargas, que divide os estados de Pernambuco e Bahia.
Mecânicos chegaram durante a noite para realizar
os reparos necessários, e fomos comunicados na madrugada seguinte de que o
avião estava pronto para decolar à tarde. De volta ao aeroporto, notei um
ambiente incomum no saguão de embarque: algumas pessoas choravam, trajando
roupas pretas, como se estivessem em um velório. Ao perguntar o motivo, fui
informado de que havia um corpo a bordo, aguardando transporte desde o dia
anterior. O voo se tornou ainda mais tenso, pois além da apreensão pelo
problema mecânico, viajávamos com um falecido a bordo. Conversando com um
passageiro ao meu lado, tentei descobrir quem era a pessoa, pois a presença de
políticos no voo indicava que se tratava de alguém importante.
Após a aterrissagem em São Paulo, senti um enorme
alívio por ter chegado em segurança. Essa experiência, apesar dos desafios,
tornou-se mais um capítulo marcante da minha trajetória profissional.
Acredito que a escrita é uma arte em constante evolução, refinada pelo
hábito, pela observação e, principalmente, pelo desejo de transmitir emoções e
ideias de forma mais autêntica.
O retorno de vocês, leitores, me motiva a buscar sempre o melhor.
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