UM LUGAR CHAMADO PAI JACÓ
Em uma manhã de sábado, acordei com o tradicional gorjeio dos pássaros
saltitando nas árvores próximas ao meu quarto. Abri a porta-balcão e,
respirando profundamente o frescor do dia, fiz uma saudação de louvor por estar
à frente de mais um capítulo da vida.
Deixei-me levar por pensamentos, refletindo que cada dia é uma dádiva única
e deveria ser bem aproveitado. Quem sabe em outra ocasião não teria a mesma
chance? Com horas livres à frente, decidi caminhar pelas áreas verdes do meu
condomínio.
Enquanto me preparava, um som estridente vindo de uma pequena mata no final
da rua despertou minha curiosidade. O som desafiava meu instinto explorador e,
sem programar muito, resolvi investigar. Ao chegar, olhei para o alto das
árvores, procurando por pássaros raros ou pequenos animais silvestres.
De repente, aquele som, tão peculiar, soou novamente. Meu coração acelerou,
e comecei a buscar de um lado para o outro. Meus olhos rodopiavam, minha
curiosidade era quase palpável. Cada movimento das árvores parecia esconder um
segredo, e o sol, em pequenos clarões entre as folhagens, me cegava
momentaneamente.
Foi então que, de forma súbita, senti algo explodir sobre minha cabeça. Uma
dor forte me atingiu. Era um caroço de uma fruta desconhecida. Olhei novamente
para cima, e lá estava ele: um pequeno animal dependurado em um grande galho
seco. Seus movimentos ágeis o tornavam quase invisível, mas sua presença era
inegável.
Percebi que ele saboreava uma fruta com tamanho deleite que quase me fez
querer provar também. Após devorá-la, o malandro lançou outro caroço, que por
pouco não me atingiu novamente. "Ô, seu mal-educado!", gritei. E ao
lado dele, lá estava um companheiro, tão debochado quanto. Os dois pareciam rir
de minha indignação com uma "cantoria" que ecoava pela mata.
Não satisfeitos, ainda soltaram um esguicho em minha direção, trazido pelo
vento. Antes que me atingisse, pulei para trás, mas acabei tropeçando e caindo
sentado sobre a guia da rua. Levantei-me, indignado. Quando olhei para o alto,
os dois haviam desaparecido. Foram rápidos, deixando-me apenas com a memória da
aventura.
Em casa, consultei a enciclopédia e descobri que se tratavam de guaribas,
uma espécie de primatas notórios por seus sons estridentes. Curioso, mas agora
mais precavido, decidi: da próxima vez que ouvir tais sons,
"recomendo" aos vizinhos investigarem. Quem sabe, terão a mesma sorte
que eu de cruzar o caminho