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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

A ARTE DE COMUNICAR É TOCAR SEM ENCOSTAR É MARCAR SEM OBRIGAR — É EMOCIONAR


"Cada imagem conta uma história. Cada cor, uma emoção. Cada palavra, um convite para sentir, refletir e transformar."

Apresentamos uma jornada visual em vários atos — quatro banners que não apenas decoram, mas despertam. Eles foram criados para provocar o olhar, tocar o coração e inspirar novas possibilidades. Prepare-se para mergulhar em uma experiência que vai além do óbvio.





"Porque o que nos move não é o que vemos, mas o que sentimos ao ver."

Que cada banner seja uma janela aberta para o extraordinário. Que ao final, reste não apenas a imagem — mas a emoção que ela deixou.
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quarta-feira, 9 de julho de 2025

ESCRITOR, UMA EXPERIÊNCIA APAIXONANTE

Dançando com as Letras

Palavras que Me
 Habitam

Desde criança, as palavras exercem sobre mim um fascínio que nunca se dissipou. Lembro-me das tardes silenciosas em que me perdia entre livros antigos, imaginando histórias que ainda não haviam sido escritas. A literatura, para mim, sempre foi um refúgio — um universo paralelo onde podia criar mundos, dar voz às emoções e transformar experiências em narrativas.

Foi desse encantamento que nasceu meu desejo de escrever.

No início, eram apenas anotações soltas, pensamentos guardados em cadernos que, com o tempo, se transformaram em pequenas histórias. E então percebi: escrever não era apenas um passatempo — era uma parte essencial de quem eu sou.

Esse amor pelas palavras me proporcionou momentos inesquecíveis. Um deles ocorreu quando fui convidado, por meio de um projeto que conectava escritores e estudantes, a visitar uma escola para falar sobre meu livro Vozes no Silêncio da Noite.

Era uma manhã serena. Ao entrar na sala de aula, senti-me envolvido por uma energia especial — uma mistura de expectativa e nostalgia. Os rostos jovens diante de mim carregavam aquela curiosidade genuína de quem está prestes a descobrir um novo mundo.

Enquanto discutíamos um dos contos, pedi que os alunos lessem trechos e tentassem interpretar seus significados. Era uma troca viva, cheia de olhares atentos e frases que revelavam o despertar do encantamento literário. Foi então que um deles me lançou uma pergunta inesperada:

— Como o senhor se tornou escritor?

Por um instante, silenciei.

A pergunta era simples, mas provocou em mim uma reflexão profunda. Nunca havia realmente parado para pensar na dimensão dessa jornada. Ali, diante daquelas mentes sedentas por inspiração, compreendi com mais clareza o sentido da minha vocação.

Ser escritor não é apenas colocar palavras no papel. É sentir profundamente, reviver experiências, dar forma ao invisível e permitir que outros enxerguem o mundo através de novas perspectivas.

Expliquei a eles que cada autor carrega histórias que se entrelaçam com a própria vida. Alguns se inspiram em romances, outros em contos, outros ainda nas pequenas coisas do cotidiano. No fundo, o escritor é um artesão — alguém que molda emoções em palavras.

A conversa fluiu como um rio tranquilo. E ao final, compartilhei um pensamento que sempre me acompanha:

Nascemos com o dom de escrever, independentemente de nossa origem. Podemos ser empresários, moradores de rua, professores ou estudantes — o talento reside na vontade de transformar sentimentos em palavras.

Com esforço, leitura e entrega, cada escritor constrói seu próprio universo. Dá vida a personagens, a paisagens e a vozes que atravessam o tempo e tocam outras almas.

Ainda guardo na memória o brilho nos olhos daqueles alunos. Saí da escola naquele dia com mais do que a satisfação de ter falado sobre literatura. Levei comigo o prazer de, talvez, ter despertado o sonho de futuros escritores.

Meu Poema

La Perra Gorda

(Uma cena singela, capturada com olhos contemplativos)

Aproximou-se, de forma suave, na varanda.
Veio ao meu encontro com passos lentos.

Cansada, sentou-se ao meu lado.
Seduziu-me com um olhar!

Acompanhei o seu caminhar...
Notei que seu corpo estava diferente.

Caminhou até sua casinha,
bem debaixo da janela da cozinha.

Lá dentro, guardava um segredo:
três perritos!

Negrito, Pedrito e Marquito.



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terça-feira, 3 de junho de 2025

PERMITA-SE SENTIR A PAZ

 


LIBERTE-SE


Para observar e acolher seu próprio bem-estar.

No âmago do seu ser, reside a essência mais profunda—sua verdadeira origem.

Cada passo no caminho da existência é uma chance de enriquecer seu espírito e harmonizar seu corpo, conectando-se à força da Criação.

Se não se conceder a oportunidade de mergulhar em si mesmo, jamais compreenderá, de fato, os propósitos do seu viver e os desafios que o cercam.

Ao se entregar a um instante de serenidade, estará mais preparado para seguir adiante, descobrindo seu verdadeiro lugar no vasto contexto deste grande Universo.

💩

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quinta-feira, 22 de maio de 2025

O CENÁRIO DE MEMÓRIAS SOMBRIAS


Silêncio absoluto.

Naquele instante, a atmosfera carregada denunciava que algo estava prestes a acontecer.

 O rangido metálico da porta enferrujada rompeu o vazio, seguido pelo estalido seco do interruptor da luz. 

Um clarão espalhou-se pelo cbículo fétido, revelando o piso branco, encardido, onde o frio cortante se infiltrou na pele dos pés daquela figura hesitante—de volta ao cenário de suas memórias mais sombrias.

A incredulidade apertava seu peito. Estaria ainda ali? Encarcerado em suas próprias lembranças, elas emergiam, teimosas e vibrantes, revivendo um turbilhão de emoções. As lágrimas brotaram sem resistência, escorrendo pela face e misturando-se ao chão impiedoso, onde cicatrizes de um passado cruel permaneciam gravadas.

Tateou o bolso, encontrando seu rosário, o fiel amigo que resistiu ao tempo. A cada conta que rolava entre seus dedos, imagens dos antigos companheiros se formavam em sua mente—homens que, como ele, habitaram aquele corredor de desesperança. Ali, ele fora um animal sedento, um espectro de sua própria humanidade. Outras vezes, uma flor frágil, buscando redenção. A justiça o havia condenado a esse inferno, onde as almas se perdiam sem promessa de retorno.

A oração, no entanto, brotou das trevas e foi penetrando sua alma, acalmando a tormenta que castigava sua carne e consciência. Pediu perdão, como o fez por incontáveis noites e, agora, mais do que nunca. Perdão pelas vidas que extinguiu na insensatez de sua mente adoecida.

Quando seus dedos tocaram a porta, seu corpo estremeceu com a lembrança do capelão. Aquele homem de fé lhe oferecera a extrema-unção antes de sua execução—um fim interrompido por circunstâncias misteriosas. Ele nunca soube o porquê. Mas, naquele momento, compreendia que a vida ainda lhe reservava um propósito.

A centelha de um novo caminho surgiu: tornar-se pastor. A figura do capelão, seu guia na escuridão, reverberava dentro dele como um chamado. Deixou para trás o corredor da morte e abraçou essa missão de resgatar almas.

Segurou a Bíblia que repousara nas mãos do capelão por anos—companheira silenciosa de sua espera pela sentença final. O destino, no entanto, reescreveu seu desfecho. O velho prédio, berço de sua dor, estava marcado para a implosão. O presídio que o aprisionara seria reduzido a pó. Por ironia ou justiça, foi ele quem recebeu a honra de acionar o mecanismo que o apagaria da existência.

Antes do último ato, curvou-se em prece. Ali, onde tantos haviam perecido, poderia nascer uma igreja. Um símbolo de transformação. Uma casa de fé. A marca de sua jornada como pastor de almas.

E assim, vemos como o sofrimento pode ser transmutado pelo convívio com Cristo, o eterno pescador de almas—independentemente de onde essas almas um dia tenham estado.

💫

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segunda-feira, 12 de maio de 2025

A FOGOSA LOCOMOTIVA DO TEMPO


FOI COMO EM UM PASSE DE MÁGICA



PRÓLOGO

Como em um passe de mágica, desprendeu-se de seu passado. Toda imponente e barulhenta surgiu na curva do tempo com o som aturdido e abafado, espantando algumas aves que permaneciam à beira da estrada e, para impressionar ainda mais, soltou um apito estridente anunciando a chegada à estação da recordação.

Tudo isso vinha acompanhado de uma fumaça um pouco enegrecida que saia pela chaminé como se fosse um imenso rolo, resultado do esforço descomunal de seu corpo que se apresentava como uma fornalha incandescente, produzindo vapor para alavancar as rodas e movimentar aqueles vagões pelas cidades e sertões em busca do relacionamento entre as pessoas e o progresso produtivo que transportava.

O maquinista e o seu ajudante com o tradicional uniforme sujo de graxa e óleo observavam os manômetros e outros medidores de pressão, espalhados sobre a caldeira e, através do buraco de entrada do combustível, o ajudante ia jogando pequenas toras de lenha na fornalha, para saciar a sede e a fome da imensa máquina obcecada na produção do vapor.

AS LEMBRANÇAS...

Tudo isso remete ao meu tempo de menino, quando na estação de trem da velha Banharão, (hoje não existe mais), tive a oportunidade de ver uma composição capitaneada por uma Maria-Fumaça, ainda operando naquela época, transportando gado naqueles vagões fedorentos, mais bonito de se ver.

Esse passado jamais se apagará de minha memória. Eram as férias que passávamos na fazenda de café do meu avô Giuseppe, situada na cidade de Jaú, onde nasci. Essa época, não muito distante, foi extremamente nostálgica para mim, fez-me divagar e caminhar um pouco pelas estradas de ferro.

Esse tipo de transporte trouxe muitos acontecimentos importantes da nossa história, ajudando a colocar o nosso glorioso Estado de São Paulo, como um dos pioneiros dessa imensa nação.

Assim sendo, durante muitos anos, São Paulo foi forte por causa do café, e chegou onde está porque as ferrovias foram projetadas e baseadas nesse produto, e até hoje, o Brasil é um dos grandes produtores.

Não poderia deixar de mencionar também o transporte de outros materiais e de passageiros, importantíssimos como fator de colonização e oportunidade para que as pessoas pudessem viajar de um ponto a outro, trazendo novos horizontes, de forma a aumentar suas oportunidades de melhoria de vida, baseadas nos interesses dos barões do café.

Após o declínio dessa cultura, a modernização das ferrovias ficou para trás e, aliada ao custo de manutenção, deu lugar a indústria automobilística que levou a degradação muito rápida, o que é uma pena.

Hoje o Brasil está “montado sobre quatro rodas”, e as estradas de ferro foram totalmente extintas e encontram-se sucateadas em galpões e algumas peças nos museus especializados, como em Jundiaí, na antiga Companhia Paulista.

Para não esquecer esse passado, recordo-me da antiga estação de Jundiaí, de onde partíamos para aquelas férias maravilhosas, e ficávamos “arranchados” no casarão dos meus avôs maternos Giuseppe e Domingas, na velha Banharão, distrito da cidade de Jaú, (oh! quantas saudades).

Para escrever essa crônica, estive na estação de Jundiaí em busca de uma foto para ilustrar a matéria e o que encontrei foi apenas uma locomotiva da antiga sorocabana que não me entusiasmou. O que eu vi foi muita desolação, a locomotiva é hoje utilizada apenas para um trem de subúrbio que percorre a cidade de Jundiaí até arrabaldes de São Paulo.

Para enaltecer esse passado glorioso, busquei nos arquivos do Museu Ferroviário, alguma citação sobre a história da Cia Paulista e a estação de Jundiaí e, pude anotar algumas que transcrevo aqui:

A linha tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho até Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro em 1876 e depois continuou com a aquisição da E.F. Rio-Clarense em 1892. Prosseguiu com sua linha, depois de expandi-la para a bitola larga até São Carlos em 1922 e Rincão em 1928.

Com a compra da seção leste da São Paulo-Goiaz em 1927, expandiu a bitola larga por suas linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Colômbia, cruzando-a de volta até Bebedouro em 1929, chegando finalmente, no Rio Grande em 1930, onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar a linha, e tudo se acabou...

Os últimos trens trafegaram pela linha até março de 2001, apenas no trecho Campinas-Araraquara.

Com relação à estação, foi inaugurada em 1898, aproveitando um prédio já existente no local, que ficava no final dos terrenos das oficinas da ferrovia, hoje ao lado de um dos viadutos (Ponte São João).

OS PASSEIOS...

Para lembrar ainda mais esse período, recordo-me agora de dois passeios efetuados através de um comboio, carreados por Maria-Fumaça, denominados turísticos, encantando os passageiros até nos dias de hoje, esbanjando muita categoria. O Primeiro foi partindo da estação de Anhumas até Jaguariúna, que nos tempos antigos era o caminho percorrido pelos Bandeirantes, tropeiros e boiadeiros, rumo a Goiás e Mato Grosso.

Para não fugir à regra, esse ramal ferroviário floresceu com os engenhos de cana-de-açúcar e, depois, das enormes plantações de café.

Foi um dia maravilhoso, com muitos componentes da família e amigos dirigindo-se em um microônibus para a estação, onde o mano Luizinho nos aguardava com a Geralda, para iniciarmos a maravilhosa viagem naquele comboio até a cidade de Jaguariúna, culminando com um almoço espetacular no chamado “Bar da Praia”.

Pude ver e sentir com emoção a velha Maria-Fumaça expelindo fogo e brasas pela chaminé que caiam sobre os vagões que acompanhavam a paisagem em uma marcha lenta, mas muito elegante, enquanto ao meu lado um guia da viagem ia contando fatos daquela época.

O pensamento naquele momento foi transportado para a fundação da cidade, onde, por de trás de tudo, havia sempre um coronel; no caso em questão foi o Amâncio Bueno (primo de Campos Salles, que foi presidente da República), que cedeu o terreno para construir a estação em suas terras, atualmente Fazenda Serrinha.

Outro passeio não menos espetacular foi com minha esposa Dijanira La pelas bandas do Rio Grande do Sul, mais precisamente no trecho que vai de Bento Gonçalves a Carlos Barbosa, passando por Garibaldi.

Esse trecho foi recuperado, incluindo toda a composição, em especial a velha Maria Fumaça, que estava abandonada como uma sucata ferroviária. Faz o trajeto referenciado de 23 km, com uma velocidade de 30 km em uma hora e trinta minutos.

O passeio é todo animado por músicos e artistas, com muita degustação de vinho e champagne (na parada em Garibaldi), além de corais Italianos.

Muitos turistas fazem essa viagem. A Maria Fumaça da Serra Gaúcha é o maior sucesso ferroviário de um país que não anda mais nos trilhos!     


The End

🔅Acredito que a escrita é uma arte em constante evolução, refinada pelo hábito, pela observação e, principalmente, pelo desejo de transmitir emoções e ideias de forma mais autêntica. 

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

O CAIXEIRO VIAJANTE E O SARGENTO




DEPOIS DO JANTAR COMEÇOU ARRUMAR A MALA

Valdemar era um paulistano da gema, homem educado e bem vivido. Sempre impecável, trajava ternos alinhados, mantinha a barba e o cabelo aparados, unhas cortadas e sapatos engraxados com brilho de espelho. Como caixeiro-viajante, sabia que a primeira impressão fazia toda a diferença, e, antes de visitar clientes, aplicava uma loção discreta, garantindo que sua presença fosse memorável.

Tinha o dom da persuasão e uma clientela fiel espalhada pelo interior do estado e pelo sul de Minas Gerais. Seu talento para vender produtos vinha não apenas de sua eloquência, mas da forma elegante como conquistava seus fregueses.

Na manhã de segunda-feira, enquanto se preparava para sair, disse à esposa, Alzira, que o ouvia com um sorriso no rosto:

— Hoje à noite viajo para o sul de Minas. Volto na quinta-feira. Prepare um bom jantar, porque vou sentir falta da sua comida.

Chegou apressado para jantar por volta das oito da noite, querendo se acomodar rapidamente para assistir ao jogo de seu amado Corinthians, onde Ronaldo Fenômeno prometera marcar dois gols. Entre garfadas e goles de suco, Valdemar antecipava sua torcida.

Depois do jantar, começou a arrumar a mala. Entre uma peça de roupa e outra, dividia sua atenção com o jogo. Sempre que parecia monótono, corria para o quarto pegar mais roupas, garantindo que não perderia nenhuma jogada importante. Foi então que Ronaldo marcou o primeiro gol, e Valdemar veio correndo para a sala, lamentando:

— Maldição! Perdi o gol! Será que vão repetir a jogada?

Na repetição, vibrou e provocou Alzira:

— Não é que o gordo está cumprindo a promessa? Só falta mais um!

Em meio à empolgação, lembrou-se de pegar um par de sapatos sobressalentes. Abriu a sapateira e, no momento em que segurava o calçado, ouviu o locutor gritar animado:

— Gol de Ronaldo!

Valdemar correu para a sala, pulando como um garoto, abraçou Alzira e, no meio da empolgação, jogou-lhe um tapa brincalhão.

Foi então que, ao tentar guardar os sapatos, percebeu que estavam sujos. Queria trocá-los, mas o jogo estava tão emocionante que desistiu. Decidiu limpá-los depois e os deixou perto da cortina, junto à parede.

— Vou embora. Beijo, amor! Vou ouvir o resto do jogo no rádio do carro.

Saiu apressado, enquanto Alzira, já sonolenta, foi para o quarto. Mas, no meio da madrugada, foi despertada por vozes estranhas.

Sentiu o coração acelerar. Seria um ladrão?

Foi na ponta dos pés até a sala, onde o som persistia. “Valdemar foi embora e não desligou a TV”, pensou aliviada. Mas, quando se aproximou, viu, sob a cortina, os sapatos que ele esquecera. O sangue gelou.

“Aquilo não é só um sapato… tem alguém atrás da cortina!”

O medo tomou conta. Com mãos trêmulas, discou o número da polícia e pediu urgência. Quinze minutos depois, bateram à porta.

Era o sargento Nepomuceno, um homem corpulento e de expressão rígida.

— O bandido ainda está aqui? — perguntou, sacando o revólver.

— Sim! Veja ali, atrás da cortina!

Com precisão, Nepomuceno avançou na ponta dos pés. Em um movimento rápido, puxou a cortina, pronto para dar voz de prisão…

E encontrou o quê? Nada. Apenas o par de sapatos.

Alzira ainda tremia, mas logo caiu na risada, percebendo o equívoco. O sargento relaxou, mas seus olhos passaram a percorrer lentamente o corpo da mulher, observando cada detalhe com uma intensidade desconfortável.

Ele prolongou a conversa, pedindo café, elogiando a casa, desviando o olhar para a peça de roupa íntima que contrastava com o tecido preto da capa rendada.

— Sabe, dona Alzira, sustos assim fazem a gente precisar de um bom café. E se tiver algo doce, melhor ainda.

Ela percebeu a indiscrição e rapidamente encerrou a conversa, sem atender ao pedido. Mas o sargento não se deu por vencido e continuou ali, como se esperasse que a situação lhe oferecesse uma chance maior.

— Esse tipo de situação deixa a pessoa nervosa… Bom mesmo seria um copo d’água para acalmar.

Ainda hesitante, Alzira virou-se para pegar a água, mas com a sensação incômoda de que os olhos do sargento a seguiam como uma sombra. Quando voltou, ele sorriu com um jeito que parecia ultrapassar o limite da mera gentileza.

— Ah, dona Alzira, como tem gente descuidada por aí, não é? Melhor manter as portas bem trancadas.

Ela agradeceu e pediu que ele se retirasse, tentando esconder o desconforto que tomava conta dela. Sem alternativa, Nepomuceno saiu, mas Alzira sabia que não seria a última vez que o veria.

Passado mais um dia, escutou batidas na porta da sala. Ficou temerosa e verificou se estava vestida adequadamente antes de perguntar:

— Quem é?

— É o sargento Nepomuceno; vim trazer os sapatos do seu marido, posso entrar?

Seu coração disparou. Ele havia levado os sapatos intencionalmente?

— Pode deixar aí fora, depois eu pego.

— Mas eu limpei e engraxei, ficaram brilhando! Abra a porta para ver.

Agora ela sabia que ele estava apenas buscando mais uma desculpa para entrar.

Rapidamente, pegou o telefone e ligou para a delegacia, denunciando o sargento e sua insistência. Mas, quando voltou para verificar, não havia mais resposta.

Girou a chave, abriu a porta com cuidado…

Os sapatos estavam na soleira...

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domingo, 20 de abril de 2025

ZEZINHO MUÇAMBÊ O ARTESÃO E FOTÓGRAFO DE MIL FACES


UM CONTO INSPIRADO
 EM UM PERSONAGEM QUE VIVEU EM ALGUMA CIDADE DO INTERIOR

José Epaminondas de Albuquerque Martins, ou simplesmente Zezinho, partiu do Nordeste com um sonho: transformar sua vida em São Paulo. Com a bênção de sua mãe e o coração apertado por deixar o pai e os oito irmãos, ele seguiu viagem, carregando apenas uma matula e uma imensa vontade de vencer.

 

Desde cedo, Zezinho demonstrava talento. Em sua terra natal, criava peças de artesanato que encantavam nas feiras dominicais. Suas mãos habilidosas e sua imaginação fértil transformavam materiais simples em verdadeiras obras de arte. Mas ele queria mais. Inspirado pelo fotógrafo lambe-lambe da praça, sonhava em aprender a capturar momentos e eternizá-los em imagens.

 

Ao chegar à metrópole, Zezinho se deparou com desafios. Conseguiu um ponto na praça, onde expunha suas peças em caixotes improvisados. Para complementar a renda, fez sociedade com um mascate e comprou uma câmera fotográfica. Assim, entre o artesanato e as fotografias, começou a construir sua reputação.

 

Foi nesse vai-e-vem que conheceu uma mulher com quem dividiu teto e aflições. Mas a relação azedou ao descobrir que ela se prostituía enquanto ele trabalhava. Desiludido, Zezinho aceitou a proposta de um fotógrafo profissional, Sr. Cícero, para trabalhar em seu ateliê no interior. Lá, ele aprimorou suas técnicas e ganhou o apelido de "Zezinho das Artes", por nunca abandonar o artesanato.

 

Com o tempo, Zezinho abriu seu próprio negócio, inovando com fotografias coloridas e cobrindo eventos sociais, esportivos e religiosos. Tornou-se figura conhecida, participando de carnavais e campeonatos, e até colaborava com o jornal local. Mas sua saúde começou a dar sinais de alerta. Uma tosse persistente o incomodava, e ele recorria a um xarope caseiro de muçambê, que carregava em um frasco no bolso. O hábito lhe rendeu um novo apelido: "Zezinho Muçambê".

 

Apesar do sucesso, o destino foi cruel. Em um dia chuvoso, Zezinho não apareceu para trabalhar. Preocupado, um funcionário foi até sua casa e o encontrou sem vida, ao lado do frasco de muçambê. O velório foi marcado por homenagens emocionadas, mas o enterro virou um caos. Uma chuva torrencial interrompeu o cortejo, e o caixão foi abandonado na rua. Vagabundos o arrastaram para uma barraca de flores, e a polícia, sem opções, deixou o corpo ali até o dia seguinte.

 

Na manhã seguinte, o caixão havia desaparecido. O mistério permanece até hoje, alimentando histórias de assombração e curiosidade na cidade. Zezinho Muçambê, com sua vida cheia de altos e baixos, deixou um legado de talento, resiliência e um enigma que nunca será desvendado.





sexta-feira, 18 de abril de 2025

JOÃO-DE-BARRO O CONSTRUTOR DA FLORESTA



fiquei sabendo que o casal é unico

A tarde de verão que era majestosa, repentinamente, transformou-se em um céu carregado de nuvens. Vieram os relâmpagos, cortando o horizonte com fios de luz, e ouvi o rugido grave dos trovões, estremecendo o solo e anunciando a tempestade. Logo, uma pesada chuva desabou, trazendo consigo o cheiro da terra molhada que subia como um perfume selvagem.

Olhei para o solo barrento na beira do meu gramado e percebi o frêmito de asas agitadas se espalhando pela lama, onde os pássaros, ávidos, disputavam a colheita inesperada da terra. O banquete estava servido: inúmeras larvas e insetos brotavam das entranhas do solo, expostos pela água que os desalojava.

Ali estava acontecendo o cio... Sedenta de amor, a terra sorvia a chuva como um amante sedento, esperando ansiosa pelo toque gentil da semente. Pedia a fecundação para que, em sua gestação, gerassem novos frutos, complementando seu estado de felicidade, acariciando suas novas crias e propiciando, aos seres humanos, alimentos saudáveis para a continuidade das espécies.

A cena era maravilhosa. Busquei em meu embornal, no quartinho de ferramentas, algumas sementes que estavam esperando esse momento sublime. Enquanto semeava nas covas mais fundas, os pássaros continuavam a procurar os insetos para alimentar os filhotes, que soltavam trinos altos, pedindo aos pais por comida. Foi nesse instante que ouvi um cantar mais estridente, bem próximo, ali naquele barro vermelho.

Era um casal de João-de-barro que, freneticamente, pedia passagem, chegando até dar voos rasantes perto da minha cabeça, expulsando-me do local; queriam aquele barro para iniciar a construção de seu ninho.

Observei, alegremente, o trabalhão incessante do casal e segui-os com os olhos para ver aonde levavam, nos bicos, as pelotas de barro. Cada pelotinha era encaixada na estrutura, como um operário que molda sua obra-prima com precisão e determinação. Notei, com alegria, que a construção se iniciava bem na minha área de lazer, na terça do telhado, acima do fogão de lenha.

Logo escureceu e o trabalho operário dos dois parceiros terminou, e o meu de observador também. Recolhi-me aos meus aposentos e busquei uma literatura em que pudesse ter mais informações a respeito desse magnífico pássaro.

Fiquei sabendo que o casal é único, ou seja, são parceiros até que a morte os separe. No dia seguinte, logo pela manhã, fui fazer as vezes de ferrenho observador, ficando contente em vê-los na obcecada tarefa da construção do ninho.

A tarefa de construção continuava; era um vai e vem desenfreado do casal, no transporte das pelotinhas de barro sob o telhado, colocando-as na base sobre a viga de madeira. O entusiasmo era grande, e quando se ausentavam, era porque estavam trançando pequenas raízes em outro local, para fortalecer as paredes do ninho. Nesse momento, corri para a torneira do jardim, peguei uma vasilha com água e coloquei em cima daquele barro perto do gramado que já estava secando, facilitando a árdua jornada dos "passaritos".

E assim fui ajudando os dois naquela empreitada. Era maravilhoso acompanhar a mesma rotina, que durou vários dias. Logo fui me municiando de dispositivos para poder observá-los à distância; então, arrumei um binóculo e uma câmera digital, para ir registrando a evolução da obra!

Com os olhos compridos, pude enxergá-los melhor na execução, sem espantá-los; e valeu a pena ficar observando. A evolução que meus olhos presenciavam era impressionante! Tudo tão perfeito: a circunferência ao redor da viga que suportava a edificação, os contornos de feixes de raízes formando uma malha, como se fosse um alicerce, o desenho da porta de entrada com a proteção contra intrusos.

Depois de terminada a casinha, iniciou-se um namoro meio maroto nas árvores próximas ao ninho, até que um dia não mais notei a presença do macho. Percebi, então, que ele examinava as redondezas para verificar a fertilidade da alimentação para os futuros filhotes, enquanto a fêmea iniciava a postura dos ovos.

Após o terceiro dia do início do choco, notei que quem alimentava a fêmea no ninho era outro macho, bem maior que aquele que a ajudou na construção da morada. Sim, porque ela não podia sair, garantindo que todos os ovos tivessem sucesso no nascimento dos filhotes.

O que teria acontecido? Fiquei em observação mais detalhada até que, na tarde do quarto dia, houve uma luta feroz no galho da árvore, culminando com a retirada do intruso, que tentava assumir o papel de condutor da família antes que os filhotes viessem ao mundo.

Seria uma traição? Certamente não, pois o macho não edificou uma parede na porta... Diz uma lenda do cancioneiro popular rural que, quando isso acontece, ele condena a fêmea dessa forma e parte para uma reclusão até a morte. Talvez fosse um macho viúvo querendo aproveitar a oportunidade para formar uma nova parceria, que foi, energicamente, repudiada.

Fiquei extremamente feliz em ver que tudo correu bem; depois de vários dias de choco, nasceram três belos filhotes, que o macho alimentou.

Passado todos esses dias, a fêmea saiu de seu confinamento e também ajudou o companheiro na criação das pequeninas aves que, logo, se tornaram bem maiores e seguiram seus destinos, sabe-se lá por onde.

E assim, o ciclo se perpetua. O casal parte, os filhotes seguem seu destino, e em algum outro telhado, sob um novo céu de verão, recomeçará a dança da vida. Esse tema encantador continuará servindo de inspiração para poetas, compositores de moda-de-viola, seresteiros, também de escritores e cronistas, relatando, através de canções, e “proseando no conto de causos”.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

BEM-VINDO A LISBOA PORTUGAL


BEM-VINDOS A LISBOA


A bordo do transatlântico seaview, que nos trouxe desde a cidade francesa de Marselha (até ao Brasil) em uma jornada de vinte dias, pude contemplar, ao passar sob a ponte 25 de abril, cuja altura é de 70 metros, o embarque em movimento, do piloto (prático), que nos levou até o Rio Tejo. Trata-se de um Rio, que atravessa cidade de Lisboa/Portugal, levando-nos até o Terminal de Cruzeiros, onde atracamos de forma majestosa.

A cidade fica na parte ocidental da Península Ibérica, perto do estuário do Rio e, além disso, a parte mais ocidental da sua área urbana é a área geográfica mais ocidental da Europa Continental.
A cidade fica em sete morros: São Jorge, São Vicente, Sant’ana, Santo André, Chagas, Santa Catarina e São Roque.


DESCUBRA LISBOA!



É uma cidade charmosa e deslumbrante. Você poderá visitar seu centro histórico bem pequeno facilmente em um dia, (período em que o navio fica atracado), perdendo-se nas ruas estreitas do bairro de Alfama.

Construída numa série de colinas com vista para o amplo estuário do Tejo. Lisboa é a capital mais ocidental da Europa e a única que oferece vista para o Oceano Atlântico.

Visite o espetacular castelo de São Jorge: de estilo mourisco, seu muros em ruínas tem vista para outra colina, o Bairro Alto, famoso por seus bares e por sua vida noturna. (Como já estive por lá varias vezes, descrevi esse deslumbramento em crônicas que foram exibidas em sites portugueses) e em formatações em meu site: 


A torre de Belém é o símbolo de Lisboa: localizada no Rio Tejo, o monumento apresenta janelas de estilo manuelino e escadaria adornada com arcos e símbolos decorativos em memória da exploração portuguesa ao Novo Mundo.

Apresentando um estilo gótico tardio, o Monastério dos Jerônimos foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade.



QUEM NÃO VIU LISBOA, NÃO VIU COISA BOA.
Proverbio português.

Clique na frase e será remetido ao meu site, com fotos e crônicas de viagens realizadas mundo afora

segunda-feira, 2 de abril de 2018

ENCONTRE O SEU INTERIOR

VOCÊ SE ACHA UMA PESSOA FELIZ?
Como encontrar esse caminho?


Se a resposta for sim, o que faz você ser assim? 

Sua família? Seu emprego? Sua religião? Talvez esteja ansioso para encontrar uma razão, como terminar os estudos, um novo emprego ou adquirir um carro novo.

Muitas pessoas encontram certa alegria quando conseguem alcançar algum objetivo ou comprar alguma coisa que queriam tanto.

Mas quanto tempo dura essa onda de felicidade? 

Infelizmente na maioria das vezes, pouco.

Alguns já definiram a felicidade como uma sensação de bem estar que costuma durar. Ela varia desde estar contente com algo até uma profunda alegria de viver, e o natural, é querer que esse momento nunca se acabe.

Alem disso, já que não é uma sensação passageira, a felicidade é descrita, não como um destino ou objetivo a ser alcançado, mas sim como uma viagem. Alguém que diz "eu só vou ser feliz quando...", na verdade, está adiando a felicidade.

Podemos comparar a felicidade com a boa saúde. 

Como podemos ter uma boa saúde? Precisamos dar alguns passos como: ter boa alimentação, fazer exercícios e ter um estilo de vida saudável. Da mesma maneira, para sermos felizes, precisamos dar alguns passos e viver de acordo com bons princípios tais como:

Fique satisfeito com o que se tem e seja generoso;

Cuide da saúde e seja positivo;
Mostre amor e perdoe ao próximo;
Tenha um objetivo e esperança.

REFLEXÕES AO SOM DA NATUREZA

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