DEPOIS DE MUITO OBSERVAR, ENCONTREI SUA MORADA
Embora não seja a estação das flores, hoje, no jardim, deparei-me com um
resplandecente exemplar de bromélia, exibindo uma beleza arrebatadora. Para
mim, parecia um milagre, pois essa espécie desafiava o ciclo comum da natureza
ao florescer fora de época.
Curioso, fui pesquisar e descobri que a bromélia floresce apenas uma vez na
vida. Após esse espetáculo, inicia-se um novo ciclo: a planta, em um gesto de
continuidade, gera brotos laterais que tomam seu lugar.
O tempo para atingir a maturidade e florescer varia conforme a espécie e as
condições ambientais. A floração segue um padrão sazonal, mas pode ser afetada
por fatores como luminosidade e temperatura. Curiosamente, uma brusca mudança
no ambiente pode acelerar o processo, levando uma planta adulta a florescer
inesperadamente.
Isso acontece porque, ao sentir-se ameaçada, a bromélia ativa seu instinto
de preservação e desencadeia a floração, garantindo sementes e brotos para
perpetuar sua existência. Algumas espécies produzem inflorescências exuberantes
e duradouras, persistindo por meses; outras são breves, encantando por poucos
dias.
Apesar de serem vistas por muitos como parasitas, as bromélias apenas se
apoiam em outras plantas para captar melhor a luz e a ventilação. Ao me
aproximar para examiná-la mais de perto, notei que sua estrutura abriga também
outra forma de vida: insetos em uma atividade frenética, retirando pólen de seu
interior. Esse movimento incessante sugeria um elo vital com uma colmeia nas
proximidades.
Felizmente, não eram marimbondos, conhecidos por sua ferroada dolorosa.
Tratava-se de abelhas dóceis, ocupadas em sua missão de coletar alimento para a
colmeia. Pequenos seres que, sem agressividade, produziam mel caseiro para
sustentar suas crias, abrigadas nos alvéolos.
Os humanos, por sua vez, interferem nesse ciclo. Os apicultores instalam
dispositivos artificiais para forçar uma produção maior, comercializando o mel
e seus derivados.
Instigado pela descoberta, resolvi procurar a colmeia. Depois de muito
observar, encontrei sua morada: um bloco de concreto próximo ao canil.
Que ali permaneçam, livres, dentro dos princípios da natureza. Já adverti
meu caseiro, o “bicho-homem”, para que não interfira no processo e permita que
os filhotes cresçam sem perturbação.
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