A noitinha estava entrando pela minha janela, o dia se foi juntamente com os raios de sol que ainda clareavam e perambulavam minha mente; trazendo pensamentos que não estava acostumado em divagar.
Repentinamente um som da campainha despertou o meu pensamento, olhei pela janela e enxerguei a imagem de uma pessoa de aparência estranha e todo encapotado, pois o frio já se fazia presente; então, fui ver quem estava lá do lado de fora.
Chegando ao portão encarei a pessoa; depois de muito puxar pela memória reconheci aquela figura. - Era o Chicão!!! - o que aconteceu? - por que veio até aqui? - depois de tanto tempo da última vez que nós vimos? - éramos tão jovens naquela época.
Foi um tempo de juventude em que formamos esse grupo, denominado dos OITO. Nossa diversão era depois das aulas do ginásio escolar; irmos até o centro da cidade em uma lanchonete de muita concentração de jovens e por ali ficávamos até as portas se fecharem para a alegria do dono, o "Seu DADA", sim, porque ficávamos nos assentos dos seus fregueses e dali não saímos, e para alegrá-lo, pedíamos dois refrigerantes e um misto quente para dividir entre a turma, porque não tínhamos dinheiro a mesada dos pais era baixíssima.
Na última noite que lá estivemos foi para festejar o encerramento daquele ciclo de estudos; formamos um pacto de nos encontrarmos depois de cinquenta anos, escrevemos o que cada um achava que iria acontecer em uma folha de papel, para analisarmos nessa época vindoura.
Chicão continuou falando: - Passado esse período comecei a investigar a vida de cada um, constatei que seis haviam falecidos, sobraram somente eu e você; foi difícil saber onde estavam, mas consegui, cheguei até aqui por informação da Associação dos Escritores.
- Mas porque somente agora? - lembra-se da lanchonete? - daquele papel que colocamos dentro do lustre? - Acenei que sim, então resolvemos que no dia seguinte iriamos até aquela cidade que nos viu crescer em busca daquelas "profecias" que escrevemos 50 anos atrás.
Lá chegando verificamos que a lanchonete da praça não mais existia, fora demolida, no local, uma casa lotérica. Perguntamos ao proprietário etc. tal, - Falou que da antiga casa o seu DADA levou as relíquias. - Sabe onde mora? - Acho que na cidade próxima.
De momento notamos sua incredulidade e a dificuldade de nos entender, perguntamos daquele lustre que estava no salão e que tinha um papel - Sim, o pedreiro me entregou um envelope que estava escrito de uma turma etc., que se encontrariam depois dos 50 anos, está na minha gaveta, achei que vocês vinham a procurar, - Vou buscar.
O que escrevemos? Já não lembrávamos. Com as mãos tremulas; Chicão abriu o envelope. O Papel estava todo amarelado, amassado e não conseguimos ler nada, estava tudo apagado.
Diante do fato comecei a fazer uma reflexão:
Qualquer assunto vivido por nós em épocas passadas pode tratar-se da ação e do efeito ou um pensamento mais profundo, da mudança de direção ou sentido de voltar o pensamento sobre si mesmo para conhecer-se, indagar como é possível?
Nos dias de hoje vale a pena refletir sobre acontecimentos do passado?
Acesse o site abaixo e leia outros textos.
Toninho Vendramini Slides - Sergrasan