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quarta-feira, 11 de junho de 2025

LÁGRIMAS E SONHOS: A JORNADA DOS EMIGRANTES ITALIANOS



O AROMA AMADEIRADO DO VINHO

A taça de vinho repousava sobre a mesa, enquanto a cadeira de balanço embalava meus devaneios. O aroma amadeirado do vinho se misturava à nostalgia que pairava no ar, enquanto Lágrimas Napolitanas tocava suavemente ao fundo. Cada acorde da canção parecia carregar o peso da saudade e da esperança dos que deixaram suas terras.

O porto de Nápoles foi palco de incontáveis despedidas. Ali, famílias se abraçavam uma última vez, trocando olhares repletos de incerteza e promessas sussurradas ao vento. Muitos embarcavam sem saber se voltariam a ver aqueles rostos familiares, enquanto a silhueta imponente do Vesúvio permanecia como guardião silencioso de suas memórias.

Minha mente vagava entre o passado e o presente, e por um instante, senti-me transportado ao cais, como se pudesse ouvir o murmúrio dos que partiram. Lembrei-me da minha própria passagem por ali, a caminho da Ilha de Capri. Naquela ocasião, fiquei ali, imóvel, imaginando as lágrimas que haviam se misturado à água do mar.

"Quantas nos custa lágrimas esta América..."
"A nós, Napolitanos!"

A dor da despedida não era apenas física, mas existencial. Meus avós paternos e maternos não eram napolitanos, mas vieram de Veneza e Treviso, enfrentando jornadas árduas com crianças ao colo e na barriga. Em meio ao medo e à incerteza, traziam consigo um único bem que não poderia ser confiscado: a esperança.

A Itália que deixavam ainda era fragmentada, composta por pequenos reinos governados por líderes guerreiros. Somente em 1860 veio a unificação política, e, com ela, novas possibilidades. Mas para muitos, a verdadeira oportunidade estava além-mar—nas terras férteis do Brasil, onde poderiam reconstruir suas vidas.

Seus esforços não foram em vão. A Itália tornou-se uma potência econômica, impulsionada pelo trabalho incansável daqueles que ficaram e dos que se espalharam pelo mundo. Meus antepassados, como tantos outros, contribuíram para esse legado, seja nas fábricas, nas plantações ou nas cidades que ajudaram a erguer.

Minha conexão com essa história nunca se apagou. Caminhei por Veneza com minha esposa, ambos emocionados ao pisar o solo dos nossos antepassados. Descobri, tempos depois, que um antigo castelo próximo à Praça de São Marcos pertenceu à família Vendramini—um legado que ainda aguarda minha visita, guardado pela história.

Cada viagem trouxe mais fragmentos desse passado, mas o tempo sempre foi implacável, impedindo-me de concluir algumas buscas. No entanto, esse vínculo nunca se rompeu, e por isso, escrevo.

Assim nasceu "A Última Visão de Um Caboclo", um livro que eternizará essas memórias, para que as vozes dos emigrantes jamais se percam no tempo.

💫

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

A LEMBRANÇA DE UM AMIGO

A  LEMBRANÇA  DE  UM AMIGO

Páginas Amareladas

Remexendo os guardados do tempo,
encontrei um livro que dormia em silêncio,
seus versos respirando na poeira dos anos.

Na contracapa, uma caligrafia antiga,
uma dedicatória como um sussurro preso ao papel:

"À Dijanira, para que, junto com a sensibilidade do meu amigo Vendramini, possa caminhar pela estrada da minha poesia."

Afonso Celso Calicchio, outubro de 1982.

Ele, poeta e crítico, navegava mares de letras,
trilhava caminhos na Rádio Bandeirantes,
falava de escritores como quem desenha constelações.

E na política, um estrategista de sonhos,
tecendo destinos no Palácio dos Bandeirantes,
até que nossas vidas se cruzaram.

Eu trabalhava na área de Recursos Humanos
de uma grande empresa do setor alimentício,
quando um dos donos decidiu lançar sua candidatura, na área política.

Fui convocado para ajudá-lo,
mergulhando, sem perceber, em um novo universo,
o intricado jogo das alianças e dos interesses políticos.

Onze meses de estrada,

onde fiz de tudo um pouco:
santinhos impressos, camisas distribuídas,
discursos ensaiados e promessas guardadas no vento.
Ao final, o Empresário, ficou à margem—um suplente,
um nome na sombra do poder.

E eu voltei ao meu posto,
mais experiente, mais calejado,
com lições que só o tempo ensina.

Mas hoje, ao tocar estas páginas amareladas,
não é a política que me emociona,
não são as estratégias, os encontros, as campanhas.

É a poesia.

Pois foi por ela que encontrei minha esposa,
por versos perdidos que nos enamoramos,
pelas palavras que seguimos lado a lado,
criando filhos, saudando netos,
escrevendo nossa própria história.

Hoje espalho minhas crônicas pelo mundo,
na esperança de que alguém, em algum lugar,
remexa seus guardados e encontre nelas
um pedaço da sua própria memória.

E ao querido Calicchio, onde quer que esteja,
envio este abraço feito de palavras,
de saudade, de gratidão, de poesia.

Antonio Vendramini Neto

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terça-feira, 20 de maio de 2025

PONTE TORTA: MEMÓRIAS DE UM MENINO E SUA RUA

 

O retorno à Rua Encantada


Foi num dia desses, ao percorrer a velha Rua Zacarias de Góes, que senti o passado sussurrar em meus ouvidos. Como um vento familiar que atravessa os anos, a nostalgia tomou conta de mim. Parei diante da casa número 67, onde passei tantos anos da minha infância. A fachada, embora marcada pelo tempo, permanecia quase inalterada, e ali, naquele instante, a vida fez um movimento curioso: voltou-se para trás e me permitiu reviver dias que pareciam adormecidos, mas nunca esquecidos.

Família, encontros e tradição

A rua era o coração pulsante da família. Dentro de dois quarteirões, primos, tios e avós se conectavam como se aquele pequeno mundo fosse nosso reino particular. Nos almoços fartos, a mesa se tornava campo de batalha dos mais velhos, que jogavam truco com gestos exagerados e gritos em italiano. O Campo "bocha", administrado pelo meu avô “Tonella”, era motivo de orgulho e disputa acalorada, onde cada jogada exigia precisão quase cirúrgica. E, claro, tudo terminava com rodadas de vinho, cerveja e cantorias melancólicas que evocavam a distante Itália.

Travessuras e pequenos delitos inocentes

A infância era feita de ousadia e descobertas. No salão do tio João "Barbeiro", a meninada se acomodava como fregueses folgados, coçando a cabeça do velho pássaro-preto até que ele soltasse aquele grito estridente que se espalhava pela rua. O futebol no campinho da Avenida Paula Penteado era um espetáculo à parte: bolas furadas pelos vizinhos, vidraças quebradas, broncas memoráveis. Mas os furtos de jabuticaba, ah! Esses eram uma arte. Entre cercas e galhos, disputávamos cada fruta como pequenos caçadores, até que um dia recebemos tiros de sal – mas isso nunca nos impediu.

Os personagens que moldaram o bairro

Além da família, o bairro abrigava figuras inesquecíveis. O Zé Preto, com seu ranchinho e sua horta, vendia verduras para minha mãe enquanto despertava uma curiosidade ingênua em nós, com seu porte imponente e feições marcantes. O Boia Béstia, motorista aposentado, se dedicava à criação de canários que eu adorava alimentar. Havia também o tio Nicola, cuja marcenaria era um mundo à parte. Lá, as confusões eram inevitáveis, e bastava uma provocação para sua careca brilhar de raiva, resultando na expulsão sumária dos meninos travessos.

Festas e celebrações que uniam a vizinhança

Quando junho chegava, as festas da Dona Nenê transformavam a rua em um cenário vibrante. O aroma de quentão e bolo de fubá se espalhava, as luzes dos rojões iluminavam o céu, e as rezas aos santos Pedro, João e Antonio uniam os corações. Mas nem tudo era inocente: o Zé Preto, encarregado dos foguetórios, emprestava alguns para os meninos que, sorrateiros, os soltavam no quintal dos vizinhos que ousavam furar suas bolas no campinho.

O mistério da Ponte Torta

Havia um limite no mundo de um menino: a curva da Avenida Paula Penteado. Além dela, começava o território desconhecido. O Grupo Escolar Siqueira de Moraes era a primeira razão para ultrapassá-la, mas havia algo ainda mais intrigante – a Ponte Torta. Minha mãe sempre alertava sobre o perigo daquele local, e por muito tempo, só pude imaginar seu formato. Seria mesmo torta para baixo? Poderia cair no rio? Essas perguntas ocupavam minha mente até que, certo dia, desafiei meus próprios medos e caminhei até lá.

Lá estava ela. Um arco imponente sobre o rio Guapeva, coberto pelo mato que crescia em suas margens. O tempo o havia conferido uma aura antiga e solene. Percebi que, além de suas pedras envelhecidas, ela guardava histórias dos imigrantes que a cruzaram, do bondinho puxado por animais, das vidas que por ali passaram. A Ponte Torta não era apenas uma estrutura: era um testemunho, um elo entre o passado e o presente.

Memórias que nunca se apagam

Hoje, ao revisitar essas lembranças, vejo que o tempo não apaga nada. Ele apenas move as peças do tabuleiro, transformando memórias em marcos eternos. A Rua Zacarias de Góes, o campinho, as vozes dos tios e primos, os gritos do truco e a melodia dos canários – tudo isso ainda vive dentro de mim. A Ponte Torta permanece como um símbolo da infância, onde um menino, curioso e destemido, desafiou os limites do próprio mundo para encontrar histórias que jamais seriam esquecidas.

 

💢

 Como todo escritor, busco aperfeiçoar cada linha, cada texto, cada narrativa para que a experiência de leitura seja envolvente e marcante, a escrita é uma arte em constante evolução.

Se hoje meus textos ressoam mais, se envolvem mais, se alcançam mais corações, é porque sigo me dedicando a aprimorar minha forma de contar histórias. E é essa jornada de aprendizado e aperfeiçoamento que desejo compartilhar com vocês!

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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

A CIÊNCIA ADIVINHATÓRIA


Desde os tempos imemoriais, tem o homem procurado antever os efeitos de origem física, biológica e de inúmeras outras, surpreendendo as leis que os regem, agindo por intuição ou dedução, aprisionando premissas para chegar às consequências.

Existe uma faculdade extraordinária inata em alguns e que em outros pode ser exercida por processos adequados: é a adivinhação, que já imortalizou muitos profetas da antiguidade, pela exatidão das predições que fizeram e que até hoje assombram os estudiosos e observadores.

Um estudo dessa faculdade, desde os tempos pré-históricos, através dos egípcios e outros povos da antiguidade, até a moderna, que representa, sem dúvida, mais uma interessante conquista da ciência adivinhatória.

Conheça outros textos,clicando no link abaixo.


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