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quarta-feira, 16 de julho de 2025

ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS, UM SIMBOLO DE MINHAS MEMÓRIAS


As estações ferroviárias, hoje silenciosas, foram em outros tempos o coração pulsante das pequenas cidades do interior. 

Reuniam negócios, encontros e sonhos — e às vezes, até o cinema se rendia ao seu charme. Este relato é uma janela aberta para essa era perdida, vivida e recordada com afeto por quem cresceu entre trilhos e amizades genuínas. Uma história que mistura juventude, futebol, encontros improváveis e um toque de Hollywood em Louveira. Que este texto desperte nas novas gerações o encanto pelo passado e a curiosidade pelo que já foi cenário de filmes e histórias reais.

 Estação de Memórias

Em tempos antigos, quando eu cursava o antigo ginásio escolar, formamos uma turma de rapazes da mesma idade que adorava conversar. Era uma época sem celulares — hoje tão inseparáveis — e as amizades se construíam no olho no olho, nas conversas longas e nas caminhadas pelas ruas.

Entre nós, havia também algumas mocinhas que moravam em Louveira, uma pequena cidade vizinha a Jundiaí, onde resido até hoje. Louveira, conhecida por sua produção de frutas, especialmente uvas e morangos, sempre teve um charme interiorano, com suas paisagens bucólicas e a famosa estação ferroviária de arquitetura inglesa.

Certa vez, por falta de um professor, fomos dispensados mais cedo das aulas. Aproveitamos para acompanhar os colegas luverdenses até a estação, onde pegariam o trem de volta para casa. Essa caminhada rendeu boas conversas e, com o tempo, uma bela amizade entre nós.

 Um dos rapazes nos convidou para visitar Louveira. Como tínhamos um time de futebol — cheio de pernas de pau, diga-se — fomos desafiados a jogar contra o time local, o Primavera. Chegando lá, descobrimos que o adversário era quase profissional. Levamos uma surra memorável e voltamos no trem da tarde para Jundiaí, sob muitas gozações.

 A estação de Louveira era o coração da cidade. Coberta por uma estrutura inglesa, com detalhes arquitetônicos que lembravam estações europeias, ela se tornava ponto de encontro aos domingos. Ali aconteciam feiras de legumes, artesanato e o tradicional footing — o desfile das moças pela plataforma, enquanto os rapazes observavam e paqueravam.

Como estávamos quase sem dinheiro, o pai de uma das meninas, o senhor João — gerente do único banco da cidade — nos alocou em casas de conhecidos. Fui parar na casa de uma jovem simpática, e ali ouvi histórias fascinantes contadas pelo próprio senhor João.

 Ele nos falou sobre um filme americano que teve cenas gravadas na estação de Louveira. O longa era estrelado por Glenn Ford, ator canadense naturalizado americano, famoso por papéis em clássicos como Gilda (1946), Blackboard Jungle (1955) e 3:10 to Yuma (1957). Segundo o senhor João, a estação foi transformada em um cenário de faroeste, com cavalos e apetrechos trazidos de São Paulo por trem. Glenn Ford e outros artistas vieram pessoalmente para as filmagens, e a cidade parou para assistir.

O filme em questão era The Americano (1955), dirigido por William Castle. Nele, Glenn Ford interpreta Sam Dent, um cowboy texano que viaja ao Brasil para entregar touros Brahman a um fazendeiro chamado Barbosa. Ao chegar, descobre que Barbosa foi assassinado e se vê envolvido em uma trama de traições e perigos. A estação de Louveira foi usada como cenário para representar uma cidade brasileira fictícia, com ambientação típica de faroeste.

 Anos depois, já aposentado e atuando como consultor, passei a trabalhar em Valinhos, cidade vizinha que também preserva seu charme interiorano. A estrada velha que liga Jundiaí a Valinhos passa ao lado da estação de Louveira, e sempre que eu cruzava por ali, minha mente voltava àquelas cenas e lembranças.

Um dia, ao encerrar minhas consultorias em Valinhos, parei na estação de Louveira. Hoje, ela funciona como espaço cultural da prefeitura, já que os trens de passageiros deixaram de circular em 2001. A estrutura foi restaurada, mas conserva sua alma. Na bilheteria, quadros com fotos dos artistas americanos que ali estiveram decoram as paredes, como testemunhas silenciosas de um tempo que não volta.

 Assim, essa estação se tornou um símbolo das minhas memórias — de amizades, descobertas, derrotas futebolísticas e histórias de cinema. Um passado que vive apenas nas lembranças de quem teve o privilégio de vivê-lo.

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domingo, 6 de abril de 2025

CAMINHOS QUE NOS LEVARAM AO COLISEU DE ROMA











Caminhos que nos levaram ao Coliseu de Roma

Naquela manhã ensolarada, a expectativa era palpável. Sentíamos a alegria contagiante ao percorrer as ruas da eterna Roma, cidade repleta de encantos e memórias dos nossos antepassados. Caminhávamos pelas praças e vias, sentindo na pele o calor intenso do verão europeu.

De posse das informações fornecidas pelo gerente do hotel, incluindo um mapa da cidade e das linhas do metrô, caminhamos alguns metros até percebermos que a distância à estação exigia um táxi. Chegamos à praça que antecede a entrada para as galerias subterrâneas e, antes de descermos, nos permitimos apreciar a bela paisagem composta por monumentos históricos que contavam histórias de um passado de conquistas.

Próximo dali, uma fonte de águas resplandecentes chamava atenção. Os respingos refrescavam nossas cabeças, aliviando o calor e trazendo conforto à mente. Vibração e euforia tomavam conta de nós, e cada detalhe era registrado na memória. A abundância de fontes espalhadas pelas praças, abastecidas por antigos aquedutos, remetia à Roma dos Césares, imperadores que conquistaram territórios vastos e construíram o presente da belíssima Itália.

Nosso destino era o Coliseu, obra monumental iniciada pelo imperador Vespasiano e concluída por Tito. Símbolo das conquistas romanas, era palco de espetáculos que encantavam o povo da cidade, com festas pagãs marcadas por luxúria, paixão e morte. Ao nos aproximarmos, a nostalgia veio à tona, trazendo à mente momentos glorificados de outros tempos.

Descemos os degraus da estação, compramos os bilhetes no sistema automático e aguardamos o trem. E assim começou nossa verdadeira odisseia nos trilhos do metrô de Roma.

Na plataforma, não havia muita movimentação. Logo, o comboio aproximou-se rapidamente, com uma parada brusca. Enquanto eu conferia o itinerário no mapa, minha esposa Dija entrou no vagão. Para minha surpresa, as portas se fecharam em um instante, e o trem partiu acelerado. Fiquei paralisado ali na plataforma, vendo Dija se distanciar. Sua figura diminuía na janela de vidro até desaparecer completamente.

Sem saber o que fazer, lembrei-me de nosso combinado: desceríamos na estação Coliseu. Esperei cinco minutos pelo próximo trem e embarquei, imaginando o que ela estaria pensando. A preocupação era tamanha que comecei a rir alto, despertando curiosidade em quem estava por perto. A cada parada, olhava pela janela, tentando encontrá-la.

Cheguei à estação e, finalmente, avistei Dija ao longe. Meu vagão parou bem distante de onde ela estava. Tirei meu boné, acenei e corri em sua direção. Nos abraçamos com alívio, rimos muito e nos perguntamos o que faríamos se não houvesse esse reencontro. Todo o nervosismo foi esquecido ao avistarmos, à distância, o colossal teatro de arena.

E assim ficou registrada mais uma passagem engraçada e memorável de nossa viagem à Itália.

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