O dia 29 de junho amanheceu meio nublado,
“ruspioso” como diria Santo Sebastião Gasparotto. Recebi a notícia de seu
falecimento com muita tristeza, pois sua vida foi para mim, sua família, e
tantos outros parentes, sempre de alegria. Nunca o vi bravo ou aborrecido. Educou
seus filhos sem nenhuma palmada. Teve na companheira Hionícia uma lutadora
ferrenha na educação dos filhos. Lembrei-me de muitas passagens do “Tio Santo”.
Naquelas festas de fim-de-ano vestido de
mulher com meu pai Vico, faziam a alegria da criançada no salão do Tio Nicola.
Os jogos de “bocha” naquele campo feito em mutirão pela turma que meu avô cuidava.
As jogatinas de truco com aquelas gritarias, falando impropérios na língua
italiana. As pescarias em companhia do Tio Nivaldo, Vico, Gueta e a turma lá de
Banharão no rio Jaú. E outras tantas muitas engraçadas. Viveu de forma simples
e digna, foi trabalhador exemplar, marceneiro de mão cheia, construía peças que
ainda hoje estão por muitos lares de parentes, amigos e outras tantas pessoas.
Guardaremos nessas gavetas essas
lembranças e, em algum lugar muito especial, certamente, estará à fotografia do
Santo a sorrir, deixando uma saudade em nossos corações.
Salve Santo, teremos muitas histórias para
contar. Hoje eu deixo aqui o meu registro em forma de um poema, contando sua
história na visão de poeta.
A PROCISSÃO DO SANTO
Vestiu o terninho azul e arrancou aplausos da
família
Uma foto da comunhão marcou o acontecimento
Cresceu para a vida e aquele mundo tornou-se
pequeno
Olhou para trás e acenou para Giuseppe e Domenica
Amassou com os pés aquele barro vermelho
Deixou na ponte de madeira as marcas de um
tempo vivido
O rio foi um divisor de aguas e levou embora
suas fantasias
Chegou à estação Banharão
Carregou poucos pertences
Embarcou no trem azul
Ouviu os sons de ferro e aço
O ranger de madeira dos velhos vagões
Acalentou seus sonhos do carpinteiro
O Apito disparado pelo maquinista e o anúncio
do fiscal
Informou a estação de Jundiaí em sua vida
Início de outra era, a de marceneiro
Construiu peças com gavetas que guardaram suas
roupas e fotografias
Que foram mudando com o decorrer do tempo e a
moda
Dos vinte, trinta, quarenta, sessenta, e
noventa e um.
Não tem mais estações em sua vida
A última foi a do inverno
Não tem mais Santo aqui na terra
Agora é o Santo lá do céu
Vinte e nove de junho de 2013
São Pedro guiará seus passos.
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