Passei boa parte da noite mergulhado em pensamentos. As lembranças da minha
trajetória profissional ainda estavam vivas na memória, como se ecoassem no
silêncio da madrugada. Ao despertar no dia seguinte—bem depois do horário
habitual—percebi que aquele não era um dia qualquer. As homenagens recebidas na
véspera, marcando minha aposentadoria, ainda pulsavam em meu coração,
transbordando emoção.
O canto dos pássaros matinais misturava-se com as palavras de apreço que
ecoavam na minha mente. Por tantos anos, dediquei-me ao trabalho com empenho e
determinação, garantindo não apenas minha subsistência, mas também o bem-estar
da minha família. O sucesso que alcançamos foi fruto do esforço conjunto, e
essa certeza enchia-me de orgulho e satisfação.
Mas e agora? Qual caminho deveria seguir? Essa pergunta me acompanhou ao
longo do último ano da minha atividade profissional. Eu precisava encontrar
algo que preenchesse minha mente e me proporcionasse um lazer criativo. Após
muitas reflexões, compreendi que a escrita era a resposta—uma paixão que já
cultivava nos momentos de folga. E que melhor maneira de começar do que contar
a saga do meu avô italiano, que desbravou terras brasileiras com coragem e
esperança? Talvez essa história pudesse, um dia, se tornar um livro.
À medida que escrevia, memórias do cotidiano e aventuras ao redor do mundo
começaram a emergir. O desejo de registrar essas experiências me levou a
colecioná-las em contos, prosas, poesias e poemas, muitos dos quais
naturalmente se transformaram em crônicas.
Foi então que recebi um convite para compartilhar meus textos em um site. O
retorno positivo, com um número expressivo de leitores, abriu novas portas.
Passei a contribuir para antologias, revistas e jornais, tornando-me, sem
perceber, um cronista.
Mas afinal, o que é uma crônica? Minhas pesquisas revelaram que o termo vem
do latim chronica e, segundo estudiosos, nos tempos medievais, era
utilizado para narrar eventos em ordem cronológica. Dessa forma, servia como um
registro documental, preservando acontecimentos para a posteridade.
Com o passar do tempo, a crônica adquiriu uma essência literária mais leve e
dinâmica, entrelaçando elementos poéticos, líricos e até fantasiosos. Hoje,
está presente em jornais, revistas e, cada vez mais, no universo digital,
mantendo sua essência vibrante e conectada aos acontecimentos do dia a dia.
Diferente de uma notícia, a crônica não precisa ser escrita por um
jornalista; ela pertence ao olhar do escritor, que dá vida aos fatos com uma
narrativa envolvente e imaginativa. Os personagens podem ser reais ou
fictícios, e o cronista é, acima de tudo, um observador atento, que traduz a
sociedade com sensibilidade e criatividade—sempre em busca de um tema que
desperte a curiosidade dos leitores.
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Às vezes, basta abrir a janela para viver uma história. E é essa uma jornada de aprendizado e aperfeiçoamento.