"O negrito nas palavras do texto é o convite. O clique, a resposta".
Numa dessas noites memoráveis, recebi um convite de um amigo italiano para prestigiar uma caravana de conterrâneos que se apresentariam no local. Com entusiasmo, embarcamos juntos nessa jornada: ele, sua esposa, eu e a minha. Ao chegarmos, deparamo-nos com uma mesa reservada por Salvatore, nosso anfitrião.
Salvatore, já entregue ao espírito festivo, não conseguia conter sua empolgação. Cantava em sua própria mesa, gesticulando com paixão e entoando trechos como um verdadeiro amante da música. Até que, num momento de pura euforia, exclamou:
— É o Tony! Meu velho conhecido! Faz tempo que não o vejo! Olha só, com aquele paletó brilhante, digno de um grande cantor!
A cada garfada na comida e cada gole de vinho, sua animação aumentava. Até que, tomado pela euforia, decidiu ir até o palco.
Ali, fazia sinais para Tony como se quisesse gritar: Estou aqui, velho amigo! O cantor, por sua vez, gesticulava de volta, indicando que estava ocupado com sua apresentação. Mas Salvatore não se conteve. Aos poucos, aproximou-se, pedindo para ouvir esta ou aquela canção da sua região. A plateia observava a cena, divertida com sua audácia.
E foi então que, movido pelo entusiasmo, ele subiu as escadinhas do palco. Os olhares se voltaram para ele. Tony tentava, com paciência, manter o controle da situação, mas a paixão italiana de ambos se transformou numa conversa acalorada — ou melhor, numa discussão exaltada, repleta de gestos largos, vozes cada vez mais altas e exclamações típicas da língua italiana.
Num rompante inesperado, Tony, já sem saber o que fazer, arrancou seu paletó brilhante e entregou para Salvatore, como se fosse um troféu.
E, de repente, Salvatore o vestiu e começou a sapatear no palco, sentindo-se o próprio cantor! A plateia delirava, gargalhando diante da cena cômica e absurda. O gerente do restaurante, percebendo que a situação havia fugido do controle, correu até o palco para intervir. Tony, indignado, exigia seu paletó de volta. Mas Salvatore, em seu estado de euforia e já "meio alto", segurava a peça com firmeza, recusando-se a devolvê-la.
O embate atingiu seu ápice: os dois rolaram pelo palco, em uma disputa hilariante e digna de um espetáculo teatral. O público italiano vibrava, ovacionando aquela confusão absurda e divertida.
No final, o paletó rasgou-se no corpo de Salvatore. Tony conseguiu recuperar o que restava da peça, mas, ao subir novamente para cantar, percebeu que faltava uma manga. Tomado pela raiva e pelo cansaço, ele simplesmente arrancou a outra, transformando seu elegante traje num colete improvisado.
A apresentação chegou ao fim em meio a risos e aplausos. Salvatore, ainda tomado pelo espírito da noite, entrou no carro com uma manga do paletó brilhante na mão, bradando:
— Eu sou Tony agora! Ano que vem, venho cantar aqui de novo! Vou mandar fazer um paletó com essa manga como amostra para o meu alfaiate!
Deixamo-lo em sua casa com sua esposa, ainda imerso em sua euforia musical. Enquanto isso, voltávamos para casa chorando de rir.
E assim foi mais uma noite inesquecível, festiva e deliciosamente caótica — típica das celebrações italianas na bucólica cidade dos imigrantes!
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