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segunda-feira, 16 de junho de 2025

A LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO


SOU GAÚCHO LÁ DOS CONFINS DA FRONTEIRA


As lendas do nosso Brasil são inúmeras e fascinantes, especialmente nas regiões mais afastadas do burburinho das grandes cidades. Vagueiam pelos rincões e pelas matas, onde vivem na voz dos contadores, que com imaginação fértil transportam mentes por céus, terras e mares, perpetuando saberes através da crendice popular.

Em uma viagem de férias ao Sul do Brasil, mais precisamente à charmosa cidade de Gramado, na Serra Gaúcha, vivi uma dessas experiências que parecem saídas de um livro — ou de um sonho. Naquela noite gelada, saímos de um concerto musical e, para aquecer a alma, decidimos tomar um chocolate quente. Fomos orientados por um local a caminhar até a famosa “Rua Coberta”.

Seguimos a pé. Logo percebemos a estrutura característica: telhas em arco formando uma cobertura sob a qual turistas se aconchegam em bistrôs e bares, embalados por apresentações culturais. Um grupo de jovens, trajando os trajes típicos da região, animava o ambiente com canções folclóricas. Ao lado, uma fogueira ardia lentamente, cercada por espetos com carnes suculentas — aroma inconfundível da paixão gaúcha pelo churrasco e pelo chimarrão.

Em um momento especial, o cantor — alegre e altivo, com botas altas e um cajado que mais parecia um bastão mágico — executou um sapateado vibrante sobre o tablado de madeira. Aplausos ressoaram. Depois, com sotaque carregado de chão e história, anunciou a próxima canção: “O Negrinho do Pastoreio”, uma lenda do sul que, segundo ele, jamais deveria ser esquecida.

A plateia, encantada, pediu que ele contasse mais. Com um brilho nos olhos, ele começou:

“Sou gaúcho lá dos confins da fronteira, terra de bugre bravo e de lenda forte…”

E contou. Contou que no tempo da escravidão, um senhor poderoso possuía uma tropa de cavalos que era seu orgulho e sustento. Seu filho — mimado, preguiçoso e cruel — não herdara o gosto pelo trabalho, mas herdara o capricho de judiar do mais fraco. E foi assim que o Negrinho do Pastoreio, esperto menino cativo, recebeu a ingrata tarefa de cuidar da tropa, liderada por um belo cavalo baio.

Certa vez, o filho do fazendeiro espantou os animais de propósito. O menino não conseguiu recuperá-los. Acusado e injustamente punido, foi levado às coxilhas à noite e, ao não reencontrar a tropa, foi brutalmente chicoteado e deixado nu sobre um formigueiro.

Três dias depois, o fazendeiro retornou e, para seu assombro, encontrou o menino ileso ao lado dos cavalos, protegido por Nossa Senhora. Nascia ali a lenda do Negrinho do Pastoreio — guardião dos animais e das coisas perdidas.

Naquele instante, a rua escureceu. As luzes apagaram-se. Levei a mão ao bolso e percebi a falta da minha carteira. Pedi uma vela ao garçom e a acendi, como manda a tradição. Senti então algo sob meu pé: a carteira! Teria sido milagre? Coincidência?

Foi quando um tropel de cavalo ecoou pela rua. Vimos surgir da escuridão o Negrinho montado em seu cavalo baio. As ferraduras faiscavam no asfalto. Ele parou diante de mim e disse:

“Pois é, senhor... encontrou sua carteira, né? Ouvi seu pedido. Vim mostrar minha força — para que continuem acreditando na lenda.”

“Obrigado”, respondi. “Mas... quem é você?”

“Faço parte do grupo de teatro que se apresentou na peça que vocês assistiram.”

E, montado em seu baio encantado, galopou rua afora, saudando os presentes e deixando para trás um rastro de emoção.

O churrasco foi servido. Peguei minha carteira — que estava no bolso, pronta para pagar a conta. Foi então que acordei.

Estava no hotel. Ao meu lado, sobre o criado-mudo, repousava um prospecto turístico: naquela noite, haveria uma peça teatral sobre lendas gaúchas, com passeio à Rua Coberta e chocolate quente.

Nossa cultura é feita desses mistérios. Os nomes variam, os sotaques mudam, mas as histórias sobrevivem, encantam e ensinam. São um tesouro que deve ser cultivado nas escolas, passado adiante — de geração em geração — para que não se percam no tempo.

 💥

Como todo escritor, busco aperfeiçoar cada linha, cada texto, cada narrativa para que a experiência de leitura seja envolvente e marcante.

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quarta-feira, 14 de maio de 2025

UMA VIAGEM PARA ATENAS NA GRÉCIA ANTIGA

 

A PROCURA POR DIONISIO, O TEATRO.

O teatro, na Grécia antiga, teve suas origens ligadas a Dionísio, divindade da vegetação, da fertilidade e da vinha. Durante as celebrações em honra ao ‘Deus’, em meio a procissões e com o auxílio de fantasias e máscaras, eram entoados cantos líricos, que, mais tarde, evoluíram para representações plenamente cênicas, como as que, hoje, conhecemos através de peças consagradas.

Seu florescimento ocorreu e foi cultivado em Atenas, que também conheceu o seu esplendor, e espalhou-se por todo o mundo de influência grega.
Sua tradição foi herdada pelos romanos, que a levaram até as suas mais distantes províncias, sendo uma referência fundamental na cultura do ocidente até os dias de hoje.

Essa introdução que fala do teatro grego é para relatar uma situação curiosa e engraçada acontecida nas ruínas desse local, em uma viagem que eu e minha esposa realizamos, quando visitamos a Grécia.

Iniciamos nossa viagem saindo do porto de Pireaus em Atenas, em um transatlântico com bandeira grega chamado de Royal Olimpic Cruises, navegando pelo mar Jônico, parando, inicialmente, na ilha grega de Corfu. Posteriormente, veio a romântica italiana Veneza e também a medieval Dubrovnik, na Croácia.

No mar Egeu, o transatlântico cruzou o pitoresco estreito de Dardanelos, navegando pelo mar de Mármara até o estreito de Bósforo, aportando na exótica Istambul, na Turquia. No retorno, rumamos até as famosas ilhas gregas Mykonos e Santorini e, depois, para Atenas.

Em terra firme, visitamos Atenas, capital da Grécia e berço da civilização. É uma cidade cheia de vida, onde o antigo e o moderno coexistem. Começamos o primeiro dia de passeios, partindo do centro da cidade em uma viagem de metrô, com destino à estação de Acrópolis. Ali fica todo o complexo das ruínas, destacando-se o majestoso Parthenon, erguido por cima da cidade cuja glória ainda é visível nas suas pedras gastas.

Antes de iniciarmos o passeio, realizado em dois longos dias, adquirimos uma cartela em forma de bilhete que é fracionado para cada templo ou ruína do complexo visitado.

O primeiro local foi o templo Erechtheion, de onde se podia desfrutar um visual magnífico; logo, em uma de suas extremidades, nos detemos no belo pórtico de Karyatids, em que as deusas em forma de estátuas “seguram” o que restou da cobertura; depois, veio o teatro de Odeon, no qual, até hoje, acontecem espetáculos noturnos de rara beleza, em um palco adaptado nas ruínas.

No local, notava-se, desde muito longe, os focos de luzes sobre as muralhas, com o som reverberando por todo o morro, dando a impressão de que os deuses todos se reuniram naquele momento para anunciar toda a magnitude de uma época que ficou distante do nosso atual calendário.

No segundo dia, começamos pelo templo Athena Nike e outros mais, até que encontramos o tão aguardado museu da Acrópolis. Foi tanta emoção que quase perdemos o fôlego ao ver os vestígios de extrema beleza! Entrava em nossas mentes uma mistura de emoção e culto à cultura que, armazenando imagens, ficarão para sempre gravadas em nossas lembranças. Foi tudo muito deslumbrante, a história desfilava ante nossos olhos.

Caminhando pelos corredores, vislumbramos um portal esplendoroso onde contemplamos as estátuas dos deuses que estavam no alto do Parthenon e que foram derrubadas por um forte terremoto; os fragmentos foram montados e expostos no museu, onde estavam sob uma robusta proteção eletrônica.

Nesse momento, o som estridente de uma sirene ecoou pelo local; alguém deve ter tocado em um dos artefatos e o alarme foi disparado. Olhando para frente, percebi que fora minha esposa quem havia tocado em um dos objetos, pois vi um dos seguranças do local advertindo-a, explicando que, em todo o recinto, havia alarmes extremamente sensíveis.

Depois do corre-corre, falamos em “enrolês” (mistura de inglês e português), que não sabíamos ler aqueles cartazes na língua grega alertando sobre o alarme. Foram muitas risadas, mas seguimos adiante para uma última parada que seria o teatro Dionísio.

Anda para lá, para cá, perguntávamos alguma coisa e só recebíamos informação na língua grega. Ali, naquele momento, percebemos que o ditado existente no Brasil “tá falando grego?” é a pura verdade, pois não entendíamos uma só palavra.

Descemos um morro e chegamos à entrada do complexo e perguntamos de novo para um transeunte - parecia uma figura de outros tempos, vestindo trajes da antiquíssima civilização.

Arrisquei um inglês meio maroto e ele respondia em grego; ou seja: não entendíamos nada! Depois de muitas tentativas, começamos só a falar: DIONÍSIO, DIONÍSIO, DIONÍSIO! Nesse momento, apontou com o dedo para o outro lado do complexo; era uma rua com muitos veículos e, para atravessar, foi um sufoco, pois o trânsito grego é de arrebentar qualquer pedestre e motoristas estrangeiros que se metem a dirigir por lá.

Fomos para lá ver o tão aguardado teatro, mas percebemos que saímos do complexo; estávamos em uma rua com aquele trânsito louco... Então, avistamos um letreiro bem grande “DIONISIO’S – TYPICAL RESTAURANT, GREEK FOOD” (Restaurante Dionísio, comida típica grega).

Demos belas gargalhadas e retornamos ao complexo, em busca do teatro, até que vimos umas estátuas simbolizando a época, emoldurando o palco que se parecia com uma arena; enxerguei até uma placa escrita em grego, (só entendi Dionísio), indicando o local. 

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segunda-feira, 12 de maio de 2025

A FOGOSA LOCOMOTIVA DO TEMPO


FOI COMO EM UM PASSE DE MÁGICA



PRÓLOGO

Como em um passe de mágica, desprendeu-se de seu passado. Toda imponente e barulhenta surgiu na curva do tempo com o som aturdido e abafado, espantando algumas aves que permaneciam à beira da estrada e, para impressionar ainda mais, soltou um apito estridente anunciando a chegada à estação da recordação.

Tudo isso vinha acompanhado de uma fumaça um pouco enegrecida que saia pela chaminé como se fosse um imenso rolo, resultado do esforço descomunal de seu corpo que se apresentava como uma fornalha incandescente, produzindo vapor para alavancar as rodas e movimentar aqueles vagões pelas cidades e sertões em busca do relacionamento entre as pessoas e o progresso produtivo que transportava.

O maquinista e o seu ajudante com o tradicional uniforme sujo de graxa e óleo observavam os manômetros e outros medidores de pressão, espalhados sobre a caldeira e, através do buraco de entrada do combustível, o ajudante ia jogando pequenas toras de lenha na fornalha, para saciar a sede e a fome da imensa máquina obcecada na produção do vapor.

AS LEMBRANÇAS...

Tudo isso remete ao meu tempo de menino, quando na estação de trem da velha Banharão, (hoje não existe mais), tive a oportunidade de ver uma composição capitaneada por uma Maria-Fumaça, ainda operando naquela época, transportando gado naqueles vagões fedorentos, mais bonito de se ver.

Esse passado jamais se apagará de minha memória. Eram as férias que passávamos na fazenda de café do meu avô Giuseppe, situada na cidade de Jaú, onde nasci. Essa época, não muito distante, foi extremamente nostálgica para mim, fez-me divagar e caminhar um pouco pelas estradas de ferro.

Esse tipo de transporte trouxe muitos acontecimentos importantes da nossa história, ajudando a colocar o nosso glorioso Estado de São Paulo, como um dos pioneiros dessa imensa nação.

Assim sendo, durante muitos anos, São Paulo foi forte por causa do café, e chegou onde está porque as ferrovias foram projetadas e baseadas nesse produto, e até hoje, o Brasil é um dos grandes produtores.

Não poderia deixar de mencionar também o transporte de outros materiais e de passageiros, importantíssimos como fator de colonização e oportunidade para que as pessoas pudessem viajar de um ponto a outro, trazendo novos horizontes, de forma a aumentar suas oportunidades de melhoria de vida, baseadas nos interesses dos barões do café.

Após o declínio dessa cultura, a modernização das ferrovias ficou para trás e, aliada ao custo de manutenção, deu lugar a indústria automobilística que levou a degradação muito rápida, o que é uma pena.

Hoje o Brasil está “montado sobre quatro rodas”, e as estradas de ferro foram totalmente extintas e encontram-se sucateadas em galpões e algumas peças nos museus especializados, como em Jundiaí, na antiga Companhia Paulista.

Para não esquecer esse passado, recordo-me da antiga estação de Jundiaí, de onde partíamos para aquelas férias maravilhosas, e ficávamos “arranchados” no casarão dos meus avôs maternos Giuseppe e Domingas, na velha Banharão, distrito da cidade de Jaú, (oh! quantas saudades).

Para escrever essa crônica, estive na estação de Jundiaí em busca de uma foto para ilustrar a matéria e o que encontrei foi apenas uma locomotiva da antiga sorocabana que não me entusiasmou. O que eu vi foi muita desolação, a locomotiva é hoje utilizada apenas para um trem de subúrbio que percorre a cidade de Jundiaí até arrabaldes de São Paulo.

Para enaltecer esse passado glorioso, busquei nos arquivos do Museu Ferroviário, alguma citação sobre a história da Cia Paulista e a estação de Jundiaí e, pude anotar algumas que transcrevo aqui:

A linha tronco da Cia. Paulista foi aberta com seu primeiro trecho até Campinas, em 1872. A partir daí, foi prolongada até Rio Claro em 1876 e depois continuou com a aquisição da E.F. Rio-Clarense em 1892. Prosseguiu com sua linha, depois de expandi-la para a bitola larga até São Carlos em 1922 e Rincão em 1928.

Com a compra da seção leste da São Paulo-Goiaz em 1927, expandiu a bitola larga por suas linhas, atravessando o rio Mogi-Guaçu até Colômbia, cruzando-a de volta até Bebedouro em 1929, chegando finalmente, no Rio Grande em 1930, onde estacionou. Em 1971, a FEPASA passou a controlar a linha, e tudo se acabou...

Os últimos trens trafegaram pela linha até março de 2001, apenas no trecho Campinas-Araraquara.

Com relação à estação, foi inaugurada em 1898, aproveitando um prédio já existente no local, que ficava no final dos terrenos das oficinas da ferrovia, hoje ao lado de um dos viadutos (Ponte São João).

OS PASSEIOS...

Para lembrar ainda mais esse período, recordo-me agora de dois passeios efetuados através de um comboio, carreados por Maria-Fumaça, denominados turísticos, encantando os passageiros até nos dias de hoje, esbanjando muita categoria. O Primeiro foi partindo da estação de Anhumas até Jaguariúna, que nos tempos antigos era o caminho percorrido pelos Bandeirantes, tropeiros e boiadeiros, rumo a Goiás e Mato Grosso.

Para não fugir à regra, esse ramal ferroviário floresceu com os engenhos de cana-de-açúcar e, depois, das enormes plantações de café.

Foi um dia maravilhoso, com muitos componentes da família e amigos dirigindo-se em um microônibus para a estação, onde o mano Luizinho nos aguardava com a Geralda, para iniciarmos a maravilhosa viagem naquele comboio até a cidade de Jaguariúna, culminando com um almoço espetacular no chamado “Bar da Praia”.

Pude ver e sentir com emoção a velha Maria-Fumaça expelindo fogo e brasas pela chaminé que caiam sobre os vagões que acompanhavam a paisagem em uma marcha lenta, mas muito elegante, enquanto ao meu lado um guia da viagem ia contando fatos daquela época.

O pensamento naquele momento foi transportado para a fundação da cidade, onde, por de trás de tudo, havia sempre um coronel; no caso em questão foi o Amâncio Bueno (primo de Campos Salles, que foi presidente da República), que cedeu o terreno para construir a estação em suas terras, atualmente Fazenda Serrinha.

Outro passeio não menos espetacular foi com minha esposa Dijanira La pelas bandas do Rio Grande do Sul, mais precisamente no trecho que vai de Bento Gonçalves a Carlos Barbosa, passando por Garibaldi.

Esse trecho foi recuperado, incluindo toda a composição, em especial a velha Maria Fumaça, que estava abandonada como uma sucata ferroviária. Faz o trajeto referenciado de 23 km, com uma velocidade de 30 km em uma hora e trinta minutos.

O passeio é todo animado por músicos e artistas, com muita degustação de vinho e champagne (na parada em Garibaldi), além de corais Italianos.

Muitos turistas fazem essa viagem. A Maria Fumaça da Serra Gaúcha é o maior sucesso ferroviário de um país que não anda mais nos trilhos!     


The End

🔅Acredito que a escrita é uma arte em constante evolução, refinada pelo hábito, pela observação e, principalmente, pelo desejo de transmitir emoções e ideias de forma mais autêntica. 

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

O CAIXEIRO VIAJANTE E O SARGENTO




DEPOIS DO JANTAR COMEÇOU ARRUMAR A MALA

Valdemar era um paulistano da gema, homem educado e bem vivido. Sempre impecável, trajava ternos alinhados, mantinha a barba e o cabelo aparados, unhas cortadas e sapatos engraxados com brilho de espelho. Como caixeiro-viajante, sabia que a primeira impressão fazia toda a diferença, e, antes de visitar clientes, aplicava uma loção discreta, garantindo que sua presença fosse memorável.

Tinha o dom da persuasão e uma clientela fiel espalhada pelo interior do estado e pelo sul de Minas Gerais. Seu talento para vender produtos vinha não apenas de sua eloquência, mas da forma elegante como conquistava seus fregueses.

Na manhã de segunda-feira, enquanto se preparava para sair, disse à esposa, Alzira, que o ouvia com um sorriso no rosto:

— Hoje à noite viajo para o sul de Minas. Volto na quinta-feira. Prepare um bom jantar, porque vou sentir falta da sua comida.

Chegou apressado para jantar por volta das oito da noite, querendo se acomodar rapidamente para assistir ao jogo de seu amado Corinthians, onde Ronaldo Fenômeno prometera marcar dois gols. Entre garfadas e goles de suco, Valdemar antecipava sua torcida.

Depois do jantar, começou a arrumar a mala. Entre uma peça de roupa e outra, dividia sua atenção com o jogo. Sempre que parecia monótono, corria para o quarto pegar mais roupas, garantindo que não perderia nenhuma jogada importante. Foi então que Ronaldo marcou o primeiro gol, e Valdemar veio correndo para a sala, lamentando:

— Maldição! Perdi o gol! Será que vão repetir a jogada?

Na repetição, vibrou e provocou Alzira:

— Não é que o gordo está cumprindo a promessa? Só falta mais um!

Em meio à empolgação, lembrou-se de pegar um par de sapatos sobressalentes. Abriu a sapateira e, no momento em que segurava o calçado, ouviu o locutor gritar animado:

— Gol de Ronaldo!

Valdemar correu para a sala, pulando como um garoto, abraçou Alzira e, no meio da empolgação, jogou-lhe um tapa brincalhão.

Foi então que, ao tentar guardar os sapatos, percebeu que estavam sujos. Queria trocá-los, mas o jogo estava tão emocionante que desistiu. Decidiu limpá-los depois e os deixou perto da cortina, junto à parede.

— Vou embora. Beijo, amor! Vou ouvir o resto do jogo no rádio do carro.

Saiu apressado, enquanto Alzira, já sonolenta, foi para o quarto. Mas, no meio da madrugada, foi despertada por vozes estranhas.

Sentiu o coração acelerar. Seria um ladrão?

Foi na ponta dos pés até a sala, onde o som persistia. “Valdemar foi embora e não desligou a TV”, pensou aliviada. Mas, quando se aproximou, viu, sob a cortina, os sapatos que ele esquecera. O sangue gelou.

“Aquilo não é só um sapato… tem alguém atrás da cortina!”

O medo tomou conta. Com mãos trêmulas, discou o número da polícia e pediu urgência. Quinze minutos depois, bateram à porta.

Era o sargento Nepomuceno, um homem corpulento e de expressão rígida.

— O bandido ainda está aqui? — perguntou, sacando o revólver.

— Sim! Veja ali, atrás da cortina!

Com precisão, Nepomuceno avançou na ponta dos pés. Em um movimento rápido, puxou a cortina, pronto para dar voz de prisão…

E encontrou o quê? Nada. Apenas o par de sapatos.

Alzira ainda tremia, mas logo caiu na risada, percebendo o equívoco. O sargento relaxou, mas seus olhos passaram a percorrer lentamente o corpo da mulher, observando cada detalhe com uma intensidade desconfortável.

Ele prolongou a conversa, pedindo café, elogiando a casa, desviando o olhar para a peça de roupa íntima que contrastava com o tecido preto da capa rendada.

— Sabe, dona Alzira, sustos assim fazem a gente precisar de um bom café. E se tiver algo doce, melhor ainda.

Ela percebeu a indiscrição e rapidamente encerrou a conversa, sem atender ao pedido. Mas o sargento não se deu por vencido e continuou ali, como se esperasse que a situação lhe oferecesse uma chance maior.

— Esse tipo de situação deixa a pessoa nervosa… Bom mesmo seria um copo d’água para acalmar.

Ainda hesitante, Alzira virou-se para pegar a água, mas com a sensação incômoda de que os olhos do sargento a seguiam como uma sombra. Quando voltou, ele sorriu com um jeito que parecia ultrapassar o limite da mera gentileza.

— Ah, dona Alzira, como tem gente descuidada por aí, não é? Melhor manter as portas bem trancadas.

Ela agradeceu e pediu que ele se retirasse, tentando esconder o desconforto que tomava conta dela. Sem alternativa, Nepomuceno saiu, mas Alzira sabia que não seria a última vez que o veria.

Passado mais um dia, escutou batidas na porta da sala. Ficou temerosa e verificou se estava vestida adequadamente antes de perguntar:

— Quem é?

— É o sargento Nepomuceno; vim trazer os sapatos do seu marido, posso entrar?

Seu coração disparou. Ele havia levado os sapatos intencionalmente?

— Pode deixar aí fora, depois eu pego.

— Mas eu limpei e engraxei, ficaram brilhando! Abra a porta para ver.

Agora ela sabia que ele estava apenas buscando mais uma desculpa para entrar.

Rapidamente, pegou o telefone e ligou para a delegacia, denunciando o sargento e sua insistência. Mas, quando voltou para verificar, não havia mais resposta.

Girou a chave, abriu a porta com cuidado…

Os sapatos estavam na soleira...

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sexta-feira, 3 de março de 2023

A FELICIDADE

 


A


FELICIDADE

É nosso objetivo na vida alcançar a felicidade, mas como obtê-la? 

Quanto mais a procuramos egoisticamente, pensamos em nós próprios e buscando-a nas coisas terrenas, acabamos  nos distanciamos dela. 

Depois de muito sofrer, vamos descobrir que ela consiste no nosso progresso espiritual, nas aquisições morais em aumentar  o cabedal das nossas boas ações, na nossa consciência tranquila e no equilíbrio das nossas emoções. 

Assim sendo, saberemos compreender a bondade infinita de Deus e teremos confiança  na sua justiça e sabedoria eterna. 

Enquanto o egoísmo, a vaidade e os ódios estiverem imperando nos nossos corações, não alcançaremos de modo algum a felicidade. 

Construamos então na rocha firme de nosso espirito, porque os alicerces são eternos!

A felicidade consiste na solidariedade edificante, no "Amai-vos uns aos outros ", como nos ensinou Jesus. Em resumo, a felicidade gloriosa consiste me fazer ou outros felizes. 

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Clique na frase ABAIXO e será remetido a outros textos formatados e com musicas no meu site:

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

SEMPRE À MÃO

UM POUCO DE HISTÓRIA 

 

Se você procurar o inventor do saca-rolhas, é possível que encontre o nome do reverendo inglês Samuel Henshal atrelado ao feito. 

Em 1795, ele registrou a primeira patente oficial, mas a história desse objeto tão importante na vida dos amantes do vinho é um pouco mais antiga. 

Inspirado em um instrumento de guerra para limpar canos entupidos dos mosquetes que não disparavam, a primeira referência a ele como ferramenta para sacar rolhas aparece em um catálogo de um museu no ano de 1681. 

Ao longo dos séculos, evoluiu conforme as garrafas de vinhos, a produção e o armazenamento tambem melhoraram, e hoje já são mais de 300 patentes diferentes. 

Atualmente, existem diversos modelos de saca-rolhas disponíveis no mercado.


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terça-feira, 17 de agosto de 2021

O MELHOR PERFUME

 O MELHOR PERFUME


Hoje existem edifícios mais altos e estradas mais largas,

porém temperamentos pequenos e pontos de vista mais estreitos.

Gastamos mais, porém desfrutamos menos.

Temos casas maiores, porém famílias menores.

 

Temos mais compromissos, conhecimentos, porém menos tempo.

Multiplicamos nossos bens, e reduzimos nossos valores humanos.

Falamos muito, amamos pouco e odiamos demais, mas não conseguimos atravessar a rua e conhecer nosso vizinho. Conquistamos o espaço exterior, porém não o interior.

 

É tempo de mais liberdade, porém de menos alegrias, mais comida, porém menos vitaminas....

Por tudo isso, proponho que de hoje e para sempre...não deixe nada “para uma ocasião especial”,

porque cada dia que você viver será uma ocasião especial.

 

Sente na varanda e admire a paisagem apesar das tempestades.

Passe mais tempo com sua família e com seus amigos,

coma sua comida preferida, visite os lugares que ama.


Não guarde seu melhor perfume, é bom usá-lo cada vez que sentir vontade.

Elimine de seu vocabulário as frases “Um desses dias”, “Algum dia”.

 

Escreva aquela carta que pensava escrever “Um desses dias”.

Digamos a nossos familiares e amigos o quanto os amamos.

 

Por isso não protele nada daquilo que somaria a sua vida sorrisos e alegria.

Cada dia, hora e minuto são especiais... e você não sabe se será o último.



ACESSE O LINK E SERÁ REMETIDO AOS MEUS TEXTOS SOBRE VIAGENS MUNDO AFORA

Toninho Vendramini Slides - Sergrasan

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O TEU DIA DE HOJE...

Tudo chega a tempo àqueles que sabem viver.
Viver significa engrenar no ritmo do amor que pulsa em teu ser, deixando-te levar pelas águas mansas que tudo banha com sua compreensão, fidelidade e quietude.

O teu dia de hoje muito te trouxe...
Talvez hoje, talvez amanhã,
perceberás quanto aprendeste com ele.


A cada dia aprendes algo que contigo fica, consciente ou não, a iluminar teus passos rumo a tua verdade, a tua evolução espiritual.


Dá oportunidade para que este dia te traga
o que precisas aprender,
o que precisas provar e sentir.

Dá oportunidade para que estejas no lugar certo e na hora exata quando a ti chegar a brisa que te revelará frente a ti mesmo.
Viver significa crescer, construir!

Cada passo, cada palavra, cada ato
produz um efeito.

Aprende a dar amor, a dar alegria,
a dar compreensão, e teus dias
espelharão a tua fronte doce e risonha,
trazendo-te o que necessitas para estar tranquilo e fluindo no mais profundo amor.


Para ver textos formatados e musicados, clique ao lado direito no titulo: VIAGENS MUNDO AFORA.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O PEDREIRO


Revendo os meus guardados de quando atuava profissionalmente, deparei-me com uma lamina que utilizava como palestrante, incentivar as pessoas, objetivando que escolhessem uma profissão com sabedoria. 

Agora, após minha aposentadoria, continuo com o firme propósito em divulgar aos que começam na vida profissional, uma história de reflexão.

O PEDREIRO 

 

Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se aposentar. Ele informou o chefe, do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com sua família.

Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar. A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro, mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e ele pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto como um favor.

O pedreiro não gostou de mas acabou concordando. Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a ideia. Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados.

Foi uma maneira
negativa dele terminar a carreira. Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa construída. Depois deu a chave da casa ao pedreiro e disse: "Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você".  O pedreiro ficou muito surpreendido. Que pena! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo
diferente.

O mesmo acontece conosco. Nós construímos nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, nós descobrimos que precisamos viver na casa que nós construímos. Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente. Mas não podemos voltar atrás. Tu és o pedreiro.

Todo dia martelas pregos, ajustas tábuas e constróis paredes. Alguém já disse que: "A vida é um projeto que você mesmo constrói".  Tuas atitudes e escolhas de hoje estão construindo a "casa" em que vais morar amanhã.

PORTANTO A CONSTRUA COM SABEDORIA!

Agradeço pela oportunidade que me foi dada para evoluir.


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

MARSELHA



DESCUBRA MARSELHA

Continuando nossa travessia Europa Brasil, chegamos a terras francesas. A estibordo do transatlântico, enxergamos Planier, uma ilha natural, localizada perto do porto de Marselha, uma atração para os turistas que passam pela região, também mencionada no famoso livro,

”The Count of Monte Cristo”, 

é um romance da literatura francesa escrita por Alexandre Dumas.


Marseille é a segunda cidade mais populosa da França (cerca de 1.000.000 de habitantes) é a mais antiga.




A margem do mar mediterrâneo dedicou-se à atividade marítima e comercial: por isso, é hoje, o maior porto comercial. É uma cidade cultural, e de fato foi eleita Capital Europeia da Cultura.

É também é considerada a cidade da arte e da história. 

O Hino nacional da França, La Marseillaise, tem este título por causa das tropas revolucionária dessa importante cidade.

Pronto para passear pelas ruas da metrópole?  

Começamos pelo bairro Le Panier, o mais antigo, é cheio de pequenas ruas estreitas e íngremes, com muitas lojas e elegantes restaurantes e cafés. É o coração antigo de Marselha, a típica Vielle Ville da Riviera Francesa.

A cidade é um exemplo de multiculturalismo e dinamismo.

Admiramos a vista do Porto Velho, no promontório Fort Saint-Nicolas, e visitamos a Notre-Dame-de-la-Garde, o mais importante dos marcos da cidade, localizado no topo na colina.




Desde Marselha, começamos nossa jornada de descoberta da fascinante Aix-em-Provence, mergulhamos na história de Avignon.

 Suas muralhas medievais baixas cercam a cidade antiga, fechando em um ângulo que acompanha a curvatura no rio Ródano. Em um tour especial, visitamos as encantadoras cidades/vilarejos de; Isle-Sur-La-Sorgue, Gordes e Roussillon, que mostraremos em outras postagens.

As magistrais cores de Provença atraíram muitos artistas.

O pequeno porto de L’Estaque, no final na baía de Marselha, foi um refugio para Renoir, Braque, Dufy e Cézanne, que pintaram muitos ângulos da agua em todas as estações.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

ENCONTRE O SEU INTERIOR

VOCÊ SE ACHA UMA PESSOA FELIZ?
Como encontrar esse caminho?


Se a resposta for sim, o que faz você ser assim? 

Sua família? Seu emprego? Sua religião? Talvez esteja ansioso para encontrar uma razão, como terminar os estudos, um novo emprego ou adquirir um carro novo.

Muitas pessoas encontram certa alegria quando conseguem alcançar algum objetivo ou comprar alguma coisa que queriam tanto.

Mas quanto tempo dura essa onda de felicidade? 

Infelizmente na maioria das vezes, pouco.

Alguns já definiram a felicidade como uma sensação de bem estar que costuma durar. Ela varia desde estar contente com algo até uma profunda alegria de viver, e o natural, é querer que esse momento nunca se acabe.

Alem disso, já que não é uma sensação passageira, a felicidade é descrita, não como um destino ou objetivo a ser alcançado, mas sim como uma viagem. Alguém que diz "eu só vou ser feliz quando...", na verdade, está adiando a felicidade.

Podemos comparar a felicidade com a boa saúde. 

Como podemos ter uma boa saúde? Precisamos dar alguns passos como: ter boa alimentação, fazer exercícios e ter um estilo de vida saudável. Da mesma maneira, para sermos felizes, precisamos dar alguns passos e viver de acordo com bons princípios tais como:

Fique satisfeito com o que se tem e seja generoso;

Cuide da saúde e seja positivo;
Mostre amor e perdoe ao próximo;
Tenha um objetivo e esperança.

A INSENSATA MORDAÇA

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