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sábado, 2 de agosto de 2025

'FELUCAS, CHÁ DAS CINCO E SÓCRATES: UMA TRAVESSIA PELO RIO NILO'

 

Uma crônica divertida e encantadora sobre descobertas, encontros improváveis e o charme eterno do Egito


 Prefácio

Viajar é mais do que deslocar-se no espaço — é atravessar fronteiras culturais, mergulhar em histórias e, às vezes, viver situações tão inusitadas que só poderiam acontecer longe de casa. Nesta crônica, compartilho uma aventura vivida às margens do Rio Nilo, onde o passado milenar do Egito se mistura com o inesperado humor de um beduíno fã de futebol brasileiro. Prepare-se para navegar por paisagens deslumbrantes, templos sagrados e uma travessia que terminou com um grito: “Socorôto!”

 A NOSSA AVENTURA:

Estava em Aswan, cidade encantadora ao sul do Cairo, onde o Nilo se divide em dois canais por causa da Ilha Elephantina — uma faixa de terra de 1.500 metros de comprimento que parece flutuar entre o passado e o presente. Visitamos o Museu da Núbia, o Jardim Botânico, o Mausoléu de Agha Khan, o Obelisco Inacabado e o templo de Philae, cada um com sua aura de mistério e beleza.

Nos hospedamos em um hotel construído sobre uma impressionante prateleira de granito, com vista para a ilha. Foi ali que Agatha Christie se inspirou para escrever Morte no Nilo. No terraço, tomamos o tradicional chá das cinco, enquanto observávamos as felucas deslizando suavemente pelo rio, como se dançassem com o vento. O entardecer parecia pintado à mão.

As felucas — embarcações tradicionais de madeira com velas triangulares — ainda são muito usadas por quem busca uma travessia tranquila e silenciosa. No dia seguinte, decidimos cruzar o rio em uma delas, evitando os barcos a motor. Fomos recebidos por um beduíno vestido com túnica, turbante e chinelos típicos. A negociação da travessia foi um espetáculo à parte: gestos, sorrisos e uma tentativa de comunicação que mais parecia um jogo de mímica.

Ao dizer que éramos brasileiros, tentei ilustrar com um chute imaginário, como se estivéssemos em um campo de futebol. O beduíno sorriu, e seguimos viagem. Na volta, ele nos esperava no ancoradouro, empolgado, gritando: “SOCORÔTO! SOCORÔTO!” — e fazendo gestos de chute com entusiasmo.

Com meu inglês de turista e a ajuda de muita intuição, entendi que ele era fã de futebol brasileiro e admirador de Sócrates, o icônico jogador da Seleção. “SOCORÔTO DU BURAZIRO!”, repetia ele, com brilho nos olhos. Ao desembarcar, veio até mim, falou algo em árabe como se fosse um segredo, bateu nas minhas costas e apertou minha mão com força. Um gesto de amizade universal.

 O Gran Finale:

Aquela travessia pelo Nilo foi mais do que uma simples travessia. Foi um encontro improvável entre culturas, uma celebração da paixão pelo futebol e uma lembrança de que, mesmo em terras distantes, o Brasil vive no coração de muitos. E que Sócrates, com sua genialidade, ainda inspira sorrisos — até mesmo nas margens do Nilo.

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terça-feira, 6 de maio de 2025

O SEGREDO DO VICO - MEU PAI

 

 A Guerra que Nunca o Levou

No Centro meu avô - a sua direita, de terno branco - Meu Pai

Certa noite, meu velho avô, já fragilizado pela idade e pelo tempo, chamou-me para perto. Compartilhávamos o mesmo quarto, e talvez por isso, sentisse que eu era a única pessoa a quem poderia confiar um segredo que guardara por toda a vida.

Com voz baixa, quase hesitante, ele revelou o motivo do apelido de seu filho mais novo, o Vico. Muitos haviam perguntado ao longo dos anos, mas meu avô sempre evitava contar a história por completo. E quando começou a falar, percebi que não era apenas um apelido, mas um símbolo de uma época marcada pelo medo e pela incerteza.

Meu pai era o caçula de nove irmãos—sete irmãs e dois homens. Pequeno e franzino, cresceu cercado pelas irmãs, enquanto seu irmão mais velho, Joaquim, já sentia o peso da idade e trabalhava incansavelmente nas lavouras de café que pertenciam ao meu avô. Como sua mãe havia falecido cedo, foram as irmãs que praticamente o criaram, e no lar ele não precisou se ocupar com trabalhos pesados.

O apelido veio por sua baixa estatura. Na língua italiana, Vico significa "beco estreito e pequeno", e foi assim que ele passou a ser chamado. Mas o verdadeiro peso dessa história se revelaria anos depois, quando a guerra cruzou o caminho de nossa família.

Veio então o ano de 1939. Meu pai tinha apenas 18 anos quando começaram os rumores de recrutamento para a Segunda Guerra Mundial. Participava do Tiro de Guerra, uma espécie de treinamento militar de meio período, enquanto o restante do dia trabalhava na plantação de café. Mas o medo rondava a casa como uma sombra crescente.

As notícias eram assustadoras. Jovens estavam sendo retirados de suas propriedades e levados para lutar na Itália. Meu avô, desesperado, sabia que, se meu pai fosse convocado, seu irmão Joaquim ficaria sozinho na roça, e as terras da família poderiam ruir sem o trabalho árduo que sustentava tudo.

Foi então que a decisão foi tomada: 

Esconder Vico a todo custo.

A princípio, meu pai não queria fugir. Queria lutar, queria estar entre os soldados que protegiam a pátria. Mas seu desejo esbarrava na realidade de nossa família e no desespero de meu avô, que via naquela guerra um destino cruel e sem escolha.

A partir daquele momento, ele desapareceu das ruas. Abandonou o treinamento, deixou de aparecer na cidade. 

Seu esconderijo foi montado entre as lavouras de café, onde o medo se misturava ao cheiro da terra.

As irmãs tornaram-se suas protetoras. Todos os dias, levavam comida, certificavam-se de que ele não fosse descoberto. Lá, no meio das plantações, criaram um colchão improvisado de palha de milho, onde ele passava as horas tentando não pensar no que poderia acontecer se fosse encontrado.

O medo era sufocante.

Meu pai não falava muito sobre isso, e talvez seja por isso que apenas eu saiba essa história. Os anos passaram, mas o pavor daquele tempo nunca deixou de assombrá-lo.

A cada dia, novas notícias de recrutamento chegavam. Os soldados vinham buscar os jovens, e ele ficava imóvel em seu esconderijo, rezando para não ser o próximo.

O silêncio das terras de café era quebrado apenas pelo som do vento e pelos passos das irmãs que vinham garantir que ele ainda estava ali.

E então, a notícia final chegou: os que foram levados embarcaram em navios para a guerra.

O destino decidiu poupá-lo, mas não sem cicatrizes invisíveis. Meu pai, apesar de tudo, dizia que gostaria de ter ido. Mas o governo priorizou os descendentes italianos, aqueles que haviam chegado ao Brasil como colonos, deixando de fora muitos brasileiros que, como ele, poderiam ter partido sem retorno.

Essa foi a história que ficou enterrada no tempo. Uma passagem marcada pelo medo e pela sobrevivência, que apenas eu conheço, porque meu avô escolheu confiar em mim para contá-la.

Agora, finalmente, posso registrá-la. Para que meus irmãos, filhos e netos saibam que, por trás do nome Vico, existe um capítulo de guerra que nunca aconteceu—mas que, mesmo assim, deixou marcas eternas.

🔅Se hoje meus textos ressoam mais, se envolvem mais, se alcançam mais corações, é porque sigo me dedicando a aprimorar minha forma de contar histórias. E é essa jornada de aprendizado e aperfeiçoamento que desejo compartilhar com vocês!

🙏O seu retorno, me motiva a buscar sempre o melhor.

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