Encerramos nosso dia com chave de ouro: apreciamos petiscos deliciosos acompanhados de vinho branco antes de embarcar. Do alto do mirante do navio, assistimos as manobras para deixar o porto, enquanto nos despedíamos da Sicília com vistas maravilhosas e rumávamos à próxima parada: Valência, na Espanha.
Momentos que dão o TOM ao Livro, buscando perpetuar a história vivida através de novos leitores.
sábado, 26 de abril de 2025
PALERMO A CAPITAL DA ILHA DA SICÍLIA - ITÁLIA

sexta-feira, 25 de abril de 2025
PORTO SEGURO ONDE NASCEU O BRASIL

POR UM PAÍS MELHOR
A educação é uma ferramenta essencial para transformar vidas e moldar um futuro mais promissor. Ela começa em casa, no afeto e nos valores transmitidos pela família, e se enriquece através do conhecimento, da convivência e do conteúdo aprendido nos bancos escolares. É o alicerce para um mundo repleto de oportunidades.
Uma pessoa que recebe uma base sólida de educação no ambiente familiar e tem acesso a uma formação escolar de qualidade tem um potencial extraordinário para impactar positivamente sua família, sua comunidade, sua cidade e até mesmo o mundo. Isso vai muito além de alcançar sucesso profissional ou financeiro; trata-se de cultivar ética, respeito, solidariedade e o cuidado com os outros, com o bairro, com a cidade e com o país.
Educação bem fundamentada não apenas abre portas, mas também constrói pontes para uma sociedade mais justa, igualitária e repleta de esperança. Juntos, podemos sonhar, realizar e construir um amanhã brilhante!

quinta-feira, 24 de abril de 2025
O CAMINHO ERRANTE DO CAIPIRA PIRAPORA
A história da fundação de Bom Jesus de Pirapora remonta a 1725, quando alguns pescadores encontraram no rio Tietê uma imagem do Cristo, hoje disposta no santuário sobre uma pedra à beira do rio. Esse evento singular marcou o início da vila que mais tarde se tornaria a cidade.
De origem missionária, Bom Jesus de Pirapora começou como um vilarejo com forte papel religioso, tornando-se posteriormente destino preferido de romeiros atraídos pela fé e pela tradição. Seu nome, “Pirapora”, vem do tupi-guarani e significa “peixe que pula em águas limpas” — um cenário que, infelizmente, hoje está apenas na memória, já que os peixes desapareceram e as águas límpidas ficaram no passado.
O avanço desordenado trouxe um panorama desolador para quem atravessa a ponte sobre o rio ao se aproximar da cidade. A espuma química das indústrias flutua como icebergs, acompanhada de um cheiro nauseante de esgoto, tornando irreconhecível a beleza que antes encantava.
Mas vamos voltar ao passado! Ah, Pirapora dos tempos de adolescência, das romarias que partiam de lugares remotos, com familiares e amigos, enfrentando a jornada de 40 quilômetros com diferentes formas de locomoção: a pé, de bicicleta ou a cavalo.
Minha primeira romaria foi com primos que moravam na emblemática Rua Zacarias de Góes, reduto das famílias italianas. Optamos pelas bicicletas, o transporte que estava em alta na época. A aventura começou no Largo de Santa Cruz, onde o padre deu sua bênção coletiva aos romeiros. Equipados e animados, a estrada de terra nos aguardava, com um acampamento no famoso "Capão da Onça" programado para o meio da jornada.
Entre subidas e descansos, piadas para animar os menos dispostos, e lanchinhos preparados pelas mamães, a poeira levantada pelos tropeiros nos motivava a competir e ultrapassá-los. Ao cair da noite, chegamos ao Capão da Onça, onde o descanso foi interrompido pela sanfona e viola dos cavaleiros, o cheiro insuportável de bosta de cavalo e a sinfonia de suspiros intestinais dos animais. A noite foi marcada por histórias de medo e cansaço.
No ano seguinte, decidimos repetir a jornada, mas dessa vez montados a cavalo. Nosso plano? "Assustar" o contador de causos do Capão da Onça com um "fantasma". A preparação envolveu gravador com rugidos de onça e Nelsão Maluco, nosso ator principal, vestido de lençol branco. No auge da narrativa, rugidos ecoaram e provocaram pânico, mas um romeiro armado disparou para o mato, ferindo Nelsão, e nossa brincadeira terminou em correria e hospital.
Desde então, nunca mais participamos de romarias. Hoje, ao ouvir a música "Sou caipira Pirapora" de Renato Teixeira, esses momentos vêm à memória com gratidão por nada pior ter acontecido.

A "PRACA" do PREFEITO DA CIDADE.
lendas e mitos urbanos

À medida que o cenário se desenrolava diante de nossos olhos, acompanhávamos atentamente o GPS, garantindo que estávamos no caminho certo. Algumas horas depois, a voz do dispositivo nos orientou: "Siga pela estrada de terra". O aviso trouxe um curioso ar de antecipação, como se algo inesperado nos aguardasse.
A conversa deixou uma sensação inquietante no ar, mas seguimos o trajeto. Encontrar o local revelou-se uma tarefa difícil; tudo parecia deserto e envolto em uma atmosfera de estranheza. Seria mesmo assombrado?
Antes de chegar, cruzamos uma pequena propriedade com uma porteira peculiar: apenas dois mourões sem a parte móvel que a sustentava. No topo de um dos mourões, uma placa desgastada indicava que ali funcionava uma oficina de conserto de carros – certamente do pai daquele menino. A cena era tão singular que decidi fotografá-la. Contudo, ao me aproximar, um cão enorme correu em minha direção, feroz. Não tive alternativa senão retornar ao carro apressado, deixando a foto para trás. Mesmo assim, as palavras da placa ficaram gravadas em minha memória.
"Proibido jogá lixo nesce local. Multa di R$ 500,00. Por ordem do sinhor prefeito."
A escrita grotescamente errada era intrigante e despertava um misto de curiosidade e desconforto. Alguém teria deixado aquela placa propositalmente, como um aviso ou brincadeira macabra? O mistério apenas crescia, fazendo aquele lugar parecer ainda mais inusitado.

quarta-feira, 23 de abril de 2025
MULHERES QUE A GUERRA APRISIONOU

segunda-feira, 21 de abril de 2025
CHICÃO, O ETERNO BOLEIRO E SUAS PÉROLAS INESQUECÍVEIS
Chicão foi aquele tipo de jogador genuíno, o "boleiro raiz", que conquistava a torcida mais pelo carisma do que pelo talento. Atuou em um dos grandes clubes de São Paulo, mas, como acontece com todos os atletas, o tempo lhe cobrou o preço. Sua técnica já não era a mesma e, no final da carreira, encontrou espaço em um clube menor do interior, ainda na divisão principal. Mas isso não diminuiu seu brilho—pelo contrário, tornou-se ídolo local.
Jogando como volante, era peça fundamental na organização das jogadas, distribuindo a bola pelo meio de campo. A torcida adorava seu estilo aguerrido e, especialmente aos domingos, as moças suspiravam com sua presença em campo. O carinho da torcida era tão grande que ele recebia flores antes dos jogos, gesto que retribuía com simpatia e elegância. Sempre atento aos fãs, fazia questão de dar atenção especial às crianças que o abordavam pedindo um cumprimento ou um afago.
Mesmo com dificuldades na expressão verbal, sua espontaneidade compensava qualquer problema com as palavras. Nas entrevistas, ele arrancava risadas, e foi justamente essa autenticidade que o ajudou a construir sua aura lendária.
De boleiro a político—ou quase
A fama extrapolou os limites do futebol e Chicão decidiu se aventurar na política. Sua popularidade garantiu uma enorme quantidade de votos, tornando-se vereador da cidade. No entanto, sua vocação para a política era bem menor do que sua paixão pelo futebol. Faltava a muitas reuniões porque preferia estar nos gramados, e sem projetos concretos, sua carreira política teve vida curta.
Mas foi nos microfones que seu carisma se revelou ainda mais. Suas entrevistas geraram momentos icônicos, como quando um repórter pediu que ele saudasse o público e ele respondeu com toda simplicidade:
"Boa noite, microfone!"
Ou quando, lesionado e impossibilitado de jogar, gritou palavras de incentivo ao seu substituto no alambrado e garantiu:
"Comigo ou sem-migo, o time vai ganhar!"
A cidade inteira repetia suas frases como bordões! E quando sua equipe jogou em Belém do Pará, soltou outra pérola histórica:
"É uma satisfação muito grande jogar aqui nesta terra onde nasceu Jesus Cristo!"
Da bola ao microfone—e a confusão que virou lenda
Após o fim da carreira, o clube tentou ajudá-lo conseguindo um emprego em uma rádio esportiva, onde começou como assistente de repórter. Seu entusiasmo era enorme, e ele gostava de estar próximo ao campo, vivendo intensamente cada jogo. Mas seu jeito irreverente também gerou episódios memoráveis.
Certa vez, substituindo um repórter que teve uma emergência intestinal durante uma transmissão, foi chamado para descrever uma jogada e soltou sem pensar:
"Nosso lateral tem pé de bosta, se fosse eu teria feito o gol."
O coordenador correu para alertá-lo, pedindo para ter cuidado com as palavras. Mas Chicão era Chicão—e sua espontaneidade era incontrolável. Durante uma tempestade que interrompeu um jogo, ouviu o locutor dizer:
"Chove torrencialmente pelos quatro cantos do gramado."
E completou sem hesitar:
"Inclusive no meio!"
Mas foi seu último erro no microfone que selou seu destino. Ao ser chamado para ajustar o som da transmissão, sem perceber que estava no ar, disparou:
"Aqui embaixo é uma merda só! É choque para tudo quanto é lado, até meu rabo tá pegando fogo!"
O presidente da rádio, furioso, dispensou Chicão e toda a equipe envolvida naquele desastre de transmissão. Com o tempo, os patrocinadores abandonaram a emissora, e as frases do Chicão viraram folclore na cidade, sendo contadas e recontadas como verdadeiras pérolas do futebol.
Curiosidades sobre Chicão
Seus bordões eram citados até na capital, ganhando espaço em colunas esportivas de jornais.
Mesmo sem grandes habilidades políticas, seu carisma conquistava os eleitores, que ainda lembram dele com carinho.
Após sua saída da rádio, ninguém soube seu paradeiro, tornando sua história uma verdadeira lenda urbana.
A trajetória de Chicão é uma mistura de paixão pelo futebol, espontaneidade e humor involuntário. Um personagem marcante, que deixou sua marca no esporte e na cultura popular de sua cidade!

domingo, 20 de abril de 2025
ZEZINHO MUÇAMBÊ O ARTESÃO E FOTÓGRAFO DE MIL FACES
José Epaminondas de
Albuquerque Martins, ou simplesmente Zezinho, partiu do Nordeste com um sonho:
transformar sua vida em São Paulo. Com a bênção de sua mãe e o coração apertado
por deixar o pai e os oito irmãos, ele seguiu viagem, carregando apenas uma
matula e uma imensa vontade de vencer.
Desde cedo, Zezinho
demonstrava talento. Em sua terra natal, criava peças de artesanato que
encantavam nas feiras dominicais. Suas mãos habilidosas e sua imaginação fértil
transformavam materiais simples em verdadeiras obras de arte. Mas ele queria
mais. Inspirado pelo fotógrafo lambe-lambe da praça, sonhava em aprender a
capturar momentos e eternizá-los em imagens.
Ao chegar à metrópole,
Zezinho se deparou com desafios. Conseguiu um ponto na praça, onde expunha suas
peças em caixotes improvisados. Para complementar a renda, fez sociedade com um
mascate e comprou uma câmera fotográfica. Assim, entre o artesanato e as
fotografias, começou a construir sua reputação.
Foi nesse vai-e-vem que
conheceu uma mulher com quem dividiu teto e aflições. Mas a relação azedou ao
descobrir que ela se prostituía enquanto ele trabalhava. Desiludido, Zezinho
aceitou a proposta de um fotógrafo profissional, Sr. Cícero, para trabalhar em
seu ateliê no interior. Lá, ele aprimorou suas técnicas e ganhou o apelido de
"Zezinho das Artes", por nunca abandonar o artesanato.
Com o tempo, Zezinho abriu
seu próprio negócio, inovando com fotografias coloridas e cobrindo eventos
sociais, esportivos e religiosos. Tornou-se figura conhecida, participando de
carnavais e campeonatos, e até colaborava com o jornal local. Mas sua saúde
começou a dar sinais de alerta. Uma tosse persistente o incomodava, e ele
recorria a um xarope caseiro de muçambê, que carregava em um frasco no bolso. O
hábito lhe rendeu um novo apelido: "Zezinho Muçambê".
Apesar do sucesso, o
destino foi cruel. Em um dia chuvoso, Zezinho não apareceu para trabalhar.
Preocupado, um funcionário foi até sua casa e o encontrou sem vida, ao lado do
frasco de muçambê. O velório foi marcado por homenagens emocionadas, mas o enterro
virou um caos. Uma chuva torrencial interrompeu o cortejo, e o caixão foi
abandonado na rua. Vagabundos o arrastaram para uma barraca de flores, e a
polícia, sem opções, deixou o corpo ali até o dia seguinte.
Na manhã seguinte, o
caixão havia desaparecido. O mistério permanece até hoje, alimentando histórias
de assombração e curiosidade na cidade. Zezinho Muçambê, com sua vida cheia de
altos e baixos, deixou um legado de talento, resiliência e um enigma que nunca
será desvendado.

O FADO NO BAIRRO ALTO DE LISBOA
![]() |
A GRANDEZA DOS NAVEGADORES PORTUGUESES |
Após desembarcarmos na magnífica cidade de Lisboa, imediatamente sentimos sua atmosfera vibrante e acolhedora. No próprio dia da chegada, mergulhamos na essência da capital portuguesa, explorando alguns de seus emblemáticos pontos turísticos. O passeio culminou de forma memorável com um belo café em um dos locais mais agradáveis da cidade, no charmoso bairro do Chiado, onde o burburinho das conversas e o aroma do café criaram o cenário perfeito para nosso primeiro contato com Lisboa.
No segundo dia, a jornada começou com a imponente Praça Marquês do Pombal, ponto central da cidade. Seguimos pela sofisticada Avenida da Liberdade, adornada com calçadas em pedra portuguesa e lojas elegantes, e chegamos à vibrante Praça dos Restauradores, ao histórico Rossio e à emblemática Baixa Pombalina, até alcançar a grandiosa Praça do Comércio, que se estende majestosa à beira do rio Tejo. Seu esplendor e sua arquitetura imponente fazem dela uma das mais belas e simbólicas da cidade.
Continuamos rumo ao bairro de Belém, onde a história se encontra com a grandeza dos navegadores portugueses. Diante do Monumento dos Descobrimentos, ficamos fascinados ao observar a imensa calçada de mármore, onde estão gravados os trajetos das caravelas que partiram em busca de novos mundos. A emoção se intensificou ao adentrarmos o famoso Mosteiro dos Jerónimos, um tesouro arquitetônico que abriga os túmulos dos heróis da pátria: Vasco da Gama e Luís de Camões, símbolos eternos da coragem e da alma portuguesa.
Lisboa é a joia de Portugal, abrangendo o estuário do Tejo e estendendo-se ao norte da Península de Setúbal, consolidando-se como uma das regiões mais ricas e culturalmente marcantes do país. Suas atrações turísticas são incontáveis, mas o Bairro Alto tem um magnetismo singular, atraindo milhares de visitantes em busca de suas noites boêmias e mágicas. É lá que se encontra o Café Luso, uma tradicional casa de fado situada na sétima colina de Lisboa, a mais alta da cidade. O local, antes um espaço de adegas e cocheiras do Palácio Brito Freire, hoje reverbera os sons melancólicos e intensos das guitarras portuguesas.
Foi nesse ambiente de nostalgia e tradição que sentimos a alma do fado pulsar. Em um dos arcos do Café, uma placa despertou uma emoção única: nela, estava registrada a presença assídua de Amália Rodrigues, a maior e mais icônica fadista de Portugal. Ali, outros nomes grandiosos também perpetuaram sua arte, garantindo que o fado ecoasse eternamente entre aquelas paredes de história.
Amália Rodrigues era uma estrela de brilho único, com presença marcante e uma compreensão natural do espetáculo. Seu legado atravessou fronteiras e levou o fado ao mundo, transformando-o em um símbolo cultural que resiste ao tempo. A tradição de se apresentar com o clássico vestido preto e o xale foi perpetuada por ela e continua até os dias de hoje. Os fadistas traduzem em suas canções o sofrimento, a saudade dos tempos passados, os amores perdidos, a tragédia e o destino inexorável. É essa profundidade que faz chorar as guitarras e emocionar quem as escuta.
No Café Luso, a atmosfera era solene. O apresentador anunciou com reverência:
E assim começou o espetáculo: fadistas trajados com elegância entoavam suas canções com alma e intensidade. Entre melodias profundas e danças folclóricas, o ambiente se transformou em um templo de emoções, onde cada acorde e cada verso narravam a alma portuguesa. O jantar à luz de velas apenas intensificou a magia da noite, tornando essa experiência única e inesquecível. Ao final, ficou o sentimento profundo de que o fado é e sempre será o espelho das alegrias e das dores do povo português—um legado imortal que ressoa na alma de quem o escuta.
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Às vezes, basta abrir a janela para
viver uma história. E é essa jornada de aprendizado e aperfeiçoamento que
desejo compartilhar com vocês.

sexta-feira, 18 de abril de 2025
ANTONIO VENDRAMINI (MEU AVô) E O LEGADO DO CARRO DE BOI
DESDE PEQUENO FASCINAVA PELO FUNCIONAMENTO
Antonio Vendramini, conhecido pelo apelido de Tonella, nasceu em Treviso, Itália, em 1882. Como muitas famílias europeias da época, seus parentes decidiram migrar para o Brasil, buscando novas oportunidades. Chegaram ao Estado de São Paulo e se instalaram no Distrito de Banharão, em Jaú, onde trabalharam arduamente na lavoura de café. O trabalho era extenuante, mas, com esforço e dedicação, conseguiram adquirir terras próprias e iniciar seu próprio cultivo.
Desde pequeno, Tonella se fascinava pelo funcionamento dos carros de boi. Passava horas observando a montagem das carroças usadas para transportar as sacas de café até as ferrovias, onde seriam embarcadas na Maria-Fumaça rumo aos portos. Sua curiosidade e empenho o levaram a se tornar carreiro, dominando a arte de conduzir os bois e cuidar do carro para que seu eixo "cantasse" durante o percurso—um som característico que, na cidade, despertava curiosidade e, no distrito, atraía olhares atentos.
O canto do carro de boi também desempenhava um papel social. Ao entrar na cidade, atraía pessoas ansiosas para saber quem chegava e quais novidades trazia. Já no Banharão, o som chamava a atenção das moças, que corriam até as portas para ver os condutores Tonella e Anduim, que sorridentes acenavam com seus chapéus. O trabalho exigia técnica, paciência e respeito pelos animais, especialmente pelos bois malhados, que eram mais dóceis e fáceis de treinar.
Com o tempo, novas formas de transporte surgiram. As tropas de burros, das quais Tonella foi pioneiro em Jaú, passaram a agilizar o transporte das sacas de café até a estação de trem. Mais tarde, os cavalos entraram na vida dele, proporcionando espetáculos rurais e apresentações em circos e feiras.
O carro de boi foi um símbolo de progresso para a família Vendramini e para tantas outras. Hoje, tornou-se uma lembrança de tempos passados, preservada em festivais e encontros que celebram sua importância na história rural brasileira. O legado de Tonella e sua dedicação ao trabalho permanecem vivos, carregados na memória de sua família e na cultura do país.

VINHO NÉCTAR DOS DEUSES
Tipos de Vinhos e Suas Harmonizações
Vinho é celebração, é aconchego, é prazer. Seja branco, rosé, tinto ou espumante, sempre há um vinho perfeito para cada ocasião e cada petisco, do verão ao inverno.
Brancos: Frescor e Leveza
Os vinhos brancos, frescos e ligeiros, onde a acidez se sobrepõe à maciez, são ideais para acompanhar petiscos leves e veranis. Bruschettas de shiitake, queijo brie e presunto de Parma se harmonizam perfeitamente com um Sauvignon Blanc ou um Viognier. Se a escolha for por petiscos mais elaborados, aposte em um branco amadurecido em madeira por pouco tempo, como um elegante Torrontés ou um Chardonnay levemente barricado.
Rosés: Sedução à Primeira Vista
Encantadores ao primeiro olhar, os rosés trazem nuances delicadas de coral e rosa e seduzem com seus aromas leves e frescos. Combinam com frutos do mar em qualquer estação; no inverno, uma focaccia recheada ou pastéis de camarão são opções ideais. Já no verão, são companheiros perfeitos para uma mesa à beira-mar, acompanhados de queijos macios, frios laminados, pãezinhos e torradas.
Tintos: Aconchego e Intensidade
Ao contrário do que se pensa, os tintos também podem ser ótimos para acompanhar petiscos. Os mais leves e frescos, como um Beaujolais Nouveau, um Tempranillo Crianza ou um Chianti, são ideais para bruschettas mais elaboradas, pastéis de carne ou uma boa tábua de frios. Já os tintos encorpados, como Malbec e Cabernet Sauvignon, pedem pratos mais robustos e não harmonizam tão bem com petiscos.
Como disse Luigi Veronelli, renomado enólogo italiano: "Todas as qualidades de um vinho vão complementar o prazer de comer."
Meu Poema:
O Encanto do Vinho
Caule vigoroso,
Terra e raiz generosa.
Folhas verdes,
Cor esplendorosa.
Branco… Rosado… Tinto…
Aromas, sabores, amores.
Néctar dos deuses,
Baco ou Dionísio.
Paixão nas alturas,
Inebriantes,
Silhueta ofegante, loucuras.
Paladar no céu da boca,
Presença sublime,
Perfume sensual, cheiro de parreirais,
Fruta madura, ternura.
Bebida sensual,
Mistério em goles.
Compreendê-la é arte,
Amante da fruta e do pecado.
Incline a taça,
Acaricie os lábios.
Uma música em louvor a mulher e o vinho:
A
casa d’Irene si canta, si ride
C’è
gente che viene, c’è gente che va
A
casa d’Irene bottiglie di vino
A
casa d’Irene sta sera si va
Giorni
senza domani
E
el Desiderio di te

JOÃO-DE-BARRO O CONSTRUTOR DA FLORESTA
A tarde de verão que era majestosa, repentinamente, transformou-se em um céu carregado de nuvens. Vieram os relâmpagos, cortando o horizonte com fios de luz, e ouvi o rugido grave dos trovões, estremecendo o solo e anunciando a tempestade. Logo, uma pesada chuva desabou, trazendo consigo o cheiro da terra molhada que subia como um perfume selvagem.
Olhei para o solo barrento na beira do meu gramado e percebi o frêmito de asas agitadas se espalhando pela lama, onde os pássaros, ávidos, disputavam a colheita inesperada da terra. O banquete estava servido: inúmeras larvas e insetos brotavam das entranhas do solo, expostos pela água que os desalojava.
Ali estava acontecendo o cio... Sedenta de amor, a terra sorvia a chuva como um amante sedento, esperando ansiosa pelo toque gentil da semente. Pedia a fecundação para que, em sua gestação, gerassem novos frutos, complementando seu estado de felicidade, acariciando suas novas crias e propiciando, aos seres humanos, alimentos saudáveis para a continuidade das espécies.
A cena era maravilhosa. Busquei em meu embornal, no quartinho de ferramentas, algumas sementes que estavam esperando esse momento sublime. Enquanto semeava nas covas mais fundas, os pássaros continuavam a procurar os insetos para alimentar os filhotes, que soltavam trinos altos, pedindo aos pais por comida. Foi nesse instante que ouvi um cantar mais estridente, bem próximo, ali naquele barro vermelho.
Era um casal de João-de-barro que, freneticamente, pedia passagem, chegando até dar voos rasantes perto da minha cabeça, expulsando-me do local; queriam aquele barro para iniciar a construção de seu ninho.
Observei, alegremente, o trabalhão incessante do casal e segui-os com os olhos para ver aonde levavam, nos bicos, as pelotas de barro. Cada pelotinha era encaixada na estrutura, como um operário que molda sua obra-prima com precisão e determinação. Notei, com alegria, que a construção se iniciava bem na minha área de lazer, na terça do telhado, acima do fogão de lenha.
Logo escureceu e o trabalho operário dos dois parceiros terminou, e o meu de observador também. Recolhi-me aos meus aposentos e busquei uma literatura em que pudesse ter mais informações a respeito desse magnífico pássaro.
Fiquei sabendo que o casal é único, ou seja, são parceiros até que a morte os separe. No dia seguinte, logo pela manhã, fui fazer as vezes de ferrenho observador, ficando contente em vê-los na obcecada tarefa da construção do ninho.
A tarefa de construção continuava; era um vai e vem desenfreado do casal, no transporte das pelotinhas de barro sob o telhado, colocando-as na base sobre a viga de madeira. O entusiasmo era grande, e quando se ausentavam, era porque estavam trançando pequenas raízes em outro local, para fortalecer as paredes do ninho. Nesse momento, corri para a torneira do jardim, peguei uma vasilha com água e coloquei em cima daquele barro perto do gramado que já estava secando, facilitando a árdua jornada dos "passaritos".
E assim fui ajudando os dois naquela empreitada. Era maravilhoso acompanhar a mesma rotina, que durou vários dias. Logo fui me municiando de dispositivos para poder observá-los à distância; então, arrumei um binóculo e uma câmera digital, para ir registrando a evolução da obra!
Com os olhos compridos, pude enxergá-los melhor na execução, sem espantá-los; e valeu a pena ficar observando. A evolução que meus olhos presenciavam era impressionante! Tudo tão perfeito: a circunferência ao redor da viga que suportava a edificação, os contornos de feixes de raízes formando uma malha, como se fosse um alicerce, o desenho da porta de entrada com a proteção contra intrusos.
Depois de terminada a casinha, iniciou-se um namoro meio maroto nas árvores próximas ao ninho, até que um dia não mais notei a presença do macho. Percebi, então, que ele examinava as redondezas para verificar a fertilidade da alimentação para os futuros filhotes, enquanto a fêmea iniciava a postura dos ovos.
Após o terceiro dia do início do choco, notei que quem alimentava a fêmea no ninho era outro macho, bem maior que aquele que a ajudou na construção da morada. Sim, porque ela não podia sair, garantindo que todos os ovos tivessem sucesso no nascimento dos filhotes.
O que teria acontecido? Fiquei em observação mais detalhada até que, na tarde do quarto dia, houve uma luta feroz no galho da árvore, culminando com a retirada do intruso, que tentava assumir o papel de condutor da família antes que os filhotes viessem ao mundo.
Seria uma traição? Certamente não, pois o macho não edificou uma parede na porta... Diz uma lenda do cancioneiro popular rural que, quando isso acontece, ele condena a fêmea dessa forma e parte para uma reclusão até a morte. Talvez fosse um macho viúvo querendo aproveitar a oportunidade para formar uma nova parceria, que foi, energicamente, repudiada.
Fiquei extremamente feliz em ver que tudo correu bem; depois de vários dias de choco, nasceram três belos filhotes, que o macho alimentou.
Passado todos esses dias, a fêmea saiu de seu confinamento e também ajudou o companheiro na criação das pequeninas aves que, logo, se tornaram bem maiores e seguiram seus destinos, sabe-se lá por onde.
E assim, o ciclo se perpetua. O casal parte, os filhotes seguem seu destino, e em algum outro telhado, sob um novo céu de verão, recomeçará a dança da vida. Esse tema encantador continuará servindo de inspiração para poetas, compositores de moda-de-viola, seresteiros, também de escritores e cronistas, relatando, através de canções, e “proseando no conto de causos”.

quinta-feira, 17 de abril de 2025
EGITO: A CASA DA ALMA
O nome do Egito tem origem na palavra grega Aegyptus, derivada do termo antigo Hik up tah, que significa "a casa da alma". Esse solo milenar continua a seduzir e fascinar gerações, encantadas por sua grandiosa história, suas pirâmides e os lendários faraós, como Ramsés II e Tutancâmon.
A civilização egípcia está entre as mais antigas e duradouras do mundo, com uma trajetória que remonta a mais de 3.000 anos antes de Cristo. Seu legado, imortalizado em monumentos e tradições, continua a desafiar o tempo e a nos surpreender.
O Cairo: A Joia do Oriente
Situada no coração das rotas entre Ásia, África e Europa, a cidade do Cairo é um verdadeiro tesouro do Oriente. Suas famosas pirâmides, rodeadas por minaretes que misturam passado e presente, fazem da região um lugar único, onde a história pulsa a cada esquina.
Ao nos aproximarmos da cidade ainda dentro do avião, avistamos, lá do alto, o magnífico panorama das pirâmides. O impacto visual foi deslumbrante, um espetáculo inenarrável que parecia nos conectar a uma era distante.
Naquela noite, uma experiência mágica nos aguardava: um show de luzes e sons projetado sobre as pirâmides. Imagens e vozes ecoavam no tempo, como se os próprios faraós estivessem ali, guiando-nos por sua gloriosa história.
A Grande Pirâmide e Seus Mistérios
Pela manhã, do hotel Intercontinental Pyramids Park, vislumbramos no horizonte o complexo monumental das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, construídas para abrigar os corpos dos faraós e garantir-lhes a eternidade.
Após explorar os imponentes monumentos sob o sol escaldante, nosso guia, Sr. Sahid, nos propôs uma jornada ao interior da pirâmide. Adquirimos os bilhetes e aguardamos nossa vez de entrar. A passagem era estreita, um túnel em declive onde só um grupo reduzido poderia avançar. A cada passo, a sensação de mistério aumentava.
Ao descermos, nos deparamos com corredores adornados com hieróglifos, narrando a vida do faraó desde seu nascimento até sua entrada triunfal na câmara mortuária, onde repousava seu sarcófago.
Ali dentro, um beduíno nos recebeu com um olhar enigmático, como se revivesse os dias do sepultamento do faraó. Mesmo sem entender suas palavras, sentíamos o peso da história e a energia daquele espaço ancestral.
Uma Queda Entre Milênios
Enquanto explorava os detalhes entalhados nas rochas, dei alguns passos para trás e, sem perceber, pisei em um espaço vazio. O chão parecia se abrir e me senti sendo puxado para baixo. A queda foi leve, mas meu coração disparou. Seria a maldição do faraó? Teria eu perturbado seu descanso eterno?
O beduíno gritou algo incompreensível. Minha esposa também exclamou um alerta. E, naquele instante, meu pensamento flutuou por milênios. Eu me sentia diante do próprio faraó, como se o reverenciasse e expressasse meu respeito por sua história e por tudo que seu povo construiu.
Após recuperar o equilíbrio, percebi que o ambiente ao meu redor era um testemunho vivo da grandiosidade egípcia. Tesouros saqueados, escrituras preservadas e mistérios ainda por descobrir mostravam a importância de preservar esse legado.
A Eternidade Gravada nas Pedras
A história egípcia resistiu ao tempo e continua a ser estudada por arqueólogos e egiptólogos do mundo inteiro. A descoberta da Pedra de Roseta por Champollion permitiu decifrar os segredos dessa civilização extraordinária.
Mais de cinco mil anos se passaram, mas os obeliscos e monumentos seguem imponentes, desafiando o tempo. O que mais estará oculto sob as areias e montanhas do Egito? Que novos mistérios ainda aguardam para serem revelados?
O Cairo não é apenas um lugar; é um portal para a imortalidade de uma civilização que continua a nos ensinar e fascinar.

ILHÉUS: ENTRE CACAU E MISTÉRIOS
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UM RELÂMPAGO RASGOU O CÉU UMA HOMENAGEM AO MEU AVÔ ITALIANO - O TONELLA. "O texto fala, o negrito nas palavras convida — clique e d...
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HOJE É DIA SANTO "Palavras no texto em negrito são portais — clique e explore." O dia 29 de junho amanheceu meio nublado, “ru...
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A História de Uma Lenda – Reescrita e Enaltecida "O negrito NAS PALAVRAS é o convite. O clique, é a resposta" Na tapeçaria mitoló...
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A Fascinante História do Salto Alto "O texto fala, o negrito nas palavras convida — clique e descubra." Do Tempo à Tendênc...
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Quando a Itália Decide Te Pagar para Ficar ✨ Milão : Onde História e Elegância se Encontram "Não apenas leia — clique no negrit...