O MANUSCRITO DO PRIMO
NORBERTO
Ele nos deixou, vitima
que foi de um desastre automobilístico, causando grande consternação em toda a
família porque ainda era jovem e tinha planos e sonhos pela frente.
Entendo que, ao virmos
ao mundo, trazemos as consequências do que fizemos em existências passadas; as
nossas características físicas, intelectuais e morais são resultantes diretas
de ações pregressas.
Assim é determinada a
preparação para a encarnação que se inicia logo após a alma ter saído do corpo,
ficando as ações de vidas passadas para se representarem na vida presente. Com
esse pensamento, acredito que sua alma esteja presente em algum lugar,
iluminando os seres de sua família.
Ao ler o manuscrito que
chegou às minhas mãos, encontrado sobre sua mesa de trabalho, faço uma
homenagem à sua verve literária e também a sua memória:
“ONDE
VÔ”
(Encontrado em sua mesa de
trabalho)
Os
lugar onde vô
Nem
eu sei escolher.
Quando
o zóio piscô,
Já
cheguei, sem querer.
Sem
querer, também não!
Eu
so vô se eu gosto
E,
se lá não for bão,
Curto
da maneira que eu posso.
Normalmente,
fica afastado
Do
que se chama civilização.
Nunca
vô apressado,
Presto
muita atenção.
Pode
sê o mato crescendo,
Ou,
então, a cachoeira caindo.
Eu
ali, quieto, só vivendo.
E
a natureza explodindo.
O
Vento batendo depressa
Como
com pressa de ir embora;
A
verde mata atravessa
E
parte para o mundo afora,
Trazendo
e levando perfume,
Arrastando
as foia do chão.