Do Abandono à Revitalização: Uma Vitória de Toda Jundiaí
No final do ano de 2012, recebi da Secretaria Municipal de Cultura uma série
de livros relacionados com a nossa cidade, em razão de haver participado do
projeto Versos da Primavera de Autores Jundiaienses. O evento, além da
publicação de um livro, realizou uma conferência e, em seu clímax, resultou na
colocação de cartazes e banners pelas calçadas e parques, ampliando o alcance
da literatura na cidade. Foi uma satisfação imensa ver o meu poema Acalanto
exibido em forma de banner na Avenida Nove de Julho e no Parque Botânico Eloy
Chaves.
Dentre esses livros, alguns relacionados ao Teatro Polytheama despertaram
minha atenção especial. Ao desfolhá-los, uma onda de emoção tomou conta de mim:
cada imagem era como uma janela para o passado. Lá estavam as fotos do Cine
Polytheama na década de 1950, época em que, nas matinês de domingo, assistia
filmes em preto e branco, como Gordo e o Magro, Os Três Patetas,
e as aventuras de Zorro e seu inseparável amigo, o índio chamado “Tonto”. Tudo
era apresentado em episódios, mantendo viva a expectativa para os próximos
capítulos e alimentando a paixão pelas aventuras idolatradas pelos meninos da
época.
A empolgação durante os filmes era tanta que os mais ousados até atiravam
pedras na tela, tentando atingir os inimigos do Zorro, que, em desabalada
carreira montado em seu cavalo Silver, percorria as pradarias americanas
“caçando” bandidos mal-encarados e índios desgarrados de suas tribos. Anos
depois, chegaram as grandes produções cinematográficas em Cinemascope,
projetadas em uma tela côncava que proporcionava uma sensação de imersão e
efeitos especiais jamais vistos. Foi então que o Cine Polytheama trouxe para
Jundiaí clássicos inesquecíveis, como Sansão e Dalila, O Manto
Sagrado e O Poderoso Chefão, marcando uma época de ouro do
cinema.
Infelizmente, a popularização dos videocassetes tornou mais cômodo assistir
aos filmes em casa, provocando o declínio dos cinemas. Em uma tentativa
desesperada, passaram a exibir filmes pornográficos, o que levou ao abandono
dos espaços. O Polytheama, antes tão vibrante, tornou-se um abrigo para pombas,
como se fossem fantasmas do passado protagonizando uma tragédia do presente.
A Luta de Jundiaí pelo Resgate de um Patrimônio
Os jundiaienses sentiram profundamente o abandono do Polytheama, mas não
desistiram. Com união e empenho, a cidade conseguiu recuperar esse precioso
patrimônio sociocultural. Reinaugurado em dezembro de 1996, o Teatro Polytheama
hoje conta com modernos equipamentos de som e luz, além de conforto e segurança
para 1326 espectadores distribuídos em plateia, frisas, camarotes e galerias.
Mais do que um marco arquitetônico, o Polytheama se tornou um templo de
expressão artística, simbolizando o poder da cultura em renascer das cinzas do
esquecimento.
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