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sábado, 12 de maio de 2012

ESTRANGEIRO FUGINDO DO FRIO...

CHEGADA NO CAIS DO PORTO EM DUBROVNIK - CROÁCIA
Em mais um dia de navegação, durante uma travessia saindo de Veneza, na Itália vindo para o Brasil, o transatlântico fez uma parada em um dos portos mais exuberantes da Europa.

Trata-se de Dubrovnik que é uma cidade costeira da Croácia, localizada no extremo sul da Dalmácia e que, pela sua beleza natural, é conhecida como “a pérola do Adriático”.
 
Os cafés e restaurantes fazem do local um destino turístico muito apreciado. A parte antiga é dividida ao meio pela Placa Stradum, além de diversos monumentos e edifícios históricos.
 
Saímos do navio e nos dirigimos ao porto para os procedimentos alfandegários, conforme instruções recebidas pela administração do navio, ocasião em que tínhamos que exibir os passaportes, fato que não ocorreu em outros países.

Acabamos saindo de forma ”solos” e rapidamente nos desgarramos de outras pessoas na maioria brasileiros e alguns poucos estrangeiros.
 
Assim, começamos a percorrer as ruas e avenidas até chegar a uma praça muito bem ornamentada com flores nos monumentos, onde nos detivemos em uma delas para apreciar.
Era um monumento erguido para os heróis da cidade que perderam suas vidas na guerra travada pela separação da Yugoslávia ocorrida em 1991. 
Logo se aproximou um casal de estrangeiros, instante em que começamos a “travar” um diálogo, porque nos identificamos através das “sacolas de guardados”, que tínhamos nas mãos, com a logomarca do navio.
Com alguma dificuldade, a conversa rolava e dizia que estava indo para o Brasil, para fugir do frio Europeu. Seguindo depois do porto de Santos até uma comunidade de sua raça, localizada em Mato Grosso, ficando por lá até acabar o nosso Verão. Depois disso, voltava da mesma forma, para o Verão Europeu.
 
Disse também que fazia essa jornada por vários anos, fugindo do terrível frio, porque na sua idade e o da esposa, não conseguiam mais conviver com o clima dessa estação.
Então em frente ao monumento, começou a falar de uma situação envolvendo flores, mas tinha muita dificuldade para traduzir no idioma português. Então começou a balbuciar:
 
-Como chama esses, folhas colorridas? Como mesma?
 
Nesse momento um grupo de viajantes brasileiros que também estavam no navio, chegou ao nosso redor e começou a apreciar aquela confusão e logo percebeu a dificuldade, e então “cochichou” para um colega:
 
-”Vamos tirar um sarro desse estrangeiro”, e falou em bom som:

- “É Bosta”.
 
O Estrangeiro agradeceu e começou a narrar um episódio acontecido quando sua irmã foi operada.
 
-Vocês me sabem, eu cheguei perto da hostitale e comprou um vaso cheio de bosta, para levar parra meu irmon. Logo que chegou na putarria da hospitale, eu  falou para o mocinha de recepçon:
- Gosta de bosta?  Fica com um, está muito cheirroso.
 
Todos riram, e o estrangeiro percebeu alguma coisa errada e ficou olhando desconfiado de que a palavra estava mal colocada, lançou um olhar raivoso para o gaiato com tom de repreensão e já queria brigar.

Separamos todos e voltamos comentando o fato até chegarmos ao porto, momento esse de grande sufoco, porque tínhamos que enfrentar o pelotão de fotógrafas que ficavam aguardando o embarque das pessoas pelas escadarias, até chegar a um dos elevadores, momento que “desgrudavam”.
 
Já tínhamos sido alvos de vários cliks e, mesmo não comprando nenhuma foto, continuavam com o “assédio” e dizíamos que já tínhamos feito outros cruzeiros e as fotos acabavam sendo todas com o mesmo formato.
 
As fotógrafas eram todas italianas e pediam para fazermos pose. Já estávamos cansados daquilo tudo e então uma delas veio com uma solicitação diferente:
- Vieni qui si otterrà um quadro di questo (venham aqui, vocês vão ganhar a foto de presente).
 
Quando nos aproximamos falou no português que ela sabia:
- “Faz um sorrisada per foto” - isso porque dos dois mil passageiros, 854 eram brasileiros...
 
 Então realmente foi só risada e ela não entendia por quê.
 
Terminava, então, mais uma aventura em terra. Durante o vaivém pelos corredores e mais outras dependências do navio, ficávamos fazendo de tudo para não encontrarmos aqueles gaiatos brasileiros, os estrangeiros e as fotógrafas.

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