Visitamos recentemente, quando o nosso transatlântico atracou na cidade vinda em uma travessia desde a Europa.
Trata-se a meu ver, pelo que ouvimos por lá, a mais antiga capital do cacau no
Brasil.
É conhecida, como cenário do
romance mais famoso de Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela.
Se você ainda não ouviu falar do
livro, antes de visitá-la, certamente, logo o fará; parece que todos os outros
bares, hotéis, ruas e restaurantes tem o nome do romance ou um de seus personagens.
A historia se passa na cidade, na
década de 20, período em que era rica devido à exploração do cacau, e ansiava
progressos e desvendava a noite litorânea em meio a bares e bordéis.
Foram três os lugares que fizeram parte da historia e nos
impressionaram:
CASA DA CULTURA
autor da crônica e a esposa durante a visita.
Ali, está o início literário da
vida de Jorge Amado: a casa retrata a infância e adolescência. Foi construída
em estilo neoclássico no final da década de 20 pelo pai. O palacete ocupa uma grande
área, edificada com cinco metros de pé direito, piso de jacarandá e azulejos importados
na varanda.
Conforme dados colhidos, em 1997
a estrutura foi restaurada e transformada em Casa da Cultura. Nela estão
expostos roupas, fotos, documentos e vídeos sobre o escritor. O museu integra a
circuito de Memória da cidade.
RESTAURANTE VESÚVIO
Aberto desde a década de 1920,
ainda é o mais tradicional da cidade. Comida árabe faz parte do cardápio pelo
menos uma vez por semana. Em frente a ele, há um banco com uma estatua de Jorge
sentado e a frase “Baiano é um estado de espírito” Não há como discordar
BATACLAN
Entrar ali é sentir-se dentro da
historia de Gabriela, foi um mergulho no passado recente, onde a fantasia e a
realidade confundem-se.
Foi por lá que Maria Machadão
consolidou seu nome na historia. Personagem da obra de Jorge, ela foi vivida da
televisão primeiro por Eloisa Mafalda, e depois por Ivete Sangalo mais
recentemente. Mulher de pulso firme, amiga de coronéis e que conduzia o lugar
mais movimentado de Ilhéus, na Bahia, é um personagem icônico da literatura e
dramaturgia nacional, e foi inspirada em uma história real.
O bordel que ficava
no centro histórico teve seu auge nos anos 1920 até 1940. Depois, ela sumiu. O Bataclan
fechou, o prédio em que estava instalado se deteriorou e toda a historia
relacionada ao local ficou restrito à obra de Jorge, que impediu que fosse
esquecida.
Subindo uma escadaria nos fundos
do local, um contador de historias, sentado ao pé da cama no quarto de Maria
Machadão, nos contou; - “Era usada uma passagem secreta pelos ricos
fazendeiros: os coronéis subornavam o padre para que ele estendesse a missa por
mais tempo e falavam para suas esposas que iam para o Bar Vesúvio tratar de
negócios. Porém, na parte de baixo do bar existia uma passagem que saia direto
no Bataclan, onde eles se encontravam com as quengas. À hora de voltar para o
bar era sinalizada pelo padre, que tocava o sino em alto e bom som."
Em 2004, o prédio tombado como patrimônio
histórico, foi reaberto, e hoje funciona o restaurante e espaço cultural. A
estrutura passou por reformas, mas mantém características original. Foi um
trabalho difícil para os responsáveis pela obra, já que há poucas fotos e são
escassos os registros que descreviam o prédio. Se o centro histórico remete
quase que totalmente à Gabriela, o interior da cidade lembra outras obras do
autor. A areia branca e os coqueiros estão presentes no livro Tieta do Agreste,
ambientado no interior da Bahia, que também fez sucesso.
INFORMAÇÕES DE OUTROS LOCAIS
As fazendas de cacau na área
rural foram responsáveis pelo auge econômico da cidade até os anos 1980, mas
também pela absurda desigualdade social e predomínio do poder dos coronéis, que
mantinham práticas semelhantes ao período escravagista em suas terras mesmo
quase um século depois as abolição da escravatura, estão presentes em outras
obras do autor.
Também fazem parte do circuito turístico da cidade hoje, e se reformularam após uma praga que devastou as plantações chamadas de “Vassoura de Bruxa”.
Quer for para lá, não pode perder a oportunidade de visitar e explorar a Praia Pé de Serra, é o novo destino dos amantes da natureza no litoral do sul da Bahia, quase desabitada e intocada, com grande faixa de areia, desfrutando o mar esmeralda.
Clique aqui e será remetido a outros textos.
Um comentário:
Tive oportunidade de conhecer grande parte do litoral brasileiro inclusive a Bahia.
Esse nosso Brasil, é de una diversidade encantada...incrível! Cada estado parece um País!Somos privilegiados na diversidade... e falamos a mesma língua em linguagem e sotaques diferentes. de SUL à NORTE!
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