Alfredo se
apresentava como um personagem bastante conhecido dos frequentadores noturnos de
um bar em uma rua pouco iluminada que desembocava em uma praia de um imenso
litoral. Sua aparência mostrava uma
pessoa de poucos cuidados; cabelos em desalinho e barba de vários dias.
Era um
seresteiro a moda antiga. Toda noitinha com o violão nas costas caminhava em
direção ao bar para sentar-se a mesa que ficava na calçada ao lado do bar, fazendo
a alegria da rapaziada. Em algumas melodias soltava alguns urros; dizia que era
para afinar as cordas e a garganta, por isso era conhecido como Alfredo Lobão. Sua
popularidade estava em alta bem como a venda de bebidas servidas pelo
proprietário que lhe pagava uns míseros trocados por noite.
Como as
mesas ficavam perfiladas na calçada de madeira, acabou virando uma passarela
por onde caminhava muita gente em direção à praia, ficando quase que uma parada
obrigatória para tomar uma cerveja e ouvir o Alfredo Lobão.
Depois de
umas e outras algumas pessoas caminhavam em direção ao mar para esfriar a
cabeça. Entre elas estava a moça da cidade grande que trajava uma blusa azul
deixando a mostra um decote extremamente generoso para a festa da moçada. A calça
preta comprida colante, deixava sua bunda atraente e com os sapatos altos
caminhava pela passarela, ouvindo-se o toc-toc do salto, balançando os corações
solitários que metiam o beiço na cachaça para saudar a gostosa.
Então,
Alfredo, em uma inspiração divina e fez a letra de uma música:
PASSARELA NOTURNA
Dama da
noite em lua cheia.
Toc-Toc no
tablado da calçada.
Som
compassado.
Corpo
delgado da cor do pecado.
Lobos
solitários uivando sem parar.
Foi para o
mar.
Entrou na
areia e virou sereia.