Nos caminhos percorridos em terras
espanholas, visitei juntamente com a companheira, a esplendorosa cidade de
Sevilha, em pleno verão europeu. Trata-se de uma terra aguerrida, povo cheio de
vida, dando a impressão que estão sempre nervosos e apressados, mas não vimos
nada de excepcional em sua metrópole que os levasse a ter esse comportamento,
pelo contrario, é um povo muito acolhedor, talvez seja o espírito da raça.
A paixão que os eleva, são as touradas,
que é uma questão cultural que veio da mistura de europeus e seus
conquistadores, mais recentemente os mouros que ficaram em seu território por
mais tempo, cerca de 700 anos, transformando-se na caliente região de Andaluzia.
O que mais nos impressionou foram os
acervos e as arquiteturas da época que estou descrevendo como sendo a dos mouros.
No ano 712 da nossa era, o califa Musa, acompanhado de seu filho e com um
exercito de 18.000 homens, cruzou o estreito e procedeu a conquista em busca de
pastagens de abundancia de água.
Ocupou as cidades de Medina, Carmona e
Sevilha e, seguidamente atacou Mérida que após sitiada, foi conquistada. A
Cidade, então, passou também a ser território Mouro. E foram eles que lhe deram
o nome atual, a portentosa Sevilha.
Nesta época, a sua riqueza cultural
cresceu enormemente com a chegada dos árabes, tanto que tinha dependência do
Califado de Córdoba, convertendo-se na mais importante de AL - Andaluz. Os
cristãos reconquistaram a cidade em 1248, durante o reinado de Fernando III de
Castela. Foi também sede da exposição Ibera Americano em 1929 e da exposição
mundial em 1992, onde inúmeras obras foram erigidas em seu louvor.
O clima de lá é muito gostoso, com aquele
tempero mediterrâneo, temperatura media anual de dezenove graus, o que a faz
uma das mais quentes da Europa, dado a proximidade com o continente africano, tornando-se
o paraíso dos turistas, dobrando a população. Em julho, a temperatura sobe para
até 35, superando no apogeu do Verão em mais de 40 graus.
É um povo festeiro, com uma cultura de
danças regionais como o flamenco de mais antigamente e os mais modernos com as sevilhanas.
Tem também a Semana Santa que é percorrida pelas ruas finalizando na belíssima
catedral.
Destacam-se a Feria de Abril, de caráter folclórico, com milhares de pessoas
vindas de toda a Espanha e, no recinto da festa as pessoas se reúnem para
cantar e dançar. Durante a semana, realizam-se uma serie de touradas, de fama
nacional, na conhecida Plaza de Toros,
La Maestranza, onde tivemos a oportunidade de visitar, mas nos dias que se
seguiram, não houve touradas; ficamos, então, com o museu muito bem montado em
suas dependências.
AS TOURADAS REGISTRADAS NO
MUSEU
O espetáculo em sua praça de touros é algo parecido
a um campo de futebol. As pessoas sentam nas arquibancadas para assistirem e,
em todas as “corridas” o “toro” é sacrificado.
O matador o enfrenta com uma capa vermelha, no qual
é ajudado pelos seus assistentes. Depois vêm os “picadores” que dão as suas
estocadas, enfraquecendo os músculos do animal. Inicia-se, então, a etapa com
os gritos da platéia de olé-olé, que foi adotado nos jogos de futebol aqui no Brasil,
quando o time vencedor quer também dar o seu espetáculo.
O papel do toureiro é fazer um bonito show,
deixando o touro cansado, tirando suspiros da torcida. È uma pena a judiação
que é feito com o animal. Mas, nesse
país, é uma tradição. Eu sempre torço pelo touro, porque o bicho homem faz dele
um palhaço dentro do picadeiro e acabando com sua existência.
Enfim, depois de tantos passos, gritos de olé, o
matador se prepara para a estocada final. Com um movimento de espada escondida
sobre a capa, faz com que o animal se aproxime, enfiando-a em seu dorso,
fazendo-o cair. É o final.
No museu, pudemos ver os cartazes das touradas de
antigamente, destacando-se, o lendário “Manuel Laureano Rodrigues Sanchez”,
conhecido nos meios como “El Manolete”, um dos maiores matadores que já existiu.
Ganhou destaque logo após a Guerra Civil Espanhola
sendo considerado como o maior de todos os tempos. Seu estilo era sóbrio e
sério, se destacou com a maneira precisa de matar o touro, com a “Manoletina”,
que é o golpe final com a espada, outro movimento característico era ficar
quase imóvel quando o touro passava perto de seu corpo e, ao invés de dar os
passes separadamente, permanecia no mesmo local e juntava quatro ou cinco
passes consecutivos, em uma séria compacta.
Apresentou-se em todas as principais praças da
Espanha. Morreu após levar uma chifrada na coxa direita, quando estava tourando
o quinto touro do dia, um da raça miura chamado Islero, um evento que deixou a
Espanha em virtual estado de choque.
O golpe fatal foi na cidade de Linares, em 28 de
agosto de 1947. O general Francisco Franco, ditador da Espanha, ordenou três
dias de “luto nacional”, durante os quais hinos fúnebres eram ouvidos no radio.
Atualmente essa prática está sendo abolida, a
magnifica “Plaza de Toros”, em Barcelona foi transformada em um Shopping
Center.
Se desejar ver essa versão em formatação, acesse o site: http://sergrasan.com/toninhovendraminislides