Historiadores
afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100
milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número
chegava cinco milhões.
Atualmente,
calcula-se que apenas 400 mil ocupam o território brasileiro, principalmente em
reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo.
Porém, muitas
delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o
homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.
Os que
habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura que era
praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a queimada para limpar o
solo para o plantio.
Domesticavam
animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não
conheciam o cavalo, o boi e a galinha.
As tribos
possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O
contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias
de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum.
Faziam
objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que respeitam
muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua
sobrevivência.
Com a madeira,
construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações, a palha era utilizada
para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era
muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral.
Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as
cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.
Entre eles
não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e
recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um
índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os
instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade
individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão
por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita
e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados da caça e a pesca.
Duas figuras
importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote
da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses.
Ele também é
o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças, faz também
a pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na
cura. O cacique, também é importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois
organiza e orienta os índios.
Os pequenos
costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o
pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprenda. Portanto,
a educação indígena é vinculada à realidade da vida da tribo. Quando atinge os
13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na
vida adulta.
Os primeiros
contatos com os portugueses foram de estranheza e de certa admiração e
respeito. Quando começaram a explorar o pau-brasil das matas, davam espelhos,
apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho.
Interessados
nas terras usaram a violência contra os índios para tomar as terras, chegavam a
matá-los e até mesmo transmitir doenças para dizimar as tribos e tomar as
terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no
pequeno número de índios que temos hoje.
Achavam-se
superiores e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A
cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira.
Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo
e fazê-los seguirem a cultura europeia. Foi assim, que aos poucos, os índios
foram perdendo sua cultura e também sua identidade.
O POEMA DE UMA RAÇA
Do Cacique ao Pajé, o desaparecimento
de uma cultura e identidade.
Índio brasileiro
Pataxó de nascimento
Penacho na cabeça
Corpo avermelhado
No dia do descobrimento
Suas terras foram
tomadas
Sem dó e nem piedade
Pela volúpia do homem
branco
Em um tempo de incertezas
Nas reservas e isolados
Perderam suas
identidades
Seus costumes, raízes e
cultura
Não vivem mais da caça
e da pesca
Transformaram-se em artesões
De roceiros a
curandeiros vendendo ervas nas ruas
Hoje recebem esmolas
dos homens brancos
Que compram suas
bugigangas
Vendem a sua imagem
Aparecem na foto
Sorriem pelo dinheiro
recebido
E o turista envaidecido
Mostrará o retrato atual
do índio brasileiro