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quarta-feira, 26 de março de 2025

EMBORNAL DE PANO E O FORD BIGODE


Embornal de Pano

 E O FORD BIGODE



Assistindo a um noticiário televisivo que conclamava as pessoas a prestigiarem a inauguração de um museu de carros antigos, minha mente divagou por caminhos ainda não percorridos. Entrei em uma máquina do tempo, guiando minha memória por entre cenários que misturavam, por acaso, uma obra divina com personagens de ficção e realidade. Pensei naquilo que é imutável e na inevitável passagem do tempo.

Na velha garagem da família, que abrigava itens em desuso, enxerguei uma verdadeira relíquia: um portentoso e valente Ford Bigode, que pertencera ao meu avô Tonella. Ali, entre as inúmeras quinquilharias amontoadas, ele repousava coberto por um encerado adornado com teias de aranha. Retirei a cobertura e, fitando seu interior com atenção, lembrei-me de um dia, na infância, em que, sob a repreensão de meus pais, escondi no banco traseiro pequenas relíquias tão características dos meninos daquela época. Perguntei-me, com certa inquietude, se estariam ainda lá.

Aproximei-me da junção entre o banco de couro e o encosto. Com cautela, enfiei a mão, apalpando o espaço até sentir aquele tesouro guardado – ainda lá, protegido por aquele querido embornal.

Explorando seu interior, percebi o farfalhar dos papéis. Trouxe-os à luz do tempo e, com a alegria de menino, contemplei aquelas relíquias. No primeiro pacote, amarrado com barbante, estavam figurinhas de jogadores de futebol. O destaque era para Baltazar, herói corintiano do Campeonato Paulista do IV Centenário, cuja figurinha carimbada era um verdadeiro luxo, difícil de encontrar. No segundo pacote, imagens de artistas de cinema – primeiro, Frank Sinatra, o “olhos azuis” da famosa canção My Way. Depois, Marilyn Monroe, uma musa encantadora que povoava os sonhos inenarráveis da juventude da época.

Enquanto limpava o embornal, lembrei-me com ternura de sua origem: fora costurado pelas hábeis mãos de minha mãe, fruto de seus magníficos retalhos, já que era uma exímia costureira.

Foram lembranças de um tempo que não volta mais. Assim, entre fios e memórias, pintamos as cores de nossa vida.

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EMBORNAL DE PANO E O FORD BIGODE

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