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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Insensata Mordaça

 A INSENSATA MORDAÇA


 
As Forças Armadas Brasileiras adquiriram grande poder político após a vitória na Guerra do Paraguai. A politização das instituições militares ficou evidente com a Proclamação da República, que derrubou o Império e teve continuidade mais acentuada com a Revolução de 1930.

As tensões políticas voltaram à tona na década de 1950, quando importantes círculos militares se aliaram a ativistas de direita, em tentativas de impedir que os presidentes Kubitschek e Goulart tomassem posse, devido ao suposto alinhamento com a ideologia comunista.

O Regime Militar no Brasil foi autoritário e governou o país de 1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985. A implantação da ditadura começou com o Golpe de 1964, quando as Forças Armadas derrubaram o governo constitucional de Goulart, e terminou quando Sarney assumiu o cargo de presidente, com a morte de Tancredo Neves.  

No período ditatorial, a repressão se instalou imediatamente após o golpe de Estado.  As associações civis contrárias ao regime eram consideradas inimigas do Estado, portanto, passíveis de serem enquadradas. Algumas foram reprimidas e fechadas, seus dirigentes presos e suas família vigiadas.

As greves de trabalhadores e estudantes foram proibidas e passaram a ser consideradas crime. Muitos cidadãos que se manifestaram contrários ao novo regime foram indiciados em Inquéritos Policiais Militares. Os considerados culpados eram presos, processados, alguns expulsos do país e outros, simplesmente, desapareceram.

  

 

A Insensata Mordaça

 

 

Uma crise se instalou.

Povo assustado!

Revolta estudantil.

Para mudar o País.

 

A força da caserna se apresentou.

Avistou-se um castelo branco nas nuvens negras.

Caminho intolerante e obscuro.

 

 

Quebrou-se a caneta, destruiu-se o papel.

As amarras prenderam a boca.

Lenço forte apertado!

Músculos oprimindo o pensamento!

A voz está muda.

 

O pranto desaba na face.

Molha o lenço e reforça as amarras!

Um suspiro sai das entranhas.

Um gemido preso pela dor.

 

Um Hino Nacional não cantado.

A vontade de gritar se faz presente.

 

Suplício da voz de uma paixão.

Um pensamento patriótico acalenta o momento.

 

Uma viagem forçada para terras distantes.

Abajo, abajo, abajo.

A alma se purifica e acrescenta beleza.

O pranto foi embora.

 

O retorno foi consagrado.

Ao berço esplêndido esperado.

Vem das profundezas da alma.

Uma palavra chamada liberdade.

 

 

 Poema dedicado a um amigo que foi exilado durante o regime.

 



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