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quinta-feira, 12 de abril de 2012

VIAJANTE DOS MARES

CADIZ - ESPANHA

O mar é um lugar fértil para o surgimento de mitos e lendas. Parte se deve a imaginação dos velhos marinheiros, que depois de aposentados da árdua lida com as águas, vão habitar longínquos vilarejos de pescadores e contam aos meninos e rapazes, sempre naquelas noites frias ao redor de uma fogueira, “estorias” sobre monstros, criaturas marinhas e fantasmas que assombravam as noites nos oceanos.

Quando menino assisti a um filme que contava uma lenda sobre a figura mítica de Odisseus em sua trágica desventura no retorno a ilha de Ítaca, talvez tenha sido o primeiro a sofrer a fúria e as paixões das terríveis criaturas. Nessa narrativa, houve o famoso episódio das sereias, que com seus cantos, cheios de feitiços, tragavam os homens e suas almas para o fundo do mar.

Odisseus de forma sábia pediu aos seus deuses, para que solucionasse rápidamente aquele enigma, e como resposta, manda que sua tripulação tampe os ouvidos com cera de abelhas para que não ouvissem o canto temeroso das sereias e, com isso, não se jogassem ao mar.

Para demonstrar que tudo não se passava de uma lenda, pediu que o amarrassem no mastro principal sem a cera nos ouvidos, com isso ouve o belo e fatal canto das sereias sem sofrer as consequências, deixando os marinheiros livres e soltos e com vontade ferrenha em prosseguir a viagem.

Desta forma, as superstições mitos e lendas, habitam esse espaço mágico entre a realidade e a imaginação, sendo que eu mesmo, em uma travessia atlântica, saindo de Veneza para o Brasil, comecei a fitar esse panorama em uma das noites em mar aberto no convés do navio.

Contemplando e fixando para aquele horizonte sem fim, onde o mar se encontrava com o céu, comecei a imaginar que os antigos navegadores temiam que a embarcação, ao chegar perto do horizonte, cairia em um precipício, acabando com suas existências, e assim sendo, não se aventuravam muito além de poucas milhas.

Tudo isso, naquele momento, trouxe à minha mente sublimes reflexões, com o oceano embalando os meus sonhos, fazendo o meu corpo descansar no devaneio de suas ondas, trazendo uma inspiração para a composição de um poema...



UMA NOITE NO CONVÉS


Mar aberto em águas profundas

Vista resplandecente em caminhos oceânicos

Brisa fresca no ar

Cheiro de perfume na noite

Sensações amoldadas em corpo de sereia

Cabelos esvoaçantes ao vento arredio

Canto melodioso e entontecedor

Tormentas enfurecidas

Fervor e ópio no sangue

Tempestade de amor


Um comentário:

sogueira disse...

Tudo é show Antônio, desde as fotos aos escritos.

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